No final de novembro, o Jornal S’Passo publicou uma reportagem narrando a fuga da empresária itaunense Rita Paula Alves de Carvalho, para Buenos Aires, após notificação do STF e o bloqueio de suas contas por suposta participação dos atos golpista do 08 de janeiro de 2023, em Brasília.
Detalhes da fuga de Rita foram narrados por ela mesma, com riqueza de detalhes ao portal de notícias “No Ponto do Fato”, uma plataforma voltada à publicação de matérias da extrema direita.
Após veiculação da matéria, um amigo pessoal de Rita Carvalho entrou em contato com a reportagem e disse que a empresária queria um “direito de resposta à matéria”, alegando que a mesma “teria tido audiência de custódia e não fora condenada”.
Salientamos que na reportagem, não foi citado que a empresária fora condenada, e sim intimada e não encontrada. As informações foram repassadas ao Jornal pela assessoria de comunicação do STF e estão disponibilizadas no link com a tramitação do processo.
Desenrolar do Processo
No dia 04 foi solicitado ao Tribunal de Justiça, ao Tribunal Regional Eleitoral e ao Tribunal Regional Federal da residência da acusada, bem como ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios e ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, as respectivas certidões de antecedentes criminais da parte acusada, que foram enviadas até o último dia 9 de dezembro. Depois deste dia não houve mais movimentações no processo e, como os tribunais entram em recesso neste final de ano, provavelmente a próxima audiência do caso será em janeiro.
Entre fronteiras e incertezas: a nova vida da itaunense na América do Sul
Enquanto espera decisão da justiça, Rita Carvalho participa de festival ao ar livre e afirma em redes sociais que “está começando a gostar do Uruguai”
Nesta semana, a empresária Rita Carvalho deu entrevista a outro Portal de Notícias, desta vez da cidade de Itaúna. Ela confirmou que a Argentina se tornou seu refúgio diante do temor de ser injustamente presa. “Eu estava em uma manifestação pacífica, mas minha vida virou de ponta-cabeça por algo que não fiz”, afirma.
Conforme relato, desde que chegou à Argentina, a empresária já se mudou seis vezes, trabalhou em restaurantes e enfrenta uma rotina sem estabilidade. “Hoje sou uma mochileira. Não tenho casa, nem emprego fixo, e a tranquilidade que eu conhecia parece algo distante”, relata.
A decisão de deixar o Brasil foi tomada em meio às incertezas e ao medo. Apesar disso, Rita reforça que não considera sua saída como fuga, mas como uma busca por justiça. “Tudo mudou. Sinto falta da minha filha, dos amigos e até dos pequenos detalhes da minha vida no Brasil. Hoje, valorizo ainda mais o amor e a presença das pessoas que são importantes.”
Na entrevista, Rita afirma também que teve medo de “ir para prisão por algo que não fez” e contou, que esteve em Brasília em uma “manifestação pacífica em um país que se diz democrático”. Ela nega que tenha participado dos atos de depredação do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo em 2023, afirmou que participou de uma primeira audiência de custódia e aguarda o andamento do processo. “É doloroso ver tantas pessoas trabalhadoras e honestas vivendo longe de seus lares e famílias, enfrentando dificuldades tão grandes”, disse ao Portal.
Entrevista contraditória
As redes sociais de Rita mostram que ela está no Uruguai e as postagens mais recentes mostram a cabeleireira participando de um festival no Uruguai, parecido com o carnaval brasileiro.
Enquanto Rita faz um “mochilão” pela América do Sul, o Supremo Tribunal Federal já condenou 310 pessoas envolvidas nos atos de 8 de janeiro, conforme dados divulgados pela Procuradoria-Geral da República. As sentenças incluem penas severas para aqueles considerados executores, com penas de até 17 anos, e sanções mais brandas para incitadores, como prestação de serviços comunitários e cursos sobre democracia.
Além disso, 500 acusados optaram por acordos de não persecução penal, confessando participação e aceitando medidas alternativas à prisão. Essa estratégia busca concentrar as punições nos responsáveis diretos pelos atos de violência e depredação.