A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Itaúna anunciou um novo recurso para auxiliar os atendimentos dos assistidos pela instituição: um robô chamado Maria T21. A nova tecnologia será mais uma das ferramentas para auxiliar no acompanhamento das crianças com deficiência intelectual, múltipla e autismo, já que esse público responde muito bem aos estímulos proporcionados pelo uso desse tipo de tecnologia.
Uma das habilidades do robô é projetar jogos educativos em uma mesa ou no chão e interagir com as crianças, enquanto elas realizam terapias tradicionais.
Geórgia Stefânia Duarte Chaves Mendonça, superintendente da APAE, revelou ao Jornal S’Passo que o robô Maria T21 foi adquirido por meio de um projeto financiado com recursos de emendas impositivas dos vereadores de Itatiaiuçu, cidade que também é atendida pela entidade.
“Essas emendas possibilitaram a compra do equipamento, trazendo inovação para os atendimentos da APAE. Além disso, as emendas impositivas destinadas pelos vereadores de Itaúna têm sido fundamentais na manutenção da equipe de profissionais da área da saúde, garantindo a continuidade e a qualidade do atendimento prestado.”
A superintendente da APAE explica ainda que a ideia da aquisição surgiu durante a busca por projetos inovadores que pudessem ser implementados com os recursos disponíveis. Inicialmente, considerou-se a compra de um Parque Multidisciplinar, mas, devido ao alto custo, optou-se pela Maria T21, que se mostrou uma alternativa viável e promissora para auxiliar no desenvolvimento de quem é atendido pela APAE.
“Durante as negociações, um vendedor que havia conhecido a Maria T21 na exposição ExpoTEA sugeriu a tecnologia. Ele apresentou a APAE de Itaúna ao criador da Maria, João Panceri, que estava desenvolvendo o robô em seu doutorado na Universidade Federal de Vitória. Após reuniões e estudos, a APAE decidiu apostar nessa inovação, tornando-se pioneira na utilização desse recurso no Brasil”, explica.
Um sonho realizado
O robô Maria T21 é um recurso inovador, criado para auxiliar em terapias psicomotoras, psicossociais e cognitivas para crianças com síndrome de Down, TEA e outros transtornos do desenvolvimento. Ele utiliza jogos sérios, projetados no chão ou na mesa e também interage com as crianças através de falas programadas, promovendo estímulos motores, cognitivos, emocionais e afetivos. O Jornal S’Passo esteve na apresentação do robô, quando foi possível observar que crianças com dificuldades de interação abraçaram o robô e participaram ativamente das atividades, demonstrando um impacto positivo imediato.
Geórgia que é mãe de um jovem com deficiências múltiplas, comprometimentos severos e não verbal, explica que “sempre me pergunto como a tecnologia pode ajudar pessoas como meu filho, principalmente na comunicação. Muitas vezes, é difícil entender o que ele sente, se está com dor ou o que deseja expressar. A Maria me fez sonhar com um futuro onde a inteligência artificial possa ajudar pessoas não verbais a se comunicarem de forma mais clara. Imagino um dia termos um robô capaz de interpretar sinais do cérebro ou padrões de comportamento e transformá-los em voz, permitindo que pais e cuidadores compreendam melhor as necessidades e emoções de seus filhos. Esse é um sonho de mãe, mas também uma visão para o futuro da inclusão”, relata.
Pessoas atendidas
A APAE de Itaúna atende mais de 500 pessoas, abrangendo todas as idades e ciclos de vida, desde bebês até idosos. A instituição trabalha em três grandes áreas: Educação Especial, com atendimento pedagógico para crianças e adolescentes; Saúde, com atuação da equipe multidisciplinar para avaliações e tratamentos; e Assistência Social, com apoio e desenvolvimento social para os atendidos e suas famílias.
A APAE sobrevive por meio de parcerias com o poder público, projetos via leis de incentivo fiscal e doações da comunidade. Um dos principais programas que garantem a continuidade dos atendimentos na área da saúde é o PRONAS/PCD, do Governo Federal. A APAE já executou três projetos por meio desse programa e tem um quarto projeto aprovado, com previsão de início em agosto, possibilitando a ampliação da equipe.
Os repasses do município têm sido fundamentais para a manutenção da APAE, e a instituição continua buscando novas formas de financiamento para garantir a continuidade e o crescimento dos serviços.
“Apesar dos esforços, a demanda continua crescendo, gerando filas de espera tanto para avaliação quanto para atendimento na área da saúde. O desafio é garantir não apenas a ampliação do número de atendimentos, mas também manter a qualidade do serviço prestado, considerando que se trata de um serviço especializado e de alto custo”, explica a direção da entidade.
A robótica na inclusão
A eficácia da robótica na inclusão e no desenvolvimento de pessoas com deficiência já é estudada em diversas áreas. Segundo pesquisadores, a robótica tem um papel social crescente, com robôs que melhoram a qualidade de vida de pessoas com deficiência.
Além disso, a APAE de Serra Talhada (PE) já participou de um estudo recente com o TEAbot, um robô social para intervenção com crianças com deficiência, o que reforça o potencial dessa metodologia.