Rejeitada por 14 votos a 2 a proposição que cria a Semana da Diversidade LGBTQIA+

Vereadora Edênia, autora do projeto, afirma que foi agredida verbalmente por populares contrários à matéria; na galeria estava presente um dos homens indiciados por crime de racismo contra ela

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A derrota do projeto de lei que institui a Semana da Diversidade LGBTQIA+, dedicada a combater o preconceito, de autoria da vereadora Edênia Alcântara (PDT), na tarde de terça-feira (11), promoveu barulho na galeria do Legislativo com a presença de populares que defendem e que são contrários à proposição. Os opositores ao projeto de lei portavam cartazes onde estavam palavras contrárias ao que chamam de doutrinação e influência para as crianças: “Deixem nossas crianças fora das causas de gênero!!!” e “Ativismo e Doutrinação não”.

A proposição, rejeitada por 14 votos a 2 – somente a autora Edênia e o colega Alexandre Campos (União Brasil) votaram favoráveis – é mais um instrumento de combate ao preconceito. Em nenhum momento, a matéria que propõe a realização de palestras e outros meios de divulgação das ações contra o preconceito e em favor da diversidade, fala em influência ao comportamento de crianças, como argumentou o vereador Kaio Guimarães (PSC), evangélico e conservador, alegando que não sentia seguro quanto à aplicação da lei.

A Semana da Diversidade LGBTQIA+, proposta pela vereadora, seria desenvolvida anualmente no mês de junho, contando com uma programação ampliada e específica, “visando combater todo tipo de preconceito contra a comunidade LGBTQIA+ de nossa cidade”. As atividades seriam desenvolvidas em parceria com vários órgãos do município, como as instituições de ensino, de saúde e de segurança pública, com propagandas e palestras estimulando o respeito à diversidade em nosso município.

“Não quero ser mais uma Marielle, vou continuar lutando”

Depois da rejeição do projeto, a vereadora subiu à tribuna do plenário e queixou-se de mais uma vez ser combatida em sua luta para defender pautas sociais do município e, principalmente, não ter o apoio dos colegas quando é “questionada e ameaçada” por integrantes da galeria. A vereadora afirmou que entre os populares presentes estava um dos homens que foi indiciado na semana passada por crime de racismo contra ela.

“Ver este homem aqui causou-me pânico e toda as agressões que venho sofrendo vieram à tona. Eu não quero perder a vida, não quero ser uma outra Marielle, mas vou continuar lutando. Tenho orgulho de ser a primeira mulher preta favelada que tem por pautas as lutas por políticas públicas em defesa das minorias, que para mim, são maiorias”, posicionou.

Edênia Alcântara, em sua fala, faz referência à vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro em 2018, por causa de suas lutas em favor dos menos favorecidos. O assassinato dela e de seu motorista ainda permanece cercado de várias perguntas principalmente sobre os mandantes.