20 de novembro: Dia da Consciência Negra é marcado por poucos eventos

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Em 1995 o então prefeito Hidelbrando Canabrava Rodrigues sancionou a Lei 3.010, que dispõe sobre a comemoração do “Dia Municipal da Consciência Negra”, em 20 de novembro, de autoria do vereador Márcio José Bernardes. Pela lei, o município deve registrar oficialmente a data, promovendo atividades que contribuam para reflexão sobre a realidade e a cultura negra municipal, estadual, no Brasil e no mundo.

A oficialização da data da Consciência Negra, em lembrança ao dia de morte do líder Zumbi dos Palmares em 1695, só aconteceu em 2011 em âmbito nacional. Muito antes, desde os anos de 1970, movimentos negros e de comunidades afrodescendentes já comemoravam o 20 de novembro e promoviam debates acerca do racismo e sobre a luta pela inserção do negro na sociedade brasileira.

Em Itaúna, a lei que instituiu a Semana da Consciência Negra no calendário oficial do município é de 2014 e de autoria do ex-vereador Léo Bala.

Cultura e participação política

Das poucas lideranças negras de Itaúna, a vereadora Edênia Alcântara (PDT) conversou com o Jornal S’passo e manifestou seu descontentamento diante da falta de protagonismo dos negros na cidade, sobretudo nas questões da cultura e participação política, com evidente distanciamento do poder público. 

Para Edênia, a cidade não tem o que celebrar, mas os caminhos de resistência são muitos e seu gabinete “Nós Por Nós” está programando, de forma independente, o “I Encontro Encrespa Pedra Negra” (ver programação a seguir), para comemorar o 20 de Novembro. 

“Estamos tentando, há mais de um mês, junto à Gerência de Cultura, estabelecer parceria para algumas atividades e não conseguimos. A gente percebe a falta de interesse do executivo em apoiar ações que sejam direcionadas a suprir essa falta”, disse. As críticas da vereadora são também para a cultura afro-itaunense que, segundo ela, está totalmente abandonada. Edênia lembra a situação do Reinado, grande patrimônio cultural e religioso, que ela afirma ter ficado subvalorizado ao longo dos anos. “O meu olhar passa muito por essa questão, principalmente, sobre a forma com que essas ações vêm recebendo apoio, no caso nenhum. Também a dificuldade que a população preta e os seus grupos têm em organizar esses eventos, que deveriam ser apoiados pelo município e não são”, diz.

Reconhecer-se como racistas 

Na avaliação da vereadora, mãe, negra e periférica, como gosta de dizer, o dia 20 de novembro tem um significado especial em 2021 porque completa 50 anos da primeira comemoração da data. Porém, admite que temos muito que avançar, primeiramente porque as pessoas precisam se reconhecer como racistas em falas, gestos, ao se olharem e, também, nos seus micro-preconceitos do dia a dia, ou seja, os preconceitos velados. “É necessário que a população reconheça que o racismo existe, o preconceito existe e que é um trabalho não somente do povo preto, mas também da população não preta, dos espaços, principalmente daqueles que fazem atendimento às pessoas. Esse é o primeiro passo para a gente lutar, conseguir construir uma sociedade sem preconceito e sem racismo”, ressaltou.

Encrespa Itaúna!

O 1º Encontro Encrespa Pedra Negra aconteceu neste sábado (20), das 16h às 19 horas, no espaço Culture, na Avenida Jove Soares, 2.205, bairro Pio XII. Houve shows com Val do Cavaco, Tia Elsa, Camila Kasmyn, DJ Poetry, Maíra e Gabriel, PHS e DJ Cris Vieira e Marina Frontin. Stands com profissionais da beleza negra e roda de capoeira também foram construídos. 

Clube FM 93,5 | Conexão FM 106,5

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