Esta semana, a Biblioteca Pública Municipal Engenheiro Osmário Soares Nogueira, foi cenário de um evento cultural marcado por poesia, memórias e emoção. Familiares, amigos e admiradores se reuniram para o lançamento do livro Rapsódias, obra póstuma do poeta e jornalista Vicente Parreiras, que completaria 102 anos este ano.
Com entrada gratuita e classificação livre, o evento foi aberto à comunidade e atraiu um público diversificado, unido pelo apreço à literatura e pelo carinho ao autor. A publicação reúne poemas — sobretudo sonetos — escritos por Vicente ao longo de diferentes fases da vida, com temas como o tempo, o amor, a finitude e a natureza, em uma linguagem refinada e profundamente sensível.
A sessão de autógrafos contou com a presença da escritora Ninfa Parreiras, filha do autor e responsável pela organização do livro. Reconhecida por sua produção literária voltada oara o público infanto-juvenil, Ninfa compartilhou com os presentes os desafios e as emoções do processo editorial: “a edição demorou muito tempo porque tinha um lado afetivo muito forte. Quando a gente pegava o material, vinha muita saudade, muita emoção. Foram mais de 20 cadernos manuscritos e textos publicados em jornais, e eu precisei da ajuda de uma profissional para transcrever e organizar esse material com cuidado, respeitando a métrica e a linguagem única do meu pai.”
Durante o lançamento, momentos de comoção marcaram a celebração. As três filhas de Vicente prestaram homenagens ao pai, lembrando sua trajetória de vida, sua dedicação à cultura e a presença amorosa na família. Amigos próximos e familiares também deram depoimentos emocionados, relembrando episódios marcantes da convivência com o autor, sua generosidade e seu envolvimento com Itaúna.
Vicente Parreiras, nascido em 1923 em Crucilândia e radicado em Itaúna desde a infância, foi comerciante, professor, jornalista, fitoterapeuta e homeopata. Atuou por décadas na imprensa local, além de manter intensa atuação cultural e educativa. Autodidata, era também um estudioso das práticas naturais de cura e mantinha um profundo vínculo com a vida rural, que permeia boa parte de sua obra.
Segundo Ninfa, a organização do livro também permitiu redescobrir aspectos da infância e da sensibilidade do pai: “Alguns textos têm um quê infantil, um olhar que lembra a criança que ele foi e que todos carregamos. Isso tocou muito em mim, como escritora e como filha. Meu pai também era muito envolvido com ações sociais e com a natureza. Esses elementos aparecem o tempo todo nos poemas.”
Ao final do evento, ficou evidente o desejo dos familiares de dar continuidade à preservação da obra de Vicente Parreiras. “Temos muito mais material guardado. Esse livro foi um esforço grande, mas valeu cada etapa. Queremos publicar mais volumes e manter viva a memória dele”, afirmou Ninfa.
O livro Rapsódias está sendo vendido pela Editora Caravana, a um valor simbólico de R$ 60,00, como forma de tornar a obra acessível e fortalecer os laços afetivos que ela carrega.
“O lançamento de Rapsódias não foi apenas a apresentação de um livro — foi um reencontro com a palavra, a memória e o afeto de um autor, um pai e um amigo, cuja presença continua viva nas páginas que deixou”, finalizou Ninfa.
