Arte e fé colocam cores nas vias que ceram da Praça da Matriz durante o feriado de Corpus Christi

Confecção do tapete atraiu adultos e crianças numa manhã de muita alegria

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Mais uma vez a Praça Dr. Augusto Gonçalves esteve repleta de pessoas na manhã do feriado de Corpus Christi, para confecção do tradicional tapete em toda a extensão da via. Adultos e crianças compartilhavam um clima de animação e alegria fazendo arte para homenagear a data do calendário católico.

O Corpus Christi é também chamado de Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, Corpus Domini (expressão latina que significa Corpo de Cristo ou Corpo do Senhor). Foi generalizada em Portugal como Corpo de Deus e é uma comemoração litúrgica da Igreja Católica que ocorre exatamente 60 dias após a Páscoa. A data é celebrada obrigatoriamente em uma quinta-feira.

Para os católicos, o evento é marcado por celebrações de missa e procissão do Santíssimo Sacramento pelas vias públicas e, em Itaúna, no entorno da Praça Dr. Augusto Gonçalves, onde é feito os quadros do tradicional tapete, coordenado pela professora Bel de Abreu.

Materiais simples e objetos comuns viram obra de arte

A confecção do tapete de Corpus Christi é um trabalho que demanda tempo e é preparado com muita antecedência. Artistas plásticos veteranos e novatos participam das atividades juntamente com demais simpatizantes da tarefa, principalmente crianças. Na praça são montadas equipes de trabalho das pastorais da Paróquia de Sant’Ana que incluem, também, venda de comidas e bebidas – muita água, feijão tropeiro e canjica – e música organizada pelos jovens do EAC e EJC.

 Os materiais utilizados nas artes do tapete incluem serragem, pó de café usado ou vencido, recolhido nas empresas de moagem, areia colorida, raspa de couro e de pneus, pó de carvão, tampas de garrafa, casca de arroz etc. Antes da confecção do tapete, uma equipe da Paróquia risca os espaços, delimita e divide os quadros, cada um com sete metros de comprimento por quatro metros de largura, para que recebam os materiais que vão se transformar em obras de arte. São quase 90 quadros do tapete de Corpus Christi e, ao longo da manhã quando o trabalho começa, cerca de mil pessoas participam das atividades.

Engenheiro Gustavo Capanema na tarefa com familiares e amigos

O Jornal S’PASSO conversou com alguns dos artistas presentes na confecção do tapete de Corpus Christi. Gustavo Capanema, engenheiro civil, atua há 18 anos nesta tarefa na Praça da Matriz, ao lado da família e de amigos. Revela que começou com os pais, depois vieram outros familiares e que é uma alegria que se renova a cada ano. Todo o material utilizado é de doação da equipe organizadora: serragem, areia, pó de minério. Tem também os objetos que auxiliam nos trabalhos, como régua, giz, balde etc. A coordenação libera o material após a missa e as pessoas pegam o que for utilizar, podendo ou não renovar a retirada no ponto de distribuição.

Arquiteto Neurivan: evento significativo da cultura e da fé

O arquiteto Neurivan Gonçalves Aguiar, gerente superior de Arquitetura e Projetos da Secretaria de Regulação Urbana, também estava presente na confecção das artes sacras na praça. Para ele, a importância desse trabalho é um misto de cultura e fé.

“Como servidor público, tenho só que agradecer pela oportunidade de participar de um evento que é muito significativo, simbólico e representativo para a comunidade católica e para toda a cidade. O tapete é um patrimônio tombado no município pelo Codempace e faz parte de nossa cultura. Estar aqui cooperando com a arte dos meus amigos é muito significativo”, pontuou.

Léo Souza: há 36 anos ajudando na confecção do tapete de Corpus Christi

Léo Souza, professor, ator e diretor teatral, está há 36 anos fazendo arte na Praça da Matriz na confecção dos tapetes do Corpus Christi. Neste ano ele estava acompanhado das tias Solange e Simone, de primos e amigos para esta tarefa. Ele chegou há mais de três décadas para auxiliar a tia Solange Bernardo, que desenhava. Continuou com a tia e vieram outras pessoas e, hoje, ele coordena um dos quadros no chão da praça. “Usamos basicamente material que provem da madeira, como serragem. Serragens pintadas, oferecidas pela organização. E, também, material alternativo, como cal. Muitas vezes usamos materiais que outros grupos rejeitam, por causa das cores, para que não haja sobras”, revela.

A família trabalha e se diverte com essa tarefa

O professor Élcio Deccache, do CEFET de Itatiaiuçu, participa das atividades da confecção do tapete juntamente com a família há oito anos. E, para a filha Maria, de 10 anos, é o seu dia preferido, pois faz arte, encontra com os amigos, come comidas gostosas e se diverte muito. “Como é Corpus Christi, a gente sempre prefere temas ligados à eucaristia. Aqui temos o cálice com o sangue e o pão da eucaristia, representando Jesus consagrando”, esclarece. A família utilizou areia de várias cores, terra e serragem.

Representação de Santa Terezinha com rosas vermelhas

Há 16 anos a família da professora Rosângela Alice – que inclui marido e filhas – se junta a amigos para participar dessa festa religiosa na confecção das obras de artes visuais. Neste ano, a equipe trouxe a representação de Santa Terezinha com suas rosas vermelhas.

Arquitetos Darlan e Saionara há 18 anos fazendo arte

O arquiteto e urbanista Ailton Darlan Ribeiro e a esposa Saionara também fazem arte na Praça da Matriz, no tapete de Corpus Christi. Participam há 18 anos desta atividade juntamente com a família e amigos. Para Darlan, é sempre uma agradável ocupação. Neste ano, sua equipe fez a representação da mão de Jesus abençoando as pessoas e utilizou o material disponibilizado pela coordenação: areia colorida, pó de minério, casca de arroz.