O Trevo do Padre Eustáquio, uma das principais vias de acesso entre o Centro e bairros da região Norte de Itaúna, segue como palco frequente de acidentes — e, cada vez mais, de tragédias. De acordo com levantamento feito pelo Jornal S’Passo, foram registrados 17 acidentes no trecho desde o início do ano. A maioria das ocorrências acontece exatamente no ponto de maior conflito de tráfego: o acesso ao bairro Padre Eustáquio no sentido Centro. Na última semana, um grave acidente resultou na morte de um motociclista, reacendendo as críticas da população e dos vereadores sobre a demora para início da obra de reestruturação prometida pelo Governo de Minas.
Em dezembro do ano passado, uma reunião em Belo Horizonte reacendeu as esperanças de que o problema seria resolvido rapidamente. O vice-governador Matheus Simões (NOVO) firmou compromisso com o ex-prefeito Neider Moreira (PSD) para a destinação de R$ 30 milhões à execução da esperada reforma do trevo. Também participaram do encontro os deputados Cássio Soares (PSD) e Lohanna França (PV), além do vereador eleito Rosse Andrade (PL).
Na ocasião, Matheus Simões deixou claro que o repasse estaria condicionado à municipalização do trecho por parte da Prefeitura, já que o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais não realizaria a obra diretamente. A administração municipal deu andamento às exigências, contratou a empresa Porto Assunção para elaborar o projeto executivo — que já foi aprovado pelo DER-MG.
A obra prevê a construção de duas alças de acesso: uma inferior no sentido bairro e outra superior em direção ao Centro. Na mesma ocasião, o vereador Rosse Andrade, que acompanhou as negociações em Belo Horizonte, reforçou a importância estratégica da intervenção e confirmou que “o custo estimado da obra seria de cerca de R$ 25 milhões, e que o valor restante, caso o repasse estadual seja maior, poderia ser usado em melhorias complementares nas vias próximas”.
Críticas na Câmara
Na reunião da Câmara esta semana, o vereador Lacimar, o “Três”, fez duras críticas com relação a ausência de articulação para tirar a obra do papel. “O que falta é boa vontade política, já que o projeto já está pronto”, afirmou o parlamentar. Lacimar também questionou o que estaria por trás da morosidade. “O vice-governador Matheus Simões (NOVO) não vai mandar um recurso dessa magnitude para uma cidade que não irá apoiá-lo na eleição de 2026 para o governo do estado”, declarou.
Em resposta, o presidente em exercício da Câmara, Gustavo Barbosa, sinalizou que há sim um esforço da atual administração para dar seguimento às tratativas.
“Gustavo Mitre está fazendo diálogos com o Governo do Estado e acredito com toda certeza de que as obras devem ser iniciadas em breve, já que a pauta é um tema de relevante interesse do atual prefeito”, afirmou.
População aguarda soluções concretas
Enquanto as negociações se arrastam e o projeto permanece parado, motoristas e moradores seguem expostos a riscos diários. “A situação no Trevo do Padre Eustáquio já ultrapassou o limite do aceitável, e a cobrança por soluções concretas se intensifica a cada novo acidente — especialmente quando vidas estão sendo perdidas”, enfatizou o vereador Rosse Andrade, que acompanhou as primeiras negociações.
Prefeitura rebate críticas e diz que aguarda liberação de recursos
Em resposta à cobrança do vereador Lacimar “O Três” durante a reunião da Câmara, a Prefeitura de Itaúna afirmou que o atual governo tem mantido constante diálogo com o Estado desde o período de transição, ainda em 2024. “Mesmo antes de assumir oficialmente, o prefeito Gustavo Mitre já havia se reunido com o DER-MG, com o Secretário de Estado de Infraestrutura e com o vice-governador Mateus Simões, solicitando a viabilização do projeto, já aprovado pelo órgão”, informou a administração em nota.
Conforme a Prefeitura, a proposta de construção do trevo foi inicialmente apresentada pela gestão anterior, mas, ao final daquele mandato, nenhuma etapa concreta foi executada. Desde então, a atual administração afirma ter assumido as articulações com o Governo do Estado e parlamentares parceiros, com o objetivo de garantir o repasse e a execução da obra, considerada essencial para a mobilidade urbana e a segurança viária da região.
Ainda segundo a nota, em fevereiro de 2025, já como prefeito empossado, Gustavo Mitre voltou a se reunir com o secretário estadual da pasta para reforçar o pedido de liberação dos recursos. Mais recentemente, em nova rodada de reuniões, acompanhado do deputado Mauro Tramonte, Mitre participou de encontros com a equipe técnica da Secretaria de Estado de Infraestrutura e com a diretoria do DER, reiterando a importância da intervenção.
Medidas paliativas
Enquanto a liberação dos recursos não ocorre, o município adotou medidas paliativas. A Secretaria Municipal de Infraestrutura iniciou intervenções na Avenida Lenhita, que passa sob a MG-431. A via será pavimentada e incluída no plano prioritário da administração como alternativa para reduzir o tráfego de veículos no trecho crítico do bairro Padre Eustáquio.
“O prefeito e sua equipe seguem em articulação técnica e política com o Governo do Estado, o DER e parlamentares parceiros para garantir que a obra seja executada”, conclui a nota da Prefeitura.