As palavras do jovem Lucas

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Lucas Gomes é estudante de Psicologia da Universidade Estadual de Minas Gerais, unidade Divinópolis. Entusiasta de filosofia e Ciências Humanas, desenvolveu sua paixão pela escrita desde criança. Filho de uma professora apaixonada por livros e de um contador, que por vocação também, é pintor paisagista, cresceu sob vastas influências culturais. Tem como missão a promoção da tomada de consciência através da literatura e artes afins.

Alguns de seus textos

Contradições

Um feixe de contradições. Assim começa a última página do diário de Anne Frank, e assim também começo o meu texto. Contradições estão presentes na vida a todo momento. Quantas vezes nos contradizemos em relação aquilo que acreditamos, fazemos e até mesmo pensamos?

 As incoerências nos perseguem no dia a dia. As nossas incoerências nos atormentam.

Desde ao acordar até ao anoitecer, do inverno ao verão , do nascer até o morrer, elas estão presentes.

 “O que eu realmente quero?” “Quem sou eu?” ou “O que eu gosto?” são perguntas que muitas vezes surgem após uma contradição. É possível elimina-las ? Ou sempre seremos condenados a tê-las?

Talvez a vida não passa de uma forma imperfeita na qual seja impossível segui-la sendo 100% fiel aos próprios atos , pensamentos e princípios. Isso não impossibilita de termos uma vida norteada por ideais, mas que isso deve ser um esforço contínuo e interrupto.

Alguém que busca uma vida norteada por princípios, e ser coerentes com eles, deve buscá-los assim como alguém que busca chegar a um horizonte. Nunca podemos chegar ao pôr do Sol, mas ao tentar, saímos da inércia, e isso é o mais importante. Acaba que na vida não importa o ponto de partida, nem se chegaremos a linha de chegada, pois todos somos imperfeitos. Viver é estar movimento. O que importa de fato é o trajeto necessário pra chegar até o nosso objetivo, mesmo que o próprio seja utópico.

“É tudo culpa minha”, “eu não presto” ou “eu não sirvo para isso”. Possivelmente você tem ou já teve algum desses pensamentos ao longo da vida ou próximos a ele. Eu inclusive, tenho vários.

Fracassos são comuns a todas as pessoas. Frustrações amorosas e no emprego são as mais comuns. Mesmo planejando, criando estratégias e tomando diversas precauções, nem sempre o que desejamos podemos conquistar.

Um fracasso não significa que você seja ruim. Não adianta nada ser o melhor engenheiro e tentar fazer uma cirurgia. Do mesmo modo,  não adianta nada ser o melhor piloto de carro e tentar pilotar um avião. Ser bom ou ruim em alguma coisa interfere muito pouco no sucesso que terá em sua vida. O sucesso é saber escolher o alvo certo, e isso inclui pessoa…

História

A história. Quantas vezes nos deparamos com eventos históricos, o surgimento de figuras históricas, na história de livros e etc.?

Tudo possui história, desde um acontecimento, até a vida de uma simples borboleta.

A história que realmente importa não é que os livros didáticos nos ensinam, mas a história na qual nos próprios somos os autores: a nossa vida.

A história não é universal, ela é subjetiva. Entrar pra história não é ser o responsável por um acontecimento em grande escala, mas focar na única história de fato que lhe importa: a sua!

Nela, escrevemos várias páginas e inúmeros capítulos. É uma história sem fim, já que nunca saberemos quando será o final. Há personagens que nos marcam, já outros nem tanto. Alegrias e tristezas, conquistas e decepções, romances e angústias, convicções e incertezas são tópicos que compõe as páginas da nossa vida a todo instante.

Cada um tem sua história, e é importante que cada um conte a sua.

Caso sua história fosse um livro, você recomendaria para outra pessoa?

E caso contrário , o que teria que mudar para torna-lo um best seller?

Essa é a pergunta que devemos fazer todos os dias.

Motivação

O que nos motiva? Essa é uma pergunta fundamental.

As respostas para esse questionamento podem variar de indivíduo para indivíduo. Muitos poderiam afirmar que seria Deus, a família, a busca pelo dinheiro, sede de poder e até mesmo ser reconhecido. O conteúdo pode variar de diversas maneiras, mas a forma nem tanto. No fundo, caso você destrinchar todo o conteúdo que te motiva, verá que na verdade tudo não passa de prazer ou medo. Essas duas formas que guiam nossas ações.

Pegamos de exemplo um jovem estudante que deseja passar no Enem. O que o motiva? O que faz esse jovem estudar horas e horas para querer passar numa faculdade? Eu tenho algumas hipóteses: (1) Prestígio de ser alguém reconhecido, que de certa forma é um tipo de prazer. (2) Por gostar da disciplina que deseja cursar, que novamente, é outro tipo de prazer. Ou (3), receio de que caso não consiga passar em uma universidade, seu futuro está em xeque. No caso, medo.

 No fundo, ele pode ter diversos motivos, mas a base de sua motivação ou será a busca pelo prazer, ou sair de uma situação que evite riscos.

Tudo que nos move é baseado nisso : prazer , medo ou ambos .

As religiões utilizam do medo. As redes sociais utilizam do prazer. A academia e o sonho do corpo perfeito de ambos.

Ao se exercitar, um indivíduo pode sentir prazer , mas muitas das vezes, o que motiva a fazer isso é o medo da rejeição , caso não possua o corpo ideal vendido pela sociedade.

E qual seria o oposto da motivação?

O contrário de motivação é o tédio.

O que faz uma pessoa se aproximar de você não são suas virtudes, mas suas capacidades de tira-la do tédio, e isso é possível de várias maneiras. Como a concepção de entediante pode variar de indivíduo para indivíduo, não existe uma receita pronta de como acabar com esse estado. O que eu acredito, é que em certos casos, a constância pode levar ao tédio. Por exemplo:  ser triste demais é entediante, da mesma forma que ser feliz o tempo todo também. É preciso ter um certo equilíbrio, para evitar que as coisas fiquem enfadas. É por isso que eu acredito que relacionamentos são tão complicados, pois é preciso estar se reformulando o tempo todo, porque caso contrário, a dinâmica se torna constante e consequentemente enjoativa.

Portando, acredito que o ser humano não seja mau ou bom por natureza, ele apenas age para saciar seu tédio. E como o tédio pode ser relativo, as vias para saciar tal estado podem vir tanto de coisas boas quanto ruins. O que eu defendo é que o tédio seja saciado com coisas boas, como ajudar alguém. Fazer boas ações é prazeroso.

Pense bem, quantas vezes eliminamos o nosso tédio com coisas bobas e supérfluas, como ficar o dia inteiro vendo vídeos nas redes sociais? Ou pior, quantas vezes saciamos nosso tédio vendo a desgraça de alguém?

É comum ver várias pessoas rodeadas em volta de um acidente, e ver poucas ou ninguém ajudando um necessitado.

Não é que as pessoas são ruins por natureza, a sociedade que escolhe as vias ruins para saciar nosso tédio!

O tédio deve ser apenas um estágio temporário e de transição. Todo e qualquer estado entediante que dure por muito tempo é perigoso, podendo até mesmo ser fatal.

O tédio leva a apatia, o estado no qual nada mais te motiva.

Portando, é preciso ter em mente que para erradicá-lo, é preciso antes de tudo ter em mente que somos guiados pelo prazer, medo ou ambos.

Somos movidos pelo desejo, e não tem porque reprimir essa característica inata de nós. Ser movido pelo desejo não é o problema, mas sim o que se define como tal.

Muita das vezes nossos desejos são falsos, irrealistas e bastante flexíveis. Acabou quero mais, típico do século XXI.

O que definimos como prazeroso ou ameaçador, irá depender de nossas experiências, hipóteses e valores. Portanto, seja cauteloso em suas escolhas, rigoroso com suas hipóteses e sábio na escolha de valores!