Após assassinato de Trans, grupo LGBTQIA+ anuncia criação de Grupo de Apoio e Defesa das Minorias

Presidente do movimento convida vereadores a “se unirem a causa contra o fim da violência em Itaúna”

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Itaúna sempre foi palco de inúmeras cenas de preconceito conta pessoas LGBTQIA+, algumas delas veladas, outras, escancaradas para quem quisesse ver. Não é de hoje que grupos de classe vem lutando contra o preconceito e até mesmo contra crimes praticados ao bel prazer de quem acredita que a heterossexualidade “é soberana de deve ser seguida como exemplo”. 

E os próprios políticos da cidade vendam os olhos sobre esse grande problema social. Por três vezes, grupos LGBTQIA+ tentaram dialogar e emplacar a criação de um Conselho LGBTQIA+ no município, fazendo inclusive palestras, discursos e até organogramas de legislação municipal própria, junto a “apoiadores” da causa.  

A luta começou em 2021, persistiu em 2022, e chegou até 2024, com a tentativa de aprovação de um projeto de lei para garantir a criação do Conselho, em busca do amparo às minorias. Mas tudo em vão, já que a maioria dos vereadores, sempre derrubou o projeto, muitos por acreditar que a vontade da “família tradicional brasileira, composta por pai, mãe e filhos heterossexuais, prevalece”. 

Agora, na esperança de auxiliar pessoas vítimas de preconceito e pela luta por políticas públicas eficientes, surge na cidade um grupo LGBTQIA+, que anunciou a criação da ONG Grupo de Apoio em Defesa das Minorias (GADDAM). O anúncio oficial da criação do grupo foi feito pela artista plástica Cássia Silva (Cássia Pinturas), durante fala na tribuna da Câmara essa semana. 

Em discurso, Cássia disse que a iniciativa surgiu logo após o trágico assassinato de uma mulher Trans no bairro de Lourdes. “É justamente para evitarmos fatos lamentáveis como este que convidamos os senhores vereadores e gestores de nossa cidade a participarem ativamente conosco desta corrente, apoiando o nosso Grupo de Apoio, que irá se formalizar juridicamente em breve”. 

Em entrevista ao Jornal S`PASSO, Cássia conta que o grupo está criando a ONG para cuidar de pessoas em situação de vulnerabilidade e riscos sociais. “Nosso objetivo maior é criar uma casa de apoio, que poderá ser mantida através de doações da sociedade e recursos do poder público Municipal, Estadual e Federal”. 

Cássia afirma ainda que o grupo está dando os primeiros passos e que ele não tem nada a ver com outras associações antigas da cidade. Segundo a presidente da entidade, o local de funcionamento será informado assim que a documentação estiver aprovada. “Queremos amparar as pessoas que são discriminadas pela sua orientação sexual e que, muitas vezes, precisam até mesmo de um lugar para dormir aqui em Itaúna”, finaliza. 

Quem tiver interesse em ajudar a entidade, pode procurar Cássia Silva, na Avenida Dona Cota, 805, ou pelo telefone (37) 3242-3247. 

Câmara pode não ajudar, mas auxílio pode vir do Governo Federal 

Com base no histórico de conservadorismo dos vereadores de Itaúna, nas votações contrárias à comunidade LGBTQIA+ e na instauração recente de uma comissão especial que investigou a denúncia de um suposto crime no evento Gay Day, os políticos podem não aderir ao chamado de ajuda e união da comunidade. 

Por outro lado, a ajuda pode vir do Governo Federal que lançou no final do ano passado um programa de casas de acolhimento para a população LGBTQIA+ em situação de risco. A iniciativa faz parte de uma estratégia nacional de enfrentamento à violência às pessoas que fazem parte dessa comunidade.

Segundo o governo, o objetivo é combater a discriminação, oferecer abrigo provisório e fortalecer os serviços de proteção e defesa de direitos. O governo anunciou ainda a criação da “Rede de Enfrentamento à Violência contra as Pessoas LGBTQIA+”, que envolverá serviços públicos e sociedade civil. 

A estratégia prevê enfrentar a discriminação e violência sofridas por gays, lésbicas, transexuais e travestis em razão de sua identidade de gênero, orientação sexual ou características sexuais. Além disso deve monitorar os dados de violência contra pessoas LGBTQIA+, fortalecer e implementar serviços de proteção, promoção e defesa de direitos, voltados ao atendimento. 

O programa quer também construir uma rede de enfrentamento à violência contra a comunidade, articulando instituições e serviços governamentais e não-governamentais. Promovendo ainda o fortalecimento institucional das políticas de enfrentamento às discriminações e violências sofridas. Por fim, tem o objetivo de expandir o alcance das políticas de proteção, promoção e defesa das pessoas LGBTQIA+ no âmbito do território brasileiro.