Justiça determina transferência de paciente em 24h, mas já se passaram quase 48h e nada foi feito

Família continua na luta vida de Ana Flávia há mais de uma semana

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No início desta semana, o Jornal S`PASSO denunciou o caso da paciente Ana Flávia Ferreira Barbosa, que está internada no CTI do Hospital Manoel Goncalves e precisa de transferência urgente para um hospital da grande BH para realização de exame de cateterismo e, na sequência, realizar uma angioplastia, que é um procedimento médico que trata obstruções nas artérias coronárias, aumentando o fluxo de sangue para o coração. Ela apresenta diagnóstico de ataque cardíaco desde a última sexta-feira (18), quando deu entrada à unidade de saúde. Nos dias seguintes à infarto, o quadro dela se agravou, evoluiu para pneumonia, o que a levou para o CTI.

A denúncia ganhou grande repercussão após a irmã de Ana Flávia, compartilhar vídeos nas redes sociais pedindo socorro, e denunciar também uma possível negligência médica, após identificar que sua irmã, entubada, estava com larvas na boca. Segundo Roberta Kelly Ferreira, a equipe técnica do hospital não realizou a higienização na boca de sua irmã, ocasionando miíase oral, que é uma infecção causada por larvas de moscas que pode ocorrer em pacientes com higiene bucal deficiente, respiração bucal e falta de selamento dos lábios. “Isso é um grande descaso e negligência. Cadê a enfermagem por amor? Cadê a medicina por amor?”(s.i.c), denunciou a irmã da paciente, revoltada, em vídeo.

Após a negativa da transferência e o agravamento do quadro de Ana Flávia, a família acionou a justiça que determinou na última quarta-feira, 23, que o Estado deveria transferi-la de Hospital de forma gratuita em 24h. No entanto, já se passaram quase 48h e decisão não foi cumprida.

Irmã de paciente diz que Hospital mentiu sobre surgimento de larvas

Ao Jornal S`PASSO, Roberta Kelly, irmã de Ana Flávia, afirmou que o Hospital Manoel Gonçalves mentiu na primeira versão dada a um veículo de comunicação, alegando que “sua irmã já teria sido admitida com larvas no corpo”.

Roberta contestou a alegação e mostrou à reportagem evidências como fotos com datas que mostram o antes e o depois do surgimento das larvas, o prontuário médico indicando que o aparecimento ocorreu em 21 de outubro, quatro dias após a internação, além de um Boletim de Ocorrência registrado junto à Polícia Militar. Ela também apresentou fotos que mostram o piso da Sala Vermelha sujo e inclusive com um objeto parecido com um cateter, no chão.

A irmã da paciente disse que procurou informações junto equipe técnica do Hospital, bem como amigos médicos, que confirmaram que “após o depósito dos ovos pela mosca varejeira, o tempo médio para eclosão e transformação de larvas é de 24h”.

“Tecnicamente e cientificamente é impossível que minha irmã tenha chegado ao hospital com as larvas, que apareceram após quatro dias de internação. Eu acompanhei todo processo, minha irmã sofreu infarto, foi atendida pelo SAMU e não era acamada”, relata.

Roberta Kelly informou que a advogada Dra. Valéria Aparecida De Souza, está cuidando do caso de “negligência médica” na esfera jurídica. “Nós estamos buscando todos os direitos da minha irmã, tanto na esfera estadual, quanto na municipal. Tudo isso que está ocorrendo é desumano e vamos comprovar”, finaliza.

Hospital se defende das acusações de possível negligência

Após as acusações de negligência por parte do Hospital, a reportagem do Jornal S`PASSO entrou em contato com a provedoria, que afirmou que o caso está sendo investigado através de sindicância do Hospital e que consta no prontuário da paciente a higienização conforme preconizado pelo protocolo hospitalar.

“As larvas eclodiram dois dias após a internação da paciente e o prazo normal para a eclosão, após postura dos ovos, é entre 4 a 5 dias sugerindo que a mesma foi hospitalizada já possuindo os ovos em questão. A paciente chegou ao Hospital já entubada e a limpeza é extremamente dificultada, uma vez que coloca a vida da paciente em risco se não for priorizado a permanência do tubo de respiração”.

Ainda segundo o Hospital, todo o cuidado está sendo dispensado à paciente inclusive, assim que houve a disponibilidade de vaga no CTI local ela foi transferida imediatamente.

“O Hospital não possui o serviço de exame de cateterismo. A paciente foi regulada no Sistema SUSFácil e é de responsabilidade da Central de Regulação de Divinópolis buscar a vaga para o atendimento. Neste caso, cabe ao Hospital Manoel Gonçalves cuidar da paciente mantendo-a, enquanto a transferência não for realizada”, diz Hospital em nota.