Antiga chaminé da Itaunense será demolida ante a promessa de construção de uma maquete para “preservar sua memória”

A justificativa para destruição do patrimônio histórico é que ela oferece perigo de desmoronar

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O anúncio da demolição da histórica chaminé da Cia. Industrial Itaunense, feito através de release pelo Grupo J. Mendes,  proprietário do imóvel da antiga fábrica de tecidos, tem dividido opiniões na cidade, até mesmo de moradores das imediações da construção, no centro de Itaúna, que afirmam não querer a derrubada da torre de tijolos. Centenária, a chaminé da Companhia é tombada pelo patrimônio histórico através do Codempace – Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Cultural Artístico e Ecológico de Itaúna. Muitas pessoas acreditam que não há necessidade de jogar ao chão a chaminé da fábrica, mas tentar recuperar já que, segundo as informações dos proprietários e do próprio Codempace, parte de sua estrutura está comprometida e oferece risco para quem passa nas imediações.

Na nota encaminhada à imprensa, o Grupo J. Mendes informa que foi provocado pelo Codempace, que em reunião extraordinária, em 11 de janeiro de 2023, decidiu que “a chaminé está em um estado precário de conservação, visto que não há manutenção. Os tijolos, em sua parte superior, já não possuem um rejunte viável, fazendo com que eles caiam inesperadamente, o que vem a prejudicar a segurança das pessoas que por ali circulam”.  Por meio de fotos e vídeos encaminhados ao Conselho constatou-se risco de queda, até com rachadura na estrutura do imóvel, além de ser “alvo de vândalos”.

Mediante situação foram providenciados ART – Anotação de Responsabilidade Técnica, Licença de Demolição junto à Prefeitura e interdição parcial da via pública, da rua Zezé Lima, próxima à chaminé.

Decisão unilateral

Alguns gestores culturais, membros e ex-integrantes do Codempace, afirmaram à reportagem que mais uma vez a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, responsável pela direção do Conselho, toma as decisões sem uma consulta ampla e referenda a destruição de um patrimônio histórico do município.

O texto do grupo J. Mendes para a imprensa afirma que o Codempace solicitou e os empresários irão atender que, “para o resgate e preservação da memória histórica”, a chaminé será lembrada por meio de maquete representativa, acrescida de um memorial descritivo de sua história. Seria um prêmio de consolo. Para os conselheiros, isso é patético e, até surreal. É como se amanhã o patrimônio histórico de Ouro Preto fosse jogado ao chão e em seu lugar os detentores do poder público e da iniciativa privada colocarem fotografias e maquetes de como eram os casarões do período colonial. Um deles até lembrou de um verso do poeta Carlos Drummond de Andrade, que diz: “Itabira é apenas uma fotografia na parede/ mas como dói”.

Projeto do shopping naquele imóvel é uma incógnita

O Jornal S’PASSO encaminhou mensagem ao responsável pela Diretoria de Pessoas da J. Mendes, Marcelo Oliveira, questionando a empresa acerca de um antigo projeto para o imóvel da Cia. Industrial Itaunense. Ali, em 2014, numa área de 5.050 metros quadrados, estava projetada a construção de um shopping center, com três subsolos e três pavimentos, e de um hotel, com 96 unidades habitacionais e área para eventos, com espaço de 28.450m². No projeto das obras, apresentado ao Codempace, a chaminé seria preservada, embora ficasse escondida.

Na sequência do encaminhamento do release do grupo J. Mendes à imprensa, Marcelo Oliveira, afirmou que a empresa informará oportunamente sobre os empreendimentos imobiliários previstos para o local.

Secretário de Cultura não se pronuncia

Procurado pela reportagem para falar da polêmica e das denúncias feitas pelos conselheiros de que novamente não foram ouvidos em suas demandas, o Secretário de Cultura, Ilimane Lopes, o Joe, não respondeu a mensagem.

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