Promotoria de Defesa do Patrimônio Cultural emite parecer sobre acervo da Biblioteca Municipal

Denúncia ao Ministério Pública foi oferecida pela vereadora Márcia Cristina (PP), após fiscalização às dependências da biblioteca, quando estava em reforma

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A Biblioteca Pública Municipal Engenheiro Osmário Soares Nogueira, instalada em um prédio tombado na Rua Zezé Lima, atravessa uma crise que expõe o delicado equilíbrio entre preservação do patrimônio cultural e a gestão pública. A reforma do telhado da biblioteca, iniciada em março de 2023, seguiu atrasada até agosto de 2024, o que causou danos ao acervo e à estrutura do imóvel, gerando indignação da comunidade e acionamento do Ministério Público. 

Com investimento inicial de R$ 141.732,21 e previsão de conclusão em três meses, as obras deveriam solucionar problemas estruturais, incluindo infiltrações e melhorias no espaço interno. Contudo, a empreiteira HR2 Construções e Consultoria foi notificada diversas vezes devido à lentidão e à negligência com a obra e o acervo da Biblioteca. 

Com informações de possível dano ao patrimônio cultural do município, foi criada uma comissão especial na Câmara para apurar as denúncias. A acusação foi feita pela vereadora Márcia Cristina Santos (PP), que visitou o local, e disse ter encontrado livros jogados no meio dos serviços de reforma, sem nenhuma proteção. Muitos desses livros, obras raras e publicações de escritores itaunenses, estão mofados, rasgados, sujos e alguns são irrecuperáveis.  

A vereadora encaminhou denúncia, acompanhada de vídeos e fotos ao Ministério Público e, após um ano, a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Cultural e Turístico do Ministério Público emitiu um parecer técnico, relatando a destruição parcial de 60 livros de um acervo de 25 mil exemplares.

Além dos livros danificados, denúncias revelam falhas graves na proteção do acervo durante a reforma. Os exemplares foram transferidos para o Espaço Cultural Adelino Pereira Quadros, onde permanecem encaixotados em condições inadequadas.   

Ao Jornal S’Passo, vereadora Márcia Cristina Silva Santos destacou que a biblioteca foi reinaugurada e que as obras foram finalizadas com algumas ressalvas, dentre elas a de que o acervo presente no espaço reformado, não corresponde à recomendação do Ministério Público.  

“Eu como vereadora e cidadã acho absurdo se perder livros por falta de cuidado, mas principalmente responsabilidade. Acredito na justiça e espero que os culpados sejam duramente responsabilizados”. 

Ministério Público em ação

A edificação da Biblioteca, datada da década de 1920, já foi residência e sede de uma transportadora antes de ser adquirida pelo município e transformada em biblioteca. O tombamento do prédio, realizado em 2006, garantiu a proteção legal, mas a atual situação expõe falhas na preservação.