
O Hospital Manoel Gonçalves de Souza Moreira, publicou nota oficial em resposta às críticas feitas pelo prefeito de Itatiaiuçu, Romer Soares, na semana passada. Na ocasião, o chefe do Executivo itatiaiuçuense questionou publicamente o atendimento no Pronto-Socorro do hospital, sugerindo suposto descaso e má gestão no acolhimento de pacientes da região.

Na nota de esclarecimento, o hospital explica que os atendimentos seguem rigorosamente os critérios estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde, incluindo a triagem dos pacientes conforme o Protocolo de Manchester – método internacionalmente reconhecido, que classifica os atendimentos conforme a gravidade dos casos.
“Esclarece-se aos usuários do Pronto Socorro do Hospital Manoel Gonçalves, que o atendimento realizado é feito conforme determinação do SUS. Isso inclui seleção dos pacientes por gravidade utilizando o Protocolo de Manchester”, diz a nota.
O documento detalha que, após a triagem e consulta médica, o paciente é submetido a exames para diagnóstico. Caso haja disponibilidade de leitos e a enfermidade possa ser tratada no próprio hospital, a internação é realizada de imediato. Caso contrário, o paciente é inserido no sistema SUS Fácil e aguarda transferência para outra unidade hospitalar.
O Hospital também reconhece a atual sobrecarga no sistema e admite que, devido ao excesso de atendimentos, pacientes podem aguardar em corredores até a liberação de vagas, mas reforça que todos são atendidos, medicados e monitorados conforme necessidade.
“Essa situação não é única do Hospital de Itaúna, mas em várias outras instituições de saúde”, pontua a direção.
Como parte das ações para melhorar o atendimento, o Hospital Manoel Gonçalves informou que já possui uma planta de expansão do Pronto-Socorro aprovada pela vigilância sanitária e aguarda apenas a liberação de recursos para início das obras.
A nota termina com uma reafirmação de compromisso com a legalidade e isonomia no atendimento aos pacientes:
“O Hospital não pode privilegiar atendimentos por pedidos pessoais, passar paciente na frente de outro por nenhum motivo, nem receber do paciente por serviços prestados, sendo auditado diariamente por funcionários do SUS e fiscalizado pelo Ministério Público, podendo responder inclusive criminalmente por procedimentos indevidos.”
Vereadores reagem a críticas: “Romer deveria construir um hospital, em vez de vir a público atacar o Manoel Gonçalves
Durante sessão na Câmara, o vereador Alexandre Campos fez duras críticas, tanto ao prefeito de Itatiaiuçu, Romer Soares, quanto à administração municipal de Itaúna, ao comentar a atual situação do Hospital Manoel Gonçalves. As declarações ocorreram após a publicação da nota oficial do hospital, que refutou as alegações do prefeito sobre suposta recusa de atendimento a pacientes do município vizinho.
Segundo Alexandre, a crise financeira da instituição é histórica, mas a atual é “a maior que o hospital já enfrentou”. O vereador apontou como principal fator a defasagem da tabela do SUS, que não é atualizada desde 2008, agravando o desequilíbrio nas contas da entidade. Ele também atribuiu responsabilidades à própria classe política local.
“A culpa não é dos provedores, nem dos administradores do hospital. A culpa é do SUS, é dos vereadores e do prefeito também”, disparou Alexandre, lembrando que o hospital acumula um déficit mensal de cerca de R$ 500 mil.
O parlamentar afirmou ainda que, somente em 2024, o então prefeito Neider Moreira teria deixado de repassar cerca de R$ 6 milhões ao hospital. A instituição, segundo ele, não consegue sequer gerar receita suficiente para quitar o empréstimo contraído recentemente com o objetivo de manter os pagamentos da equipe médica em dia. Alexandre também criticou a prioridade dada a outras pautas pela Casa Legislativa. “Os vereadores preferem dar subsídio para a ViaSul, em vez de pensar em sanar o prejuízo do Hospital”, declarou.
Sobre as críticas vindas de Itatiaiuçu, o vereador foi enfático ao defender a instituição itaunense: “o prefeito de Itatiaiuçu deveria construir um hospital próprio, em vez de vir a público atacar o Manoel Gonçalves, que tem atendido como pode, dentro da legalidade e com recursos escassos.”
Diante da gravidade da situação, Alexandre fez um apelo para que os vereadores se unam em diálogo com o prefeito, Gustavo Mitre, na tentativa de encontrar uma solução viável para cobrir os prejuízos mensais da instituição.
Apesar do cenário adverso, o vereador demonstrou confiança na atual gestão do hospital. “Eu acredito que, em 18 meses, o atual provedor é capaz de regularizar a saúde financeira da entidade”, concluiu.
Também se manifestando sobre o tema, o vereador Lacimar Cezário reforçou a urgência de uma articulação institucional mais ampla. Ele sugeriu que a Comissão de Saúde da Câmara provoque a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, com o objetivo de mobilizar o Legislativo estadual em torno da causa. “Precisamos levar essa situação para além dos muros da cidade. A Assembleia precisa tomar ciência dessa crise”, disse Lacimar.
O parlamentar defendeu ainda que o próprio Secretário de Estado da Saúde seja convidado a visitar o Hospital Manoel Gonçalves, para verificar de perto a gravidade do cenário e contribuir com soluções concretas para o saneamento das contas da entidade.
Prefeito de Itatiaiuçu volta a criticar Hospital Manoel Gonçalves após morte de bebê: “Hoje, meu coração está pesado”
A morte trágica de um recém-nascido no Hospital Manoel Gonçalves reacendeu críticas por parte do prefeito de Itatiaiuçu, que voltou a manifestar publicamente sua indignação com a instituição. Em um vídeo emocionado, o chefe do executivo lamenta a perda e cobra providências, destacando a necessidade urgente de mudanças no atendimento da instituição.
“Hoje, meu coração está pesado ao lamentar a perda de uma criança no Hospital Manoel Gonçalves. Como ser humano, e não apenas como político, sinto a dor dessa tragédia que afeta profundamente nossa comunidade”, declarou.
Segundo ele, a situação exige uma revisão séria das condutas e políticas de atendimento, não apenas no hospital em questão, mas em todo o sistema de saúde regional. “Precisamos olhar para isso com urgência e compaixão, revisando nossas ações para que situações assim não se repitam”, afirmou, em tom de apelo.

Parlamentares reagem com indignação após morte de bebê durante o parto
Em meio à dor e ao clamor por justiça, o episódio reacende o debate sobre a humanização do atendimento
Sobre os temas relacionados ao hospital, a reunião da Câmara foi marcada também por duras críticas e comoção dos vereadores, após a denúncia de uma possível negligência médica na instituição, que teria resultado na morte de um recém-nascido durante o parto no último domingo (27). A situação, que mobilizou a opinião pública nas redes sociais, teve forte repercussão entre os parlamentares.
De acordo com o relato feito pela avó do bebê, a parturiente teria passado várias horas em trabalho de parto nas dependências do hospital, sendo encaminhada para uma cesariana apenas no fim da tarde. Segundo o depoimento emocionado da mulher, houve insistência da família para que a cesárea fosse realizada mais cedo, sem sucesso.
Durante a sessão, os vereadores não esconderam a indignação com o ocorrido. O vereador Kaio Guimarães afirmou que a denúncia será levada ao conhecimento da Polícia Civil, do Ministério Público e do Conselho Regional de Medicina. “Se houver responsabilidade médica ou administrativa, ela precisa ser punida. Não podemos tolerar que vidas sejam perdidas por omissão ou erro”, declarou.
A vereadora Márcia Cristina também lamentou o caso, colocando-se à disposição da família e cobrando celeridade na apuração dos fatos. “Essa tragédia não pode ser esquecida. Precisamos garantir que outras famílias não passem pela mesma dor”, afirmou.
Outro posicionamento contundente veio do vereador Dalmo Assis, o “Dalminho”, que destacou a estrutura moderna da maternidade inaugurada recentemente no Hospital. “Não faz sentido termos equipamentos de ponta e, ainda assim, casos tão graves como esse acontecerem. É inaceitável e precisa ser investigado com rigor”, disse.
Já o vereador Antônio José de Faria Júnior, o “Da Lua”, se pronunciou dizendo que está colaborando com a Comissão de Saúde da Câmara para acompanhar de perto o andamento das investigações. “Nosso papel é cobrar, fiscalizar e garantir que os responsáveis, caso comprovada falha, respondam de forma exemplar”, afirmou.
O caso gerou ainda mais repercussão após circular nas redes sociais um vídeo gravado pela avó do bebê, no qual ela acusa diretamente o hospital de negligência e afirma que o neto só foi levado à cirurgia quando já não havia mais sinais de vida. Ela também denuncia que a criança morta permaneceu no quarto com a família até a manhã do dia seguinte.
Procurada, a direção do Hospital Manoel Gonçalves informou que o caso será apurado internamente e que a instituição se solidariza com a dor da família.