Câmara derruba ‘Moção de Aplausos’ “ao povo brasileiro” por atos em favor da democracia

Mirinho fala na Tribuna da Câmara, cobra um posicionamento mais firme dos parlamentares e afirma que se o golpe tivesse dado certo “nenhum de nós estaria aqui”

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Os vereadores derrubaram por 10 votos a 4, e duas abstenções, no início dessa semana a  proposta de  “Moção de Aplausos ao Povo Brasileiro”, em agradecimento “pelos seus atos em defesa da democracia no Brasil”, de autoria da vereadora Edênia Alcântara (PDT). A proposição, que mereceu tratamento especial de grupos de esquerda da cidade, com participação recente de grande número de pessoas em reuniões dos vereadores e pronunciamentos na Tribuna da Casa, denunciava a ação de “golpistas” no dia 8 de janeiro em Brasília e ataques violentos à democracia. Houve a intenção de entregar ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, como representante de um dos três poderes que combateram as ações de grupos da direita ainda sob a orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a Moção de Aplausos dos itaunenses.

Na apreciação da matéria no legislativo, os vereadores que votaram contra usaram da palavra para  dizer que são favoráveis à democracia e, até, contrários a ações terroristas, embora acreditam que somente uma CPI poderá investigar quem realmente as comandou e delas participou diretamente. Vereadores como Antônio de Miranda (PSC), Kaio Guimarães (PSC), Gustavo Dornas (Patriota) e Márcia Cristina (Patriota), justificaram que a ‘Moção de Aplausos’ é incisiva e acusa pessoas pelos atos em Brasília, inclusive itaunenses, antes mesmo de um julgamento e que a Câmara não poder fazer juízo de valor. “Não somos poder judiciário”, argumentaram.

Ex-presidente Bolsonaro, foragido da Justiça

A vereadora proponente, Edênia Alcântara, voltou a afirmar que a democracia esteve e está ameaçada por grupos de direita que seguem ainda o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), “que foi derrotado nas urnas e que hoje é um foragido da Justiça, mas que segue orquestrando mentiras nas redes sociais”. Também o ex-presidente do legislativo, Alexandre Campos (União Brasil), defendeu a Moção e disse que todos os políticos com mandato ali presentes foram eleitos por causa da democracia.

A votação em plenário

A favor: Edênia Alcântara (PDT); Alexandre Campos (União Brasil); Antônio de Faria Júnior (PL), o Da Lua; e Leonardo Alves (Podemos).

Contra: Carol Faria (Avante), Antônio de Miranda (PSC), Aristides Ribeiro (PSC), Ener Batista (União Brasil), Giordane Alberto (PV), Gustavo Dornas (Patriota), Joselito Gonçalves (PDT), Kaio Guimarães (PSC), Márcia Cristina e Silvano Gomes (PDT).

Abstenções: Gleison Fernandes (PSD) e Lacimar Cezário (PSD), o Três.

Mirinho: “É lamentável”

Após a votação, o ex-vereador Geraldino de Souza Filho, Mirinho, militante do PT, usou a Tribuna Livre para, mais uma vez, falar da democracia e acusar os “atos golpistas” perpetrados pela direita de várias partes do país no dia 8 de janeiro em Brasília. “É lamentável. A democracia é um bem muito caro para todos nós e ela existe à custa de muita luta e de vidas que se perderam em sua defesa. É lamentável que numa cidade como a nossa, de quase 100 mil habitantes, chamada de Cidade Educativa, poucas pessoas e políticos se levantem para defender a democracia”, afirmou. Ele acusou diretamente a omissão dos vereadores na defesa dessa democracia e na condenação aos “atos terroristas de 8 de janeiro” e afirmou que se a democracia não existisse nenhum político seria eleito pelo voto popular. “Nenhum de nós estaria aqui se não fosse a democracia. Vocês foram eleitos pelo voto popular, muitas pessoas morreram em nome da defesa da democracia”, lembrou.