Ao poeta Belchior

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Pedro Nilo

acho que Você talvez não

imaginasse o quanto estava lindo

vestido de sua assídua irreverência humilde

fantasiada em bigode e blusa listrada.

O fulgor com o qual você cantou

“Saia do meu caminho

eu preciso andar sozinho”

cortava mais que a saudade

que deixou,

mais que a poesia

que deixou,

você: Poeta-músico.

Tão atemporal e tão real

quanto as lágrimas que me arranca

repetidamente e a

inspiração que me dá.

“Eu sou como você” apenas em alguns aspectos,

talvez comuns a todos os bípedes de 24 mil genes.

Gente

como você tinha algo além do DNA

que escorria pela boca

e vinha nos lotar o ouvido.

Obrigado, meu querido.