Integrantes da Associação dos Taxistas de Itaúna, junto com taxistas independentes, estiveram na prefeitura nesta quarta-feira, 19, para discutir diversas demandas da categoria, como melhorias na mobilidade urbana, segurança para os profissionais e passageiros, além de propostas para otimizar a comunicação entre motoristas e os órgãos responsáveis pelo trânsito da cidade.
O grupo aproveitou a ocasião para denunciar práticas de transporte clandestino em diversos pontos de Itaúna, além do fato de motoristas de outras cidades estarem vindo para o município fazer transporte irregular de passageiros. Eles afirmaram que, em média, 400 veículos circulam mensalmente na cidade, sem a devida regulamentação. “Existem seis aplicativos de transporte não regulamentados em Itaúna, dentre os quais o 2V, Vai de Car, Vai Lá, Drive37, 99 e InDrive”, destacaram.
Outra reclamação dos taxistas regulamentados é que motoristas irregulares têm feito propaganda na internet e distribuído cartões de visita com contatos pessoais, o que configura, segundo eles, a prática de transporte clandestino.
Eles também afirmam que a evasão de passageiros do transporte coletivo tem ocorrido devido à ação de motoristas clandestinos, que param nos pontos de ônibus e oferecem transporte por valores baixos, entre R$ 5 e R$ 6 por ocupante. Outro problema relatado é o uso indevido de vagas reservadas, como as destinadas a deficientes físicos e taxistas, por motoristas de aplicativos, desrespeitando, tanto a legislação municipal, quanto o Código de Trânsito Brasileiro.
“Os motoristas de aplicativo utilizam a plaquinha da Uber em seus veículos, mesmo sabendo que o aplicativo não opera na cidade. Alguns também utilizam a mesma plataforma digital configurando, além de transporte clandestino, roubo de propriedade intelectual, pois fazem uso não autorizado de ideias, obras criativas e segredos comerciais protegidos por leis”, explicou um taxista.

“Queremos apenas uma concorrência leal”
O Jornal S’Passo entrou em contato com o presidente da Associação dos Taxistas de Itaúna, Edvaldo Santos, que esclareceu as reivindicações do grupo de profissionais associados. “O transporte clandestino tem dominado a cidade, e por isso buscamos o apoio do Poder Executivo para solicitar a regulamentação do transporte por aplicativo e uma fiscalização efetiva por parte do setor de posturas do município.”
Edvaldo explica que a falta de regulamentação dos aplicativos tem impactado diretamente os taxistas e até as empresas de transporte público, já que muitos motoristas de aplicativos cobram valores muito baixos pelas corridas, pois não pagam impostos.
Questionado sobre a posição dos taxistas em relação ao fim dos aplicativos de transporte, Edvaldo foi enfático: “Isso não existe. Os taxistas só querem uma concorrência leal.” Ele citou como exemplo a desigualdade de tratamento entre os taxistas e motoristas de aplicativos, destacando que os motoristas de aplicativos não pagam alvará para a Prefeitura, não apresentam atestado de bons antecedentes e não passam por inspeções do Inmetro ou do setor de Trânsito da cidade.
O presidente da Associação também ressaltou que existem veículos com mais de 30 anos circulando pelos aplicativos, muitos deles sem airbag, o que difere da realidade dos taxistas, que trocam seus carros a cada dois anos e, em sua maioria, possui veículos com até seis airbags.
“Nós, taxistas, temos custos extras com segurança, como seguro específico para passageiros e contribuições ao INSS, o que gera uma concorrência desleal, já que os usuários preferem serviços clandestinos de baixo custo”, explicou.
Edvaldo ainda mencionou que motoristas clandestinos, afastados do trabalho pelo INSS, continuam fazendo corridas, e que há casos de cadastros irregulares, em que um motorista se cadastra no aplicativo, mas um terceiro condutor realiza o serviço. “Aproveitamos a presença de três vereadores na reunião e cobramos a criação de uma lei específica para regulamentar os aplicativos no município. Enquanto essa lei não for criada, continuaremos firmes na cobrança por fiscalizações mais efetivas”, concluiu.