Na Lagoinha ou no Boulevard o Pau de Gaiola vai brincar
O “Pau de Gaiola”, que até há poucos dias era o pivô de uma polêmica envolvendo a Secretaria de Cultura e Turismo, a Polícia Militar e moradores da proximidade da Praça da Lagoinha, é o nome de um bloco caricato do Carnaval de Itaúna. Ele veio, em 1981, para substituir o tradicional bloco de sujos “Farrapos da Lagoinha”, de longínquas memórias, e compor com a “Banda Suja” o cordão dos sem-fantasia.
O bloco não tem registro oficial, nem alvará, nem ata e muito menos uma diretoria constituída. Suas lideranças informais não sabem dizer com certeza quem foram os criadores da agremiação há mais de 40 anos. O Afonso Silva e o Delmar Parreiras são os responsáveis hoje. São eles, sempre, os chamados para representar o ‘Pau’ nas reuniões e quando o pau quebra eles tiram seu time de campo… “porque nosso negócio é divertir”, se esquiva Delmar, que se diz, apenas, “um simples folião do Pau de Gaiola”.
Tudo começou ali pelos arredores do Bar Sandoval 24 Horas, na Praça da Lagoinha, onde se reuniam os foliões do “Farrapos”, sob a liderança do Walter Marques da Silva, o “Grilo da Lagoinha”, com um grupo de amigos, que bebiam juntos em trajes invertidos: homens vestidos de mulher e mulheres com roupas masculinas. Era um tempo em que havia diferenças mais evidentes nesses vestuários. O povo gostou desse ‘enxame’ e em pouco tempo o “Pau de Gaiola” virou uma multidão de pessoas, a maioria jovens estudantes, de Itaúna e das repúblicas que abrigavam os universitários da Universidade. A Praça da Lagoinha ficou pequena e as adjacências, as ruas Dr. José Gonçalves, Antônio de Matos, Marecha Deodoro também abrigaram aqueles foliões improvisados, cheios de energia, energético, cachaça e otras cositas más. Foi desta forma que o Pau de Gaiola virou tradição. Talvez um ou outro lembra dos primeiros foliões do bloco: Bachola, Cláudio Colchão, Pacote, Afonsinho, Marquinho da Edméia, Tulão, Capitão Caverna, Dalcinho, Lu Cabeleireiro, Delmar, Mute, Manoel Alegria, Isabel, Chininha, Aninha Pércope, Tininha, Ângelo Matos…
O ‘Pau’ é livre e os foliões vão brincar onde houver espaço
Delmar faz questão de afirmar que por mais que o “Pau de Gaiola” tenha crescido, ele é do povão e suas raízes remetem às tradições do carnaval popular, com as marchinhas, os frevos e o axé. É um carnaval para toda a família, onde as pessoas são livres para transitarem por todos os espaços, tomando sua cerveja, sua cachacinha…
A enquete do Joe deu ‘Pau’ na Lagoinha
Delmar lembra que foi realizada uma enquete pela Secretaria de Cultura e Turismo, leia-se Joe, e que maioria das pessoas votou pela continuidade do “Pau de Gaiola” na Praça da Lagoinha. “Se a Prefeitura mudou de ideia e transferiu a festa para o Boulevard, por questões de segurança e conforto, a tendência é que haja uma adesão das pessoas, embora muitos foliões vão continuar se encontrando na Lagoinha e se abastecendo no Bar Sandoval como sempre fizeram há mais de 40 anos”, afirma.