As mães corujas e seus filhos destaques

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Às vésperas do Dia das Mães, o Jornal S’PASSO foi falar com elas e ouvir uma palavra sobre o seu filho, ainda que ela tenha outros, conhecidos ou anônimos. Esse filho conhecido é, na opinião insuspeita da mamãe, o máximo, o top, o ilustre cidadão, e é o destaque da nossa reportagem. A fala da mãe diz também de suas alegrias em colher com ele as flores do sucesso, as conquistas de superação, o destaque naquilo que faz, mas também é essa mãe quem compartilha das inquietações, dos medos e vivencia as críticas direcionadas ao filho famoso.

“Fico muito preocupada com a profissão dele, mas quem comanda de verdade é Deus”

 “Eu sempre coloquei a vida dele, o trabalho e a rotina nas mãos de Deus. Mas ele é um menino muito bom”, essa é a fala da Sra. Maria José Valadão Souza, mãe do major Alexsandro César de Souza, comandante da 9ª Cia. Independente da Polícia Militar em Itaúna. Dona Maria nos relata que “o Alex” sempre foi muito estudioso. Queria ser médico, não pensava em ser policial. Não deu para seguir o ofício de Hipócrates até mesmo pela questão financeira. Estudou para ser militar e seguiu carreira. Para ela, ser policial não é uma profissão fácil e, talvez, poucas mães queriam isso para um dos filhos, “mas ele faz o que gosta e o faz com honestidade e competência”. Não pensava nunca que ele ia chegar onde chegou, em comandar a Polícia de uma cidade como Itaúna.  É muito orgulho de mãe poder falar do major Alexsandro. Se eu fico preocupada com a profissão dele? Fico muito, mas quem comanda de verdade é Deus. Sempre rezo por ele, pelos meus outros filhos, Ricardo e Tatiana. O Alexsandro é um bom filho, está nas mãos de Deus e de Nossa Senhora”, ressalta.

A mãe do artista é puro orgulho, é uma “mãezona”

Ser mãe de um artista não é para qualquer uma. A Kátia Maria Nascimento Correa pode se gabar. Ela é mãe do ator, teatrólogo e professor Filipe Corrêa. Ela diz, pra começo de conversa, que seu filho é um homem exemplar, bom filho, bom parceiro, bom amigo. “Eu costumo dizer que o meu filho Filipe é um gigante, pelo tamanho do seu talento, do seu esforço, humildade e generosidade. E quem conhece o Filipe, sabe que ele sempre quer ajudar e levar cultura pra todo mundo. Ver tanta gente elogiando meu filho, ver ele representando nossa cidade em tantas outras cidades é motivo de grande orgulho e gratidão a Deus”, destaca.

Kátia afirma que nunca sonhou com isso, ser mãe desse grande artista. “Como ele mesmo diz quando interpreta a ‘Mãezona’ (que se inspirou em mim), toda mãe quer o filho no Senai, sendo eletricista ou cursando um curso técnico. Mas vendo tanto esforço e vontade, não poderia ir contra esse sonho. E hoje eu percebo que foi a melhor escolha que ele podia ter desejado”, considera.

Ela lembra que desde o primeiro dia que viu o filho em cena, não pensou duas vezes que esse seria o caminho que ele queria trilhar. “O dia que vi meu filho interpretando uma mãe, que era idêntica a mim, e ao mesmo tempo quebrando tabus e preconceitos, foi inspirador. Já vi ele interpretar dezenas de personagens, e confesso que nesses 23 anos de teatro, ele ainda consegue me surpreender e me emocionar em suas produções. Pois vejo que ele é muito estudioso e sempre traz novidades”, pontua.

Para a mãe do Filipe Corrêa, o filho é um rapaz que está sempre correndo de um lado pro outro, “uma das suas maiores qualidades”. Sempre foi muito esforçado e correu muito atrás para ter tudo que tem hoje. “Mas também é um rapaz muito sensível, tem um coração gigante, se emociona facilmente e também emociona tanta gente. Posso dizer, um filho que toda mãe se orgulharia em ter. Eu te amo meu filho, e estarei sempre te aplaudindo onde quer que você esteja”, ressalta.

“Minha filha é uma funcionária competente, fico muito honrada em vê-la na função de delegada”

Maria Lúcia Junqueira Caldas fala de sua filha com orgulho, mas, diante da profissão que a mesma escolheu, não deixa de sentir grande preocupação. Dona Maria Lúcia é mãe da delegada da Polícia Civil em Itaúna, Dra. Luciene Flávia Junqueira Caldas.

“Quando minha filha resolveu, ainda muito jovem, ser delegada e fiquei preocupadíssima dos riscos que a carreira poderia lhe acarretar. Conversamos muito e a achei preparada para aquele cargo, para o qual demonstrava que era competente. Hoje, ela está diante de uma delegacia em que a sua competência no trabalho é administrar os problemas relacionados às mulheres, aos problemas que elas são sujeitadas. Recorro sempre ao Sagrado Coração de Jesus para que seja ela seja protegida das violências inerentes ao cargo e que cada caso que apareça para ela, que ela tenha a austeridade de tratar com segurança e discernimento diante da lei. É um cargo de risco em que todos funcionários da Polícia Civil são trabalhadores sérios e arriscam a vida para a segurança das pessoas. A minha filha é uma funcionária competente, exercendo a função de Delegada. Fico muito honrada em vê-la nessa função delicada e ao mesmo tempo violenta. Que Deus a proteja sempre e a todos que ali estão para nos proteger”, analisou.

Compreensão, conhecimento e acolhimento como remédios para tratar o autismo

A Marli Gabriel é a mãe do João Paulo, que tem autismo ou TEA (Transtorno do Espectro Autista). Muita gente conhece o João Paulo, como conhece a mãe Marli e o pai Jorge Luiz Gabriel. Nesse depoimento ao Jornal S’PASSO, Marli revela que as mulheres candidatas a mães, em geral, esperam a chegada do filho típico, que um dia será jogador de futebol, bailarina, etc. “Quando recebe o diagnóstico de um filho atípico, ainda mais do TEA, e como é o caso do João Paulo, um transtorno mais severo, dá uma certa insegurança. É um olhar diferente para um futuro incerto. A gente olha para aquela criança e não entende, é muito difícil. O que fazer? No meu caso, veio a sensação de que é preciso proteger e diante de mães que não entendiam também, mas que maltratavam, eu sempre agradeci a Deus por ele estar comigo, pela oportunidade de amá-lo. Mas a incerteza do futuro e, numa época, 1996, em que as coisas eram muito mais difíceis, com menos conhecimento até dos profissionais, o autismo estava sendo descoberto. Havia pouca literatura. Por exemplo, em 1981 o psicólogo Ivan Lovaas escreveu  um manual de treinamento para pais do método ABA. Esse aba já existia desde 1950 no Estados Unidos, mas ele não era acessível para nós leigos, para nós mães simples. Não era para um público simples, sem acesso à informática, como hoje. Nessa época tive ajuda de uma profissional, a Zanilda Terezinha Gonçalves, psicóloga, que ia para minha casa e com seus livros, seus esclarecimentos, nos auxiliava e nos ajudou a entender o meu filho. No geral, eu tive muita decepção com o meio da saúde, dos profissionais em geral. No meio social, existe, ainda, muita ignorância, muitos tabus com referência ao TEA. Na minha infância, os pais nos alertavam: “não mexe com fulano, que é doido”, eu me lembro de encontrar pessoas atípicas e elas serem chamadas de doidas, de retardadas, de mongoloides, isso era muito comum. As famílias mesmo, tinham vergonha, escondiam os filhos atípicos, outras eram internadas em sanatórios. Uma vez, na praça de esportes, um rapaz vendo o João Paulo disse para mim que lugar de gente doida é dentro de casa”, relata.

“Acho que estamos abrindo portas, como a APAE tem feito”

Perguntada se a sociedade que ainda não compreende a situação das pessoas com TEA e outras especificidades de saúde a incomoda, Marli Gabriel afirma que não. “Acho que o amor que a gente tem é maior. E acho que não é somente o amor pelo meu filho autista, mas pela sociedade. São pessoas ignorantes, no sentido de ignorar. E na minha visão, a gente está abrindo portas, portas para aqueles atípicos que virão, para encontrarem uma sociedade mais compreensiva. Falo de pessoas do meio social e, também, do meio profissional, mais médicos e outros profissionais, mais abertas, mais entendidas. Tem sempre aqueles que abrem caminhos. As APAE’s, por exemplo. O João Paulo foi um dos primeiros na APAE, tanto em Itaúna, quanto em Pará de Minas. Isso o ajudou muito, hoje ele fala inglês, outras línguas, gosta de música, usa computador, quando era criança não fazia quase nada, não olhava para ninguém. Fizemos um trabalho com ele com muito amor, tentando compreendê-lo, tentando ampará-lo e isso fez com que ele se tornasse o homem que é, que se comunica, que é dócil. Digo mais, para aquelas mães que não se debruçam em cima desses filhos, que não se dedicam, que ignoram, que continuam achando que somente os médicos vão dar conta, que só os profissionais, que não têm que fazer nada em casa… Eu larguei tudo, tinha um salão de beleza muito bom para cuidar dele. Se não tivesse feito isso hoje ele não estaria me dando o retorno que me dá, de amor e carinho. Ele é só doçura”, afirma.

“Muito honrada e orgulhosa do profissional que se tornou e do grande filho que é”

O delegado da Polícia Civil Dr. Leonardo Moreira Pio tem uma proteção especial que além de torcer pelo seu sucesso, envia-lhe energias de carinho como ninguém. A mãe, Maria Aparecida Moreira, não mede palavras para falar do seu filho mais velho. “Me sinto muito honrada e orgulhosa do profissional que ele se tornou e do grande filho que ele é”, ressalta. Ela conta que “ele sempre teve o sonho de entrar para a polícia”. Durante o o curso, ele aprendeu a gostar da justiça e diante disso, resolveu começar estudar para concursos. “Quando me disse que seria para Delegado Civil, confesso que fiquei assustada, até porque não tinha o conhecimento de como seria seu trabalho. Mas, no dia a dia eu coloquei Deus à frente e que abençoasse o certo para ele, e foi o que aconteceu. Só tenho a agradecer a Deus por tudo”, revela.

A mãe do delegado diz que como mãe dá medo sim a profissão do filho, o dia a dia na Delegacia, mas está sempre entregando o filho  para a proteção Divina. Assim, as críticas e, até, o combate que se faz à Polícia Civil, não a atingem, “porque eu conheço o filho que Deus me confiou”.

A luta em favor da causa animal se iniciou com o exemplo da  mãe

Foi ela quem influenciou a filha a gostar e a cuidar dos animais abandonados. É ela a inspiração para a luta em favor da causa animal desde quando a Ana Carolina Silva Faria era uma menina que brincava de boneca. Hoje, essa menina tornou-se a vereadora Carol Faria (Avante) e é uma das mais vibrantes vozes em favor dos animais de rua na cidade. Talvez só não seja mais atuante que a sua mãe, Cláudia Ribeiro da Silva. Mas ela diz que Carol é uma filha maravilhosa. “Sou muito orgulhosa de ser a mãe dela. Esse trabalho com os animais, uma luta muito bonita que teve o exemplo em minha casa, onde sempre acolhemos. Houve uma época em que tínhamos 16 cachorros, cabritos, periquitos e outros bichos, parecia uma arca de Noé. Ver a minha filha nessa luta também me dá muita alegria. Ela sempre foi assim”, revela.

Agora, quanto à atuação na política partidária e a assumir um mandato na Câmara Municipal, não foi assim bem planejado. A mãe Cláudia lembra que a Carol postergou até o último momento sua inscrição como candidata a vereadora e ainda assim falava que não saberia se daria conta de uma campanha eleitoral. “Mas ela foi adiante, entregou os documentos e foi para a campanha. Tenho muito orgulho do trabalho dela como vereadora. Não me incomodo com as críticas aos políticos e ao próprio legislativo itaunense. Sempre vai haver críticas, não tem como agradar a todos. Isso sempre vai existir, mas a minha filha está lá trabalhando muito”, disse.

“Meu filho John Kennedy é um menino iluminado”

 Um menino iluminado que nunca desistiu dos sonho que era ser jogador de futebol. De um time grande. Assim falou a itaunense Maria Beatris Batista Duarte, mãe do jogador do Fluminense, John Kennedy Batista de Souza. Orgulhosa em ser mãe, não somente do craque famoso, mas também da Sofia Evelyn. Sobre o John Kennedy, Maria Beatris relata que ele sempre gostou de futebol, desde pequeno. E a mãe sempre o incentivou a seguir o seu caminho, a buscar a realização dos seus objetivos.

Hoje, vendo o filho nesta grande equipe de futebol brasileiro, ela se diz incomodada com a distância, que não é amenizada quando ele está perto, “me sinto muito distante por causa da correria”. A mãe do John Kennedy não se sente diferente de nenhuma outra mãe. “Sou uma mãe como todas, que tem muito medo, insegurança, mas que traz uma emoção muito grande por ele. Quando vejo ele entrar em campo passa um filme na minha cabeça, chego a chorar lembrando dele na infância. Quero aqui aproveitar para dar parabéns a todas as mães pelo nosso dia e agradecer a Deus por nos permitir esse dom de ser mãe.  Feliz dia das  Mães”, falou.

 “Minha filha é uma grande trabalhadora. E eu sou a Maria do Carmo, rainha da Vila Nazaré”

Maria do Carmo Vilela Ribeiro fala de sua filha, a jovem vereadora Edênia Alcântara (PDT), com indisfarçável orgulho e, mais que isso, aponta a responsabilidade desta como uma pessoa que cuida de todos, não somente dos três filhos, ainda crianças. “Por sua responsabilidade e atenção ela virou mãe de todos nós, eu que sou a mãe, mas parece que é ela. Ela virou minha mãe, mãe dos seus filhos e até mãe do seu pai”, diz. Maria do Carmo, no entanto, revela que a vida da filha não é fácil e nunca foi. “Nós somos pobres, da periferia, pretos. Não tínhamos nada, mas tínhamos a nós mesmos. Hoje, vejo a Edênia, essa mulher maravilhosa, atenciosa e amável. Ela corre o tempo todo, não para. Como passou muitas dificuldades, luta para que as outras pessoas não vivam o que ela viveu”, salienta.

Perguntamos se ela fica com raiva das críticas dirigidas aos políticos e à própria filha, e Maria do Carmo afirma que não e que por sua condição socioeconômica sente-se preparada para essas críticas, ainda que injustas. “Somos pessoas simples, acostumados com a luta. Sempre falei com meus filhos que somos pobres, pretos, da periferia, que temos que lutar para conquistar nosso espaço. A Edênia faz isso. Ela é humilde e trabalhadora. É uma grande trabalhadora. E eu sou a Maria do Carmo, rainha da Vila Nazaré”, pontua. 

“A vocação da minha filha é ajudar as pessoas”

Dona Maria Custódia Araújo Silva, mãe da vereadora e secretária da Câmara Municipal de Itaúna, Márcia Cristina Silva Santos (Patriota), também atendeu à reportagem do Jornal S’PASSO sobre o Dia das Mães. E, de cara, num texto de WhatsApp, escreveu que “é um grande orgulho ser mãe de Márcia, principalmente por saber que ela toma suas decisões a favor do povo”. Ainda assim revela que nunca imaginou ter uma filha na política, embora sempre soube que a vocação dela fosse ajudar as pessoas.

“Eu não me incomodo com o que as pessoas falam dos políticos, pois eu conheço a filha que tenho. E sei que ela não é igual ao lado ruim da política. Me orgulho muito dela, não só pelo trabalho da zona rural, onde eu moro, onde ela cresceu, foi criada e só saiu depois de casada, mas é pelo amor que ela tem em tudo que faz pelas pessoas. O cuidado com a roça é por conhecer de perto a dificuldade e necessidade da gente que vive aqui. Mas o que mais me emociona é ver ela brigar e lutar por uma saúde melhor para Itaúna toda”, comemora.

“Se as críticas são construtivas servem para o crescimento dele, se não são, eu as deleto”

“Ser mãe já não é uma tarefa muito fácil, mas, agora, ser mãe de um jovem que está crescendo politicamente com tantas obrigações e cobranças digamos que é um pouco preocupante”. Quem diz isso é Liliana Gonçalves, mãe do vereador e presidente da Câmara Municipal de Itaúna, Nesval Júnior (PSD). Ela confessa que nunca pensou em ter um filho político, mesmo porque tinham outros projetos para ele. “Mas ele quis seguir na política, respeitamos a opinião dele e apoiamos, como sempre vamos apoiá-lo em qualquer projeto que ele se envolver”, diz. 

Liliana ressalta que, na verdade, nenhuma mãe gosta de ver seu filho sendo julgado e avaliado o tempo todo, mas conhece bem o filho, sua conduta, isso lhe basta. “Quanto às críticas, isso é muito relativo porque são opiniões e dependem muito de onde elas vêm. Até nós que estamos fora da política recebemos críticas; se elas vêm de forma construtiva, ótimo, é para o crescimento dele e são bem vindas. Agora, se vêm de pessoas maldosas, aí deleto e toco o barco junto com ele porque para mim ele é o meu bem maior”, posiciona.