Banda Esplendor e Glória: há 31 anos a alegria invade a contramão do carnaval de Itaúna

Agremiação criada em rodas de samba na saudosa Brasiliana, cresceu no bar 318 e tornou-se adulta nas ruas da cidade com enredos irreverentes e marchinhas de antigos carnavais

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Banda Esplendor e Glória

O Jornal S’PASSO destaca a partir dessa edição as agremiações carnavalescas que fizeram e fazem o desfile da festa momesca acontecer em Itaúna. A primeira delas é a Banda Esplendor e Glória, criada no início dos anos de 1990 e dirigida pelo empresário Rodrigo Otávio Gonçalves Nogueira, tradicional carnavalesco da cidade. Rodrigo esteve na redação do Jornal e contou um pouco da história da Banda e dos preparativos para o Carnaval 2023.

Das rodas de samba na ‘Brasiliana’ e no ‘318’

A história da Banda Esplendor e Glória está ligada às rodas de samba e aos bares da vida de Itaúna. Dois estabelecimentos etílico-festivos fazem parte da origem desta agremiação carnavalesca que os seus criadores combinaram denominar Sociedade Lítero-Recreativa Banda Esplendor e Glória. Em fins dos anos de 1980 e começo de 1990 era comum um grupo de amigos, amantes do carnaval, se reunir em rodas de samba e de muitos comes e bebes, na antiga Brasiliana, em frente à Casa das Roupas, no centro da cidade. Ali se encontravam, invariavelmente e sem combinação prévia, Rodrigo Nogueira, Flavinho, Bolão, Nelsinho, Sérgio Tarefa, Tadeu Nolasco, Davi Miranda, Geovane e Gilson da Dunga,  Braguinha, Valmir Falcão, Taquinho da Viola, Dirceu Antunes, os irmãos Alexandre e Tilinho, Ângelo e Fábio Matos… E, claro, algumas mulheres, igualmente apreciadoras do samba raiz.

Com CNPJ, Alvará e tudo mais

Nesta época, o carnaval de rua estava devagar-quase-parando, aliás, estava mesmo moribundo, com alguns suspiros de nostalgia. Os integrantes da roda de samba combinaram então de sair em bloco por ali mesmo, em volta da Praça da Matriz, nos dias de carnaval. Ficaram nesse desfile meio irreverente por algum tempo e, da Brasiliana, a turma migrou para o novo Bar 318, na rua Antônio Corradi, nº 318, no Cerqueira Lima. Lá, o proprietário Hélcio Herculano abriu as portas para a roda de samba e a novata Esplendor e Glória, que havia se constituído como agremiação carnavalesca com diretoria, CNPJ e tudo mais que a burocracia pede. Mas a irreverência continuava e, pelas ruas do centro e da Praça da Matriz, faziam suas performances com temas sobre a política e a vida social do momento, com um irreprimível bom humor.

Desfiles de trás para frente na Prainha

Quando a avenida Jove Soares tornou-se o “sambódromo” oficial para o carnaval de rua do município, a turma do samba e do pagode dos sábados levou a Banda Esplendor e Glória para lá. Porém, em sentido contrário aos propósitos do Departamento de Cultura. O desfile da Esplendor e Glória era feito na contramão. Saía do bar 318, descia a Antônio Corradi, ganhava a avenida Jove Soares e subia para a Praça da Matriz. Foliões, fantasiados ou não, bêbados e sóbrios, eram seguidos por uma bandinha de músicos que exibia antigas marchinhas do carnaval brasileiro. No começo era um grupo pequeno e, como nos cordões dos festejos cariocas de fins do século XIX e início do século XX, ia crescendo o número de componentes com vestes coloridas e, às vezes, máscaras.   

Concurso de samba-enredo, de rainha e princesas

Envergando o figurino de agremiação registrada nos arquivos do Departamento de Cultura, a Banda Esplendor e Glória reivindicava alvará de funcionamento e realizava concurso de enredo, de samba e também de rainha e princesas, embora neste quesito algumas das escolhas eram meio avacalhadas por pura brincadeira dos participantes. Os campeões dos sambas da banda eram os velhos foliões do grupo, como o escritor Raimundo Rabelo, um dos mais antigos carnavalescos em atividade, Valmir Falcão, Davi Miranda, Flavinho e Bolão.

Bloco da família e dos alcóolicos da ocasião

É tradicional o café da manhã no sábado de carnaval, como já se tornou costumeiro o desfile da Esplendor e Glória e de sua banda de músicos – da Banda Barril de Chope – no sábado e na segunda-feira, com a presença de pessoas de todas as idades, famílias inteiras ao lado de simpáticos bebuns.

Homenagens às figuras tradicionais da festa

Durante esses 31 anos de existência oficial da Banda, foram homenageados carnavalescos da cidade, tradicionais da agremiação, como Tia Elsa, Valmir Falcão, Raimundo Rabelo, Hélcio Herculano e José Lino Pimenta – com exceção de Rabelo e Tia Elsa, todos já falecidos.

Viva o General da Banda

Esse ano, a agremiação carnavalesca vai homenagear um dos de seus fundadores, o “General da Banda” Thadeu Nolasco, que morreu de Covid em 2021.

Independente do poder público

Na entrevista ao Jornal S’PASSO, o presidente da Esplendor e Glória, Rodrigo Otávio Gonçalves Nogueira, afirmou que “nunca recebemos um centavo do poder público”. Os desfiles da banda são organizados pelos integrantes à custa da venda de e de patrocínio de empresas privadas.

Lançamento do carnaval 2023 hoje, no Bar do Flavinho

Este ano, a camisa da Esplendor e Glória custa R$ 50 e será vendida no lançamento do Carnaval 2023, neste sábado (28), a partir das 13 horas, no Master Beach, Bar do Flavinho, no bairro Universitário. Ali será conhecido o samba-enredo, uma marcha-rancho, de autoria do acadêmico Raimundo Rabelo, “Tributo a Thadeu Nolasco”.

A gente se encontra na Praça da Matriz nos dias 18 e 20 de fevereiro

A Banda Esplendor e Glória vai desfilar nos dias 18 e 20 de fevereiro na Praça da Matriz, onde serão montados uma tenda e banheiros químicos.

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