Mais uma reunião foi realizada esta semana para discutir o contrato com a ViaSul e o pedido da empresa para reajustar a tarifa de transporte de R$ 6,50 para R$ 7,80. O prefeito Gustavo Mitre (Republicanos) se reuniu com a equipe técnica da Prefeitura e os membros da Comissão de Transportes da Câmara, afirmando que sua intenção é reduzir o valor da passagem para R$ 4,50 e implementar outras melhorias para os usuários, incluindo a proposta de fixar a tarifa em R$ 1,00 aos domingos.
“O objetivo das negociações é encontrar uma solução que promova uma tarifa mais acessível e, ao mesmo tempo, garanta a qualidade do transporte coletivo para a população”, garantiu Mitre.
Em entrevista ao Jornal S’Passo, o vereador Wenderson da Usina (NOVO), presidente da Comissão de Transportes da Câmara, disse que as discussões ainda estão em estágio inicial, mas que todos os participantes tiveram a oportunidade de expor suas preocupações e propostas sobre a gravidade do problema, a urgência e as possíveis soluções.
“Abordamos pontos fundamentais, como a necessidade de realizar um novo estudo técnico, bem fundamentado, transparente, com acompanhamento público e auditoria independente.”
A Comissão de Transportes destacou a importância de tratar com seriedade o pedido de reequilíbrio financeiro solicitado pela empresa, mas de forma justa e condicionada a contrapartidas reais. “Ressaltamos a urgência de garantir o cumprimento dos horários e itinerários, a renovação da frota com veículos seguros e bem conservados, e a implementação de um aplicativo em tempo real para que os usuários possam se programar e fiscalizar o serviço.”
O vereador também mencionou que, durante a reunião, foi discutida a valorização dos motoristas, assegurando melhores condições de trabalho e respeito aos seus direitos e a importância de abordar a percepção de valor da população em relação à tarifa, que, atualmente, não corresponde ao serviço entregue.
“O usuário precisa sentir que o que paga compensa pelo serviço de qualidade. Por isso, deixamos claro que o reequilíbrio financeiro não pode ser tratado de forma isolada — ele precisa vir acompanhado dessas contrapartidas essenciais.”
“Todos os estudos colocados na mesa”
Questionado se a Comissão especial da prefeitura e a da Câmara estão levando em consideração o estudo realizado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET), que concluiu que a tarifa em Itaúna deveria ser de R$ 6,52 para evitar o déficit, Wenderson afirmou todos os estudos e relatórios feitos até o momento estão sendo avaliados: “Não só o estudo do CEFET, mas vários outros aspectos precisam ser discutidos. Precisamos de uma visão ampla e multidisciplinar, que envolva exemplos de outras cidades, fundamentos jurídicos em defesa do cidadão itaunense e uma avaliação econômica atualizada.”
O vereador destacou também a necessidade de considerar as mudanças no comportamento da sociedade pré e pós-pandemia, que impactaram diretamente o uso do transporte público. “Não podemos ignorar os fatores sociológicos que fizeram com que muitos usuários deixassem de usar o transporte coletivo ao longo do tempo.”
Por fim, o presidente da Comissão da Câmara afirmou que todo o processo não será fácil nem rápido, e que ainda está em discussão, precisando ser amadurecido com a contribuição de vários envolvidos. “O que jamais pode faltar é o compromisso com o cidadão itaunense, com o respeito ao seu esforço diário, que se transforma em impostos e merece retorno à altura. O nosso foco é claro: fazer com que o transporte público deixe de ser um peso e se torne um serviço digno, eficiente e justo, como a população merece.”
Canal de Denúncias
O vereador repassou ao Jornal S’Passo o primeiro canal de denúncias referente à prestação de serviços da empresa ViaSul. Wenderson afirmou que vem recebendo vídeos e denúncias desde 2023, o que motivou a criação de um canal oficial por meio do número de seu gabinete. Nesse canal, a população pode denunciar, via WhatsApp, problemas como atrasos, descumprimento de horários, estado de conservação dos coletivos e condutas inadequadas dos profissionais. Os cidadãos podem enviar fotos, vídeos e reclamações para o telefone WhatsApp (37) 99962-6541.
Ex-Vereadores sinalizam caminhos para a municipalização do transporte público e aplicação do “Tarifa Zero”
A recente manifestação de ex-vereadores da cidade de Itaúna trouxe à tona a discussão sobre alternativas para melhorar o transporte coletivo municipal, com propostas como a municipalização do serviço e a implementação do programa “Tarifa Zero”. Durante as sessões da Câmara, diversas vozes têm se levantado, preocupadas com o preço elevado das tarifas e a qualidade do serviço prestado à população.
O ex-vereador Geraldino de Sousa Filho, conhecido como Mirinho, da 27ª Legislatura (2001-2004), se posicionou a favor da implementação do programa “Tarifa Zero” para o transporte coletivo de Itaúna. Durante uma recente reunião, Mirinho parabenizou os vereadores pela decisão de retomar os encontros às 17 horas, mas fez um alerta sobre a atual situação das tarifas de transporte público. Ele solicitou que o Executivo Municipal se empenhasse na criação de alternativas para a redução do custo do transporte, como o “Tarifa Zero”, que visa tornar o serviço acessível à população sem onerar os passageiros.
Mirinho também fez um apelo para que o prefeito de Itaúna ouvisse não apenas os servidores da administração, mas também representantes da população, garantindo que as medidas a serem tomadas favorecessem, de fato, a comunidade. “O município não pode continuar subsidiando os empresários do setor, enquanto a população paga um preço elevado pelas passagens”, afirmou.
Outro ex-vereador, João José Joaquim de Oliveira, que fez parte da 23ª Legislatura (1983-1988), também manifestou preocupação com a alta tarifa do transporte coletivo e sugeriu a municipalização do serviço. Para ele, a solução seria criar uma autarquia responsável pelo transporte, nos moldes do Saae, que gerencia o abastecimento de água em Itaúna. João José destacou que a municipalização não significaria transporte gratuito, mas sim uma forma de garantir tarifas mais justas e de impedir que empresas privadas lucrem excessivamente às custas da população.
Segundo o ex-vereador, Rubens Lessa, proprietário da Viasul, é um homem muito poderoso, e se o município vir a encerrar o contrato com empresa, “com certeza ele ganha na justiça para voltar, e volta mais forte”. João considera que somente com a municipalização, o contrato poderia ser encerrado.
“Um exemplo da força desse empresário é que foram feitas muitas análises e inclusive instaurada uma Comissão que apurou irregularidades e descumprimento do contrato, mas ele não foi rescindido”.
Ele questionou o atual modelo de concessão do transporte, lembrando que, nas últimas licitações, apenas empresas ligadas ao proprietário da Via Sul, o Sr. Lessa, têm participado e vencido o processo, deixando outras possíveis empresas fora da disputa.
“Respeito muito, a opinião do ex-vereador Mirinho, no entanto acredito que uma tarifa zero seria inviável, mas uma passagem a dois reais manteria com toda a certeza o pleno funcionamento dos coletivos e o pagamento dos profissionais para operar o sistema, que seria de total responsabilidade do município”, declarou.
Desafios da Municipalização
Ao Jornal S’Passo, o vereador Wenderson da Usina, presidente da Comissão de Transporte da Câmara, disse que os ex-vereadores “são grandes itaunenses” que, assim como ele, compartilham o desejo de ver uma cidade melhor e mais justa.
“Lutamos pelo mesmo objetivo: garantir respeito e dignidade aos usuários do transporte público. A única diferença está nas visões que cada um de nós tem sobre como resolver esse problema. O que não muda é a urgência. Sabemos que os usuários de ônibus em Itaúna não aguentam mais a situação precária, e é por isso que precisamos de soluções rápidas e efetivas”, considerou.
Apesar das propostas de mudança, o debate sobre a viabilidade da municipalização não foi unânime. O vereador Rosse Andrade (PL), alertou sobre os altos custos envolvidos em uma possível municipalização. Segundo ele, seria necessário um investimento público de cerca de R$50 milhões de reais, um valor que, de acordo com o parlamentar, não é viável, dado o cenário de inflação e desemprego que afeta a economia brasileira e, consequentemente, os cofres municipais.
O presidente da Câmara, Toizinho do Sô João, também se mostrou cético em relação à proposta, destacando que, atualmente, a frota de transporte coletivo de Itaúna conta com mais de 50 veículos, o que exigiria um investimento superior a R$20 milhões de reais apenas para a aquisição de novos veículos, sem considerar os custos com pessoal e manutenção. “Com a previsão de recessão econômica e diminuição das receitas nos próximos anos, a municipalização neste momento parece inviável”, concluiu.
A participação ativa da comunidade nas reuniões da Câmara Municipal tem sido um fator crucial para que as discussões sobre o transporte público ganhem visibilidade. A questão da tarifa e da qualidade do serviço de transporte continua a ser um tema central para o município, e a pressão por mudanças deve se intensificar nos próximos meses.