Criminalidade na área invadida atrás da Cooperativa: favelização da região preocupa comerciantes 

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A ocupação irregular localizada atrás da Cooperativa, na Rua Virgílio Corradi, no bairro Universitário, se tornou um centro de tensão e insegurança. Moradores e comerciantes da região classificam a área como uma “nova favela”, com registros crescentes de crimes graves e recorrentes, incluindo tráfico e uso de drogas, furtos, roubos, sequestro, violência doméstica e até tentativa de homicídio. 

A invasão teve início de forma tímida ainda na gestão do ex-prefeito Osmando Pereira, ganhou força nos últimos anos e se agravou com a ausência de políticas efetivas para conter a expansão. A área invadida se estende hoje até a MG-050, sobrepondo limites municipais e estaduais.  

A indefinição sobre a responsabilidade da propriedade, que estaria na faixa de domínio do DER por margear a rodovia estadual, atrasou qualquer iniciativa de intervenção. Uma visita prometida por representantes do DER para maio de 2024 sequer foi realizada até hoje, alimentando o sentimento de abandono entre os residentes e trabalhadores da região. 

“Itaúna terá uma favela” 

Empresários locais denunciam os impactos diretos da violência no cotidiano e na economia do bairro Universitário. Um deles, que preferiu não se identificar, afirma que a criminalidade está levando muitos comerciantes a considerar o fechamento de seus negócios. “Se não houver ação do poder público, a região vai se tornar incontrolável. Não se via mais favelas em Itaúna, mas isso voltou com a invasão”, disse. 

O proprietário de uma casa de peças automotivas, explica que diante desse cenário, o bairro Universitário se vê mergulhado em um ciclo crescente de violência e abandono.  

“A favela que se consolidou aqui virou sinônimo de medo e prejuízo, exigindo respostas urgentes do poder público antes que a situação se torne irreversível. As promessas e burocracias já não bastam para conter o avanço da criminalidade que, a cada dia, impõe novas vítimas e mina a qualidade de vida da população e o nosso trabalho”, finalizou o empresário. 

Escalada da criminalidade 

Um levantamento feito pelo Jornal S’Passo aponta que, nos últimos meses, a região tem sido palco de ocorrências alarmante. Os relatos da população são reforçados pelas estatísticas de ocorrências policiais registradas nos últimos meses.  

Um dos casos mais graves ocorreu esta semana, quando um homem foi sequestrado após ser atraído até uma casa para usar drogas. Lá, foi acorrentado, mantido em cárcere e forçado a realizar saques e compras com seu cartão bancário antes de ser resgatado pela Polícia Militar, que prendeu quatro pessoas envolvidas.  

Em outro episódio, um homem foi esfaqueado após tentar forçar um beijo em uma moradora da ocupação. Ele acabou sendo agredido por outros dois homens com antecedentes por crimes diversos.  

A violência também ocorre nas casas invadidas: exemplo disso foi uma ocorrência onde uma mulher foi brutalmente espancada pelo companheiro embriagado, sendo salva apenas pela ação rápida de uma equipe da PM que patrulhava a região. 

O uso e comércio de drogas também se intensificaram no local. A Polícia Militar tem realizado prisões frequentes por tráfico e receptação, como a de um jovem pego com maconha, balança de precisão e um celular furtado, e a de uma mulher reincidente que foi flagrada vendendo crack em plena luz do dia.  

Em uma operação anterior, duas mulheres foram presas com dezenas de pedras de crack e utensílios para preparo e venda de drogas. A região ainda é ponto recorrente para esconderijo de veículos furtados e recentemente houve também o furto de uma motocicleta em plena luz do dia, registrado por câmeras de segurança. Todas estas ocorrências vêm acompanhadas de episódios de arrombamento e subtração de materiais de empresas e residências.