Médicos do hospital ameaçam greve por atraso de salários no Plantão 24 horas

Secretário de Saúde Fernando Meira afirma que recursos municipais estão sendo repassados, mas que Hospital está com acúmulo de dívidas e outros problemas financeiros

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Na tribuna da Câmara, na reunião dos vereadores, na terça-feira (29), o médico Alessandro Bao Travisani colocou em dúvida a continuidade do Plantão 24 horas, no Hospital Manoel Gonçalves. Com salários atrasados desde janeiro, médicos plantonistas poderão entrar em greve a partir do dia 24 de abril e até se demitirem inviabilizando o serviço do pronto socorro de Itaúna. Ele anunciou que falava em nome da Delegacia Seccional do Conselho Regional de Medicina e dos médicos plantonistas do serviço.

O médico contou que a Secretaria de Saúde do município informou que tem repassado os valores de custeio da prefeitura para a manutenção do serviço e que  a direção do Hospital Manoel Gonçalves alega que houve alterações no repasse de recursos do Sistema Único de Saúde, além de outras situações administrativas que precisam ser esclarecidas.

Na Câmara, o médico sugeriu que os vereadores convoquem o secretário de Saúde Fernando Meira de Faria e a direção o hospital para uma reunião pública a fim de esclarecer a situação e solucionar o problema. Somente os vereadores Antônio de Miranda (PSC) e Kaio Guimarães (PSC) comentaram a fala do médico na tribuna. Para eles, a situação é muito grave e exige que providências sejam tomadas.

Fernando Meira: desequilíbrio

O secretário de Saúde Fernando Meira esclareceu à reportagem do Jornal S’PASSO que essa situação de déficit de caixa do Hospital vem acontecendo há alguns meses, apesar de os repasses dos governos municipal, estadual e federal estarem sendo feitos em dia. As contas não estão fechando e está havendo um desequilíbrio entre receitas e despesas, que tem provocado a situação desconfortável e preocupante no hospital. O médico e secretário destacou que o hospital tem acúmulo de dívidas bancárias, a situação vem se agravando cada vez mais e isso impacta nas receitas porque essas dívidas são amortizadas na produção tanto das AIH’s, Autorização de Internação Hospitalar, do SUS, quanto da Unimed. Sem essas receitas, a situação econômica do hospital fica comprometida.

“Temos feito reuniões frequentemente com a direção do Hospital procurando soluções e temos em mente que são necessárias algumas medidas emergenciais. A direção do Hospital tem consciência que não pode ficar tão dependente dos recursos da Prefeitura, tem que haver projetos internos que possibilitem caminhar com mais independência. E isso já está sendo feito com diversas ações com o propósito de aumentar receita e também de reduzir despesas. Essas medidas são para longo prazo, e eles precisam de algo emergencial”, ponderou o secretário.

Parceria com a Prefeitura

Fernando Meira explicou que há um esforço da direção do Hospital e do poder público com estudo de uma subvenção temporária para o Hospital. Essa talvez seja a solução mais viável, principalmente porque eles pretendem envolver outras prefeituras, especialmente da microrregião, e assim buscar uma forma de socorro temporário. Essas ideias vão depender também de disponibilidade financeira e orçamentária dos municípios.

Direção do Hospital fala de dificuldades financeiras e pede ajuda

A direção do Hospital Manoel Gonçalves encaminhou ao Jornal S’PASSO resposta acerca do pronunciamento feito pelo médico Alessandro Travisani na Câmara Municipal terça-feira (29). Os esclarecimentos reproduzem, de certa forma, a fala do secretário de Saúde Fernando Meira de Faria à reportagem. A situação operacional e orçamentária da instituição, mesmo após a pandemia da Covid-19, continua sem incentivos financeiros, mas manteve as mesmas despesas. Não há, desde 2008, reajuste da tabela dos procedimentos do governo federal destinados aos serviços do hospital. “A defasagem chega a 200% em relação aos preços de mercado e a Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira está no limite das condições orçamentárias e operacionais”.

A direção da instituição afirma que lida com valores abusivos cobrados por laboratórios de insumos elementares como Equipamentos de Proteção Individual, oxigênio, materiais médicos e medicamentos. E, também, a mudança na data de transferência do pagamento do Fundo Nacional de Saúde aos hospitais para o dia 10 de cada mês, causou enormes transtornos nas contas.

A direção do Hospital solicitou ao governo municipal socorro financeiro, que foi atendido prontamente e será encaminhado à Câmara Municipal sob forma de projeto de lei de abertura de crédito especial. Esse pedido de ajuda também foi feito à Prefeitura de Itatiaiuçu.

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