Artistas itaunenses opinam sobre a possibilidade de Teatro Vânia Campos retornar ao patrimônio da cidade

Fala do teatrólogo Marco Antônio Lara repercute e as críticas envolvem a burocracia e cobrança de altas taxas para uso da casa de espetáculos

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A fala do diretor e teatrólogo Marco Antônio Machado Lara, em entrevista ao Jornal S’PASSO, de que o teatro Vânia Campos pertence à classe artística, reacendeu a discussão sobre a reintegração da casa de espetáculo ao patrimônio público municipal.  Inaugurado em 20 de setembro de 1981, o TVC hoje pertence ao Clube do Trabalhador do SESI e sua utilização para espetáculos e eventos depende da liberação do órgão, o que é muitas vezes burocrática, dispendiosa e até mesmo inviável.

A reportagem quis saber qual a opinião da classe artística sobre o posicionamento de Marco Antônio Lara, principalmente quando ele afirma que “nós somos os pais do Teatro Vânia Campos, o SESI é o padrasto”.

“Para mim este bem público nunca deveria ter sido entregue a um grupo privado, seja ela qual for. Provavelmente, deve ter alguma regra feita na época da entrega, deve ter tido algum termo de cessão com estas regras. Se não estiver sendo observado que volte ao poder público. É o que penso. Se não tiver jeito, que se faça o tombamento e que o município entre em acordo com a instituição para viabilizar o uso em prol da cultura da cidade”. – Geraldo Fonte Boa –especialista em patrimônio cultural

“Primeiramente, adorei a matéria, viu? Nós, Andreia e eu, acreditamos totalmente que o teatro Vânia Campos deva ser reintegrado como patrimônio municipal da cidade de Itaúna. É preciso lutarmos para manter os espaços que ao longo de décadas têm sido palco da nossa história. Mas também, espaço de acolhida para recebermos os que vêm de fora para darem sua contribuição para nosso crescimento cultural. Infelizmente, as empresas têm se apropriado de tudo e não se importam em manter a história do povo itaunense de pé. É importante, pois é parte da nossa cultura e dá oportunidade aos artistas atuais de terem um espaço para apresentarem seus trabalhos, de promoverem oficinas, eventos diversos para o crescimento e ampliação da cultura local”. – Raquel Fernandes – atriz

“Está corretíssimo. Além de um fomentador do teatro, Marco Antônio é um defensor dessa arte e do nosso teatro itaunense. Ele está corretíssimo e deve ser apoiado. Devemos muito a ele por inúmeras contribuições à nossa cultura. Estou certo de que ele não medirá esforços, mais uma vez, para fazer o que for melhor para o teatro de Itaúna”. – Jonas Vieira – teatrólogo e ator

“Apesar de toda a história do teatro Vânia Campos e da classe artística, a questão que levanto é a seguinte, quem vai manter o teatro?  O município? A classe artística? Isto já aconteceu e não deu certo. Como está a efervescência artística atual em Itaúna? Estou por fora. Não seria melhor fazer um acordo com o Sesi para favorecer os artistas itaunenses? O perigo é tomar o teatro do Sesi e ele ficar abandonado, caindo aos pedaços. ISTO JÁ ACONTECEU!  Enquanto a classe artística de Itaúna não encarar o fazer teatro ou música como um ato profissional, digo, viver de arte mesmo, tudo não vai passar de ciclos. Não dá! É perda de tempo e energia.  Já discuti isto muito com o Jerry Adriane, ator e diretor teatral. Deveria formar um grupo como Ponto de Partida, Grupo Galpão, Grupo Corpo. Com ideais profissionais. Aí sim, tomar o Vânia. Acho o trabalho do Cotonho incrível, mas ele faz as coisas só pra ele, não forma grupo.  Ele não visa o lado profissional. Ele não assume sua paixão pelo teatro. Quer ser médico e teatrólogo. Não dá! Quando fui fazer “Equus”, peça teatral de Peter Shaffer, montada pela Instável Cia de Teatro, dirigida por Marco Antônio, discuti isto muito com a Zanilda Gonçalves, diretora teatral. Acho que ela até tentou fazer alguma coisa com o teatro infantil.  Mas não foi pra frente. Querer tomar o teatro do Sesi sem nenhum objetivo, acho burrice. Do jeito que vejo a cultura atual itaunense, não vai dar em nada”. – Fábio Corradi – ator e músico

“Comungamos da mesma posição do Marco Antônio Lara. O Teatro Vânia Campos foi construído pelo poder público municipal, não só é a casa do artista como é um espaço de fomento à cultura, à arte e ao lazer do povo itaunense. O Sesi que construa o seu espaço ou, então, saiba compartilhar com todos que ali queiram desfrutar. É um absurdo uma instituição importante como o Sesi não fomentar a cultura local e privar os artistas itaunenses de usufruir do espaço. O Teatro Vânia Campos é como coração de mãe, cabe todos os seus filhos!!!”. – Regina Glória Gomes – atriz

“Eu estava dentro do processo para a construção do Teatro Vânia Campos. Marco Antônio foi o líder do movimento. Foi ele quem escolheu o nome do Teatro. Se ele existe, em parte gigante, se deve ao Marco Antônio, mais Sérgio Mibielli e nós outros. Sem a menor dúvida, somos os pais do Teatro Vânia Campos. Palavra de testemunha ocular da história”. – Elimar Alves – ator e diretor teatral

“O Teatro Vânia Campos é um berço da arte contemporânea da cidade de Itaúna. Nele, nós artistas vimos nascer e crescer diferentes grupos, artistas e companhias que contribuíram e ainda contribuem para a formação de outros artistas da cidade. E o que estamos vendo nos últimos anos é uma inação por parte da gestão do espaço na utilização do teatro com o que sempre foi: uma casa de acolhimento da arte e dos artistas itaunenses. Eu acredito que a retomada da administração pública do teatro, por mais percalços que possa enfrentar, ainda é a melhor solução para que os próprios artistas façam com que sua arte sobreviva, já que é tão caro se fazer teatro sem incentivo fiscal e leis de fomento na cidade”. – Léo Souza – ator e diretor teatral

“Como artista e um dos membros fundadores da Associação Amigos do Teatro Vânia Campos, tenho uma forte ligação afetiva com esse patrimônio cultural e artístico inquestionável do povo de Itaúna. Não só pelas grandes produções que já passaram pelo seu palco, mas principalmente pela formação artística de várias gerações que se deram nas suas dependências. Está passando da hora do Teatro Vânia Campos voltar para as mãos dos seus verdadeiros donos” – Levy Vargas – músico e arte-educador