Que história é essa?

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Onde cê vai é logo ali!

Sílvio Bernardes

Cês num acredita que até hoje tem gente que usa nomes e lugares do passado, que nem existem mais, como referência para dar informações? Mais que informar, essas narrativas desinformam, confundem muito mais do que um GPS desregulado ou um Waze falsificado.

Esturdia, como diz o outro, vi um “sô” Zé fazendo isso ali na Praça da Matriz. Até sentei para ficar assuntando a conversa do véinho com uma moça, uma mulher assim sacudidona, cheia de maquiagem, cheirosa e de roupas coloridas. A muié perguntou onde ficava tal lugar.

 – Uai, sá, é fácil demais. Cê desse aqui essa  rua do Bemge… não, é mió aqui pela Silva Jardim, essa ali. Sabe a Agência Eustáquio?

– !!!!

– o Center Chope, a Bomboniere, a Petisqueira…  a Petisqueira, cê sabe, né?

– Ah, acho que eu sei (mentira, sabia nada).

– Vai descendo, passa pela casa do Zé Santiago, desce mais, pula pra calçada da casa do Joãozinho Lima e caminha até o armazém do Serafim. Ali, na pracinha do Guimarães, da loja do Marcelo e do Luiz, cê para, não atravessa a Estrada de Ferro não… Cê vai ver um colosso de carroceiro parado – ês tá tudo com o burro na sombra, como diz o outro kkkk –, esperando carreto, que pode ser do Guimarães memo ou do Antóim Marques, que é por ali tamem.

A prosa poderia ir longe se não fosse a impaciência da muié, que saiu balançando a cabeça, as pulseiras e os brincos, vociferando alguma coisa do tipo “cada doido que a gente encontra”. O “sô” Zé ficou ainda um tempo falando sozinho até que se deu conta de que a moça sacudidona, perfumada e cheia de cores dos pés à cabeça, tivesse cascado fora dali, queimado chão, dado o pira.

Fiquei pensando que o “sô” Zé poderia ter mostrado outros lugares à moça desinformada, oferecido outras opções, do centro da cidade, tipo assim falado pra ela da loja Cinderela, da Casa Áurea, ou da Safira Presente, tudo na Silva Jardim mesmo. Perto do Correio tem a loja do Abelardo e o Bar do Zé Preto. Mais pra cima, na mesma e imponente rua dos desfiles de carnaval e da parada de sete de setembro, tem a Cobal, a loja do Aristeu e do Meroveu, a Joia Discos e Fitas  e o Bar Predileto. Mais em riba, depois da praça, tem a Quinota, a loja da Bernardina, a loja do Paulino Pereira de Assis, do lado do posto do Galvão. Mais adiante tem o restaurante Rodoviário, a Chopita, o bar do Miranda, o Bar Azul, o Buraco do Tatu, o Cine Rex…  Tem ainda a rodoviária, o bar Automóvel Clube e, de novo, o Bemge. Tem muita coisa pra ver e ir na praça, sô, embora eu não sei onde a moça queria mesmo ir.

Mas, como diz o outro: “quando a gente não sabe para aonde vai, qualquer caminho serve”.

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