Instrumentista Ralfe de Souza comemora a declaração do Chorinho como patrimônio cultural do Brasil

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O choro, ou chorinho, musicado pelo conjunto de bandolim, flauta, violão 7 Cordas, pandeiro, cavaquinho e clarinete em rodas por todo o país, foi declarado Patrimônio Cultural do Brasil, o que significa ser reconhecido como parte da cultura e da história do país. A decisão do registro do gênero musical genuinamente brasileiro foi tomada por unanimidade, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, presidido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Inicialmente, o pedido de reconhecimento foi apresentado pelo Clube do Choro de Brasília, pelo Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro, pelo Clube do Choro de Santos (SP) e por meio de abaixo-assinado. A partir do reconhecimento, o gênero será registrado no Livro das Formas de Expressão do Instituto, que reúne as manifestações artísticas em geral.

Atualmente, além do choro, o Brasil tem outros 52 bens imateriais registrados como Patrimônio Cultural pelo Iphan, entre eles o frevo, a roda de capoeira e o maracatu.

Itaúna, além de inúmeras manifestações artístico-culturais, conserva historicamente o choro como uma de suas performances musicais. O Jornal S’PASSO conversou com um dos expoentes da música instrumental de Itaúna, Ralfe de Souza, sobre o choro e outras habilidades artísticas. Com mais de 25 anos de experiência o multi-instrumentista, professor, produtor, diretor, arranjador, e compositor itaunense, tem suas raízes embasadas no choro, como também no samba, nas serestas e nas músicas folclóricas e regionais, onde busca sempre aprimorar e divulgar seu trabalho. Ele é filho do sambista Hélio de Souza e Carmem Lúcia. Já excursionou pela Europa com o grupo Zabumbrasil no show “Embarque Imediato”, acompanhando vários artistas, como os pianistas Marie Claire Heins e Luc Marrin; o trompestista jazzista Davi, entre outros. Participou de shows e festivais sempre tocando e valorizando a música brasileira. Atualmente desenvolve seu trabalho em parceria com o pianista e acordeonista Guilherme Guimarães, com quem gravou um álbum de choro.

A descoberta para a música, especialmente o choro

Desde muito novo sempre apresentei facilidades para música; os instrumentos já me despertavam curiosidades, as combinações sonoras sempre me chamavam atenção. Meu pai tocava em casa juntamente com alguns amigos e eu fui crescendo neste meio, via as pessoas tocar e, com uma variedade enorme de instrumentos circulando na minha frente, fui aprendendo de uma forma bem informal mesmo, bem lúdica. Depois, quando eu já tocava, um amigo do meu pai e hoje meu amigo também, José Flávio Alves, mais conhecido como Flavinho, me apresentou o chorinho levando os discos para eu ouvir e aprender. Assim, se deu minha entrada no chorinho.

As influências em sua arte

Minhas influências foram do meu pai, primeiramente, por ter sido ele quem me apresentou a este mundo; o Sr. Antônio Mariano, vulgo Antônio Navalha, que me ensinou muitos macetes; Flavinho; Sr. Iraci Santos. Tive influência dos discos do Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Villa Lobos, Waldir Azevedo, Tom Jobim, Sivuca e, principalmente, Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Dino 7 cordas, Hamilton de Holanda, Rogério Caetano, Gian Correa, Gilson Verde, Valter Silva etc.

O dia a dia do artista

A vida de artista desconhecido no Brasil não fácil, aliás, no mundo. É preciso muita dedicação, muito estudo; bons instrumentos são muito caros. Eu vivo e sobrevivo somente da música e com muito orgulho; faço shows, produções de shows, dou aula de música e faço gravações também. Tudo requer muito estudo. Mas é muito prazeroso.

O significado do Choro como patrimônio brasileiro

 O chorinho sempre esteve presente em minha vida e ter este reconhecimento é muito importante porque é o primeiro estilo musical genuinamente brasileiro. Já deveria ter sido reconhecido há mais tempo, mas antes tarde do que nunca. Sou um defensor deste estilo musical desde que comecei a tocar w, quem acompanha minha trajetória sabe disso.