Antigos e novos problemas são os desafios do transporte coletivo de Itaúna

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Cíntia Valadares, responsável pelo setor na Prefeitura, conta que a pandemia tem afetado o serviço e que poder público tem estado atento para evitar maiores consequências

Já vai longe o tempo em que Itaúna era servida por três linhas de transporte coletivo, delimitadas por regiões e com os respectivos nomes de sua maior demanda: Viação Santanense, de propriedade do João Ruela, Viação Senhora de Lourdes, sob o comando do João Morais e Viação Padre Eustáquio, do Geraldo Melado. Era um tempo em que a cidade era pequena, com poucos bairros e um número reduzido de passageiros. Ainda não havia sido formatada essa imensidão de loteamentos e conjuntos habitacionais que trouxeram à cidade os bairros Jadir Marinho, Leonane, Veredas, Antunes, Itaunense, Parque Jardim Santanense, Cidade Nova, Morada Nova, São Geraldo, Santa Edwiges, Murilo Gonçalves, Três Marias, São Bento, Sion, Nova Vila Mozart, Morro do Engenho… ufa!

As linhas de ônibus atendiam o povo com os seus veículos seminovos, velhos e muito velhos. E o povo reclamava da lataria batendo, do estofado quebrado, dos horários, do preço das passagens, da velocidade dos ônibus (hora de mais, hora de menos), da falta de paciência dos motoristas, da lentidão dos cobradores, função que hoje nem existe mais. Os proprietários das empresas – auxiliados por seus filhos e outros parentes – devolviam as queixas com um rosário lamúrias e argumentos pontuando o preço dos combustíveis, a pressão do poder público, a incompreensão dos usuários, as estradas esburacadas, a vida difícil do pequeno empresário. Havia na Prefeitura uma Comissão de Transporte Coletivo (CTC), que administrava a concessão do serviço. E as reuniões que avaliavam as reivindicações de reajuste de passagens e as demandas dos passageiros eram polêmicas, longas e repletas de sons e fúrias. Delas participavam os proprietários das linhas, representantes de sindicatos, dos patrões e dos empregados, vereadores e jornalistas locais. Nas maioria das vezes empresários e usuários não se entendiam e alguns desses saíam insatisfeitos e indignados desses encontros, realizados na Prefeitura, sob a vistas da imprensa e, ocasionalmente, de algum usuário mais atento. Jornais da época apontavam erros nas planilhas, acusavam falcatruas nos negócios, com a complacência dos sindicalistas acusados de pelegos, e criticavam os aumentos no preço das passagens. E havia os que se calavam diante de tudo isso. O tempo passou, a CTC foi extinta e a concessão do transporte coletivo deixou de ser um negócio local e foi encampada por grandes empresários do setor. Foi prometido que o serviço seria modernizado, com ônibus novos, ampliação de linhas, mais conforto, mais segurança…

Itaúna cresceu, aquelas três linhas de lotações do João Ruela, do João Morais e do Melado, não mais atenderiam o progresso da cidade.

Redentor, Morro Alto, Autotrans, ViaSul: as investigações continuam

E vieram as empresas Redentor, Morro Alto, Autotrans, ViaSul, uma de cada vez. Agora a cidade está novamente às voltas com os problemas do transporte coletivo. Há denúncias de descumprimento de horários, de redução de veículos em momentos de maior demanda. Os ônibus estão lotados, os pontos de embarque e desembarque de passageiros repletos, com gente se esbarrando em meio a uma pandemia que nos convida a sair de perto. O legislativo, mais uma vez, interveio e criou uma Comissão Especial para investigar se as denúncias procedem, se a empresa está mesmo em dificuldades financeiras – se ela opera no vermelho –, se os usuários estão sendo penalizados e se existe benevolência por parte do poder público para com os negócios do transporte coletivo. As reuniões da Comissão Especial, formada por Gustavo Barbosa (Patriota), Aristides Ribeiro (PSC), Edênia Alcântara (PDT), Nesval Júnior (PSD) e Silvano Gomes (PDT), estão sendo transmitidas ao vivo pelo canal do You Tube.

Maior problema é a imprevisibilidade por causa da pandemia

A gerente superior de Trânsito e Transportes da Prefeitura, Cíntia Valadares, contou ao Jornal S’PASSO que a concessionária opera o transporte público urbano no município de Itaúna desde dezembro de 2016. E que desde junho de 2019 está com a denominação, em razão social, de “Via Sul”. Ela conta que circulam em Itaúna 43 veículos urbanos, cinco rurais e cinco vans de transporte especial. São 12 linhas da zona urbana e seis das comunidades rurais. Perguntamos se algumas dessas linhas são deficitárias, Cíntia respondeu que se for olhar a questão de usuários, pode-se dizer que as da zona rural sim. Elas operam com número reduzido de passageiros na maioria das vezes e no período da pandemia isso tornou-se mais evidente. E com relação à questão da pandemia, a profissional da Gerência de Trânsito e Transportes explica que por causa das imposições de ondas do programa Minas Consciente, os usuários e a própria empresa têm sido prejudicados porque as informações acerca das alterações de horário do serviço, nem sempre são fornecidas com antecedência. A situação de imprevisibilidade decorrente da pandemia tem causado desconforto e muitas reclamações dos usuários. Na sua opinião, o município tem se esforçado ao máximo para atender o usuário de forma satisfatória e evitar as aglomerações dentro dos ônibus e nos pontos. Valadares diz entender o lado da empresa também que está tendo dificuldades para manter as linhas em atividade com números reduzidos de passageiros. Ela conta que na cidade de Cláudio, a empresa entregou à Prefeitura a concessão devido aos constantes prejuízos.

Terminal de Integração dos ônibus na pauta

O antigo projeto de construção do Terminal de Integração para todas as linhas que circulam em Itaúna continua na pauta, ativo e em estudo nesses tempos de pandemia. Cíntia Valadares diz que a princípio, o terminal seria instalado no centro da cidade, mas devido à mudança da Prefeitura e a dificuldade de um imóvel adequado, o localização está sendo replanejada. A ideia é construí-lo nas proximidades da Prefeitura, da avenida Jove Soares, onde atenderia melhor aos usuários.

“O setor de trânsito e transportes é por si bastante dinâmico e requer bastante atenção. Não se pode falar que as linhas são deficitárias se considerarmos que elas existem e estão em operação periódica e sistematicamente. Mas podemos sim estar atentos e observar onde podemos melhorar”, salientou.

Linha Boulevard

Uma nova linha de transporte coletivo está sendo criada e estará funcionando a partir de segunda-feira (17). A linha Boulevard atenderá as proximidades da nova sede da Prefeitura, no Boulevard Lago Sul e, de acordo com a Gerência Superior de Trânsito e Transportes, a mudança irá proporcionar mais conforto e acessibilidade às pessoas que precisam se deslocar até a Prefeitura para realizarem algum tipo de serviço. Haverá dois itinerários para a nova linha: manhã e tarde.

No itinerário da manhã (saída 6h25min e 7h25min) os ônibus sairão da avenida Dr. Virgílio Gonçalves de Souza, do novo ponto de parada localizado em frente ao Condomínio Murilo Augusto Gonçalves II, no Bairro Recanto das Peixotas. A sequência será: Murilo Gonçalves , Três Marias, Aeroporto, Cidade Nova, Santa Edwiges, São Geraldo, Morada Nova. Aqui os ônibus seguirão pela avenida Manoel da Custódia sentido Piedade até a praça José Flávio de Carvalho. E continuarão pela avenida Jove Soares, Boulevard Lago Sul e Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE). No itinerário da tarde (saída 16h10min e 17h10min) os ônibus irão circular a partir do Boulevard Lago Sul seguindo para o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), avenida Jove Soares, praça José Flávio de Carvalho sentido Piedade. Seguirão pela Avenida Manoel da Custódia, bairro Morada Nova, São Geraldo, Santa Edwiges, Cidade Nova, Aeroporto, Três Marias, Murilo Gonçalves e finalizando no Recanto das Peixotas.

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