Leia a crônica de Sílvio Bernardes: “Itaúna tem, mas acabou!”

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1962

De primeiro, como diz o outro, a cidade de Itaúna não existia. Ela estava escondida timidamente num arraial e depois numa vila. Sant’Anna do Rio São João Acima. As ruas eram de terra batida ou, quando muito, calçadas com pedras portuguesas, irregulares. Ruas largas por onde passavam carros de bois, cavalos, porcos e gente.

Muita gente. Povo importante e simples. Meninos pequenos e calvos. As ruas eram conhecidas pelos nomes de coisas, de alguma característica do lugar ou pelo apelido das pessoas: Rua Direita, Rua das Piteiras, Morro do Rosário, Rua da Ponte, Beco do Zeca Bambu, Beco da Caridade, Morro da Júlia, Rua do Cemitério, Rua do Matadouro, Rua da Coréia, Largo dos Passos… Depois, vieram os nomes de gente importante, que fez história e ajudou a construir a História da cidade. E esses nomes vultosos ocuparam as placas das ruas e das avenidas: Dr. Augusto Gonçalves, Mário Matos, Senócrit Nogueira, Jove Soares, Dona Cota, Manoel Gonçalves, Gonçalves da Guia, João de Cerqueira Lima, Antônio Corradi, Miguel Augusto, Dona Neca, Donana Lima, Gabriel da Silva Pereira… 

De primeiro, como diz o outro, o arraial de Sant’Anna tornou-se Vila de Itaúna e, depois, Cidade de Itaúna. Foi em 16 de setembro de 1901. E assim vieram as coisas de cidade, de município, como a Prefeitura e a Câmara de Vereadores. Foi assim a partir de 2 de janeiro de 1902.

E veio mais um colosso de coisas próprias de uma cidade estruturada, como o Teatro Mário Matos, o Cine Rex, a Cia. de Tecidos Santanense e a Cia. Industrial Itaunense, a Praça da Matriz e o footing da praça, a Igreja do Rosário, a Igreja da Matriz e a Igreja do Bonfim, o Hospital Manoel Gonçalves, a Fundação de Cultura, a Universidade de Itaúna, o Teatro Vânia Campos, o Espaço Cultural, a Prainha, a Prefeitura (velha) e Prefeitura nova, o lactário, o Museu Chico Franco, o asilo, o orfanato, o Carnaval, o Reinado, as folias de reis, o presépio do Umberto Salera, a Rede Ferroviária, o Colégio Santana, a Escola Normal, as festas das barraquinhas, a queima do Judas, os Farrapos da Lagoinha, o Bloco do Eu Sozinho, o Almir Sapateiro e sua (nossa) Miss Itaúna, a padaria Quinota, a Rádio Clube, a TV Cidade, o Jornal Folha do Oeste, o Jornal Brexó e o Jornal S’PASSO, a Gruta Nossa Senhora de Itaúna, o Cantinho do Céu e o Bar do Cici, o Bar Azul, o Automóvel Clube, os sindicatos dos Tecelões e dos Metalúrgicos, o SAAE, o Bar Sandoval 24 Horas, a Coreia, o Monte Moriá, a Igreja Batista, a Arena, o PDS, o MDB, o PT, a fonte luminosa, o parque de exposições, o Tiro de Guerra, a barragem do Benfica, o Iate Clube, o Tropical Tênis Clube, a praça de esportes JK…

Nuh, véio, mas aqui nessa cidade tem de tudo! Tinha. Tê tinha, ou teve. Ou, como diz o outro, tem, mas acabou. 

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