Itaúna supera Nova Serrana na geração de empregos

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Analistas avaliam que o momento é de cautela e apreensão, mas que otimismo ajuda a superar a crise

Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, aponta que o Índice de Confiança no setor industrial, cresceu 16,2 pontos, a maior alta da pesquisa, iniciada em janeiro de 2001. Com o desempenho, o indicador atingiu 77,6 pontos, em uma escala de zero a duzentos pontos. Na prática, os últimos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), comprovam que quando a confiança nos setores aumenta, as vagas de emprego também seguem a mesma linha.

Mesmo com a crise enfrentada em decorrência do coronavírus, o cenário de 2020 ainda é positivo. No primeiro semestre de 2020, pode-se observar que de janeiro a junho foram, ao todo, 4.199 admissões e 4.966 desligamentos, resultando em um saldo negativo no primeiro semestre de menos 767 postos de trabalho. Já no ano de 2019, quando não enfrentávamos a pandemia, os números foram positivos, representando no primeiro semestre, 5.432 admissões e 5.089 demissões, gerando um saldo positivo de 343 postos de trabalho.

Apresentando traços de recuperação econômica neste início de segundo semestre, Itaúna segue em lugar de destaque nos dez melhores desempenhos do mês de julho, com saldo de 283 contratações. O setor da indústria, por exemplo, fechou o mês de julho com resultado positivo de 112 empregos, seguido pela construção civil com saldo positivo de 76 vagas de emprego. Em seguida, vêm os saldos positivos do setor de serviços com 51 vagas e o comércio com saldo de 46. Estes resultados, colocam Itaúna em primeiro lugar na geração de empregos em toda a região; na sequência, está o polo calçadista Nova Serrana com 276, Perdigão com 107, Lagoa da Prata com 101 e Divinópolis com um saldo de 86 empregos.

Para saber se a pesquisa condiz com a realidade de Itaúna, o Jornal S’Passo entrevistou dois consultores da área de Gestão Comercial e Industrial na cidade. O consultor de empresas e treinador corporativo, Gusthavo Medeia Xavier, que atua na área de consultoria empresarial há 10 anos, afirma que, em conversa com clientes e consultores de diversos segmentos, pode perceber uma tendência de cautela e apreensão, que tem contribuído para a aversão ao risco, pois o cenário ainda se mostra instável.

“Apesar de ter havido um aumento nos índices de confiança entre abril e junho, este mesmo crescimento é precedido de forte queda no período anterior. As maiores preocupações atuais são quanto a crise política e institucional. A manutenção deste quadro deverá influenciar os ânimos e creio que o índice de confiança do consumidor influenciará diretamente o índice de confiança da indústria, que realmente será posto à prova com o fim dos auxílios para pessoa física e jurídica”, esclarece.

Ainda de acordo com Medeia, tudo indica que a retomada do crescimento será cautelosa e dependerá do desenrolar de alguns fatores, como a estabilização da pandemia, da política e maior acesso ao crédito. “Os bancos estão bastante cautelosos em decorrência do cenário de reformas e planos de recuperação econômica. Já os empresários, aguardam para avaliar melhor o cenário e, se haverá e quando virá a recuperação”, pontua.

Já o especialista em Gestão Empresarial e Marketing, Fabiano Parreiras enfatiza que a economia depende fundamentalmente de confiança e que qualquer melhora no índice da indústria deve ser comemorada. “Na minha atividade de consultoria em Itaúna e região, abrangendo algumas cidades da Grande BH, atendo indústrias que fornecem para setores considerados essenciais e que têm batido recordes de vendas, como o supermercadista e o da construção civil. Para algumas destas empresas, o problema não tem sido encontrar clientes, mas encontrar matéria-prima. Muitos empresários destes segmentos estão passando com otimismo e confiança pelo período da pandemia, o que ajuda a explicar o aumento de pouco mais de 3% no índice de confiança da indústria, registrado em maio”, explica.

Segundo Parreiras, os índices positivos não querem dizer que é um momento de descuidar das contas, acreditando que a economia “vai muito bem, obrigado!”. “Devemos observar, também, que a melhora registrada na pesquisa ocorreu em 10 segmentos dos 19 pesquisados. Ou seja, melhorou para praticamente metade dos segmentos. Além disso, o índice de confiança da indústria vinha enfrentando queda nos meses anteriores. Então, para qualquer empresa que queira manter-se produtiva e competitiva, é recomendável não descuidar dos custos e esforçar-se ainda mais no atendimento ao cliente, neste segundo semestre de 2020”, aconselha.

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