Banda Sagrado Coração de Jesus, patrimônio de Itaúna, completa 86 anos

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No dia 13 de junho a Banda de Música Sagrado Coração de Jesus completou 86 anos de existência. Ela foi fundada em 1937 na comunidade do bairro Santanense e ao longo de quase um século contou com inúmeros regentes e músicos. Aliás, foram os músicos e demais pessoas amantes da música, de Santanense, que criaram esta corporação composta de instrumentos de sopro e percussão.

O atual maestro, o saxofonista Walter Diniz Júnior, não sabe precisar quem são os fundadores e os primeiros componentes da Banda Sagrado Coração de Jesus. Hoje ela conta com 25 músicos que estão sempre ensaiando e se apresentando nos eventos para os quais é chamada. Walter Júnior está à frente da banda desde 2005.

O Jornal S’PASSO conversou com Walter Júnior sobre a Banda Sagrado Coração de Jesus e um pouco da história na cidade.

Repertório diversificado e administração organizada

O repertório da Banda Sagrado Coração de Jesus é bem variado, vários dobrados, marchas militares, fúnebres e festivas, boleros e outros estilos que agradam a todos. Tem um uniforme de presença, músicos dedicados e muito potencial. Hoje, a banda está com a sua documentação 100% em dia, novo estatuto, nova ata, alvará de funcionamento, e vários outros documentos que são importantes para o seu funcionamento.

Músicos do passado e da atualidade

Eu comecei na regência da Banda em março de 2005 com pouquíssimos músicos da época: os trombonistas Nôca, Doca e José da Cruz e o Sr. César, que era clarinetista, que não estão mais conosco. Também já estavam lá músicos mais novos, que ainda continuam, como o trompetista Robson e o clarinetista Telmo Santos. Ao longo desses anos nunca desistimos da banda, sempre nos esforçamos para manter a banda ativa e também para que os músicos não se desanimassem com as barreiras encontradas no caminho.  

Utilidade Pública Municipal desde 1965

Não sei ao certo quem realmente fundou a banda, mas pelo pouco que conversei com alguns moradores do bairro de Santanense, foram as próprias pessoas da época que moravam na comunidade e tinham mais aptidão para a música. O seu primeiro estatuto foi criado e registrado em 1986 pelo padre Heli Lourenço. A banda tem certificado de Utilidade Pública Municipal de 1965 e também Estadual, desde 2007.

Era somente de Santanense, hoje é de toda a cidade

Tempos atrás, a Banda atuava somente em Santanense se apresentando nas festividades religiosas e, às vezes, participava de alguns encontros de bandas na região. Hoje, ela participa de vários eventos por toda a cidade onde é muito querida por quem assiste as apresentações. A banda se apresenta em procissões religiosas, inaugurações de espaços públicos, desfile cívico e em outros tipos de eventos religiosos. Também está presente nos encontros de bandas na região do centro-oeste mineiro.

Aulas gratuitas e formação de novos músicos

A Banda oferece aulas gratuitas para novos alunos que queiram aprender um pouco sobre a teoria da música e também aprender instrumentos de sopro para participarem de suas atividades. Essas aulas são ministradas, gratuitamente, em sua sede, no Grêmio de Santanense, todas as terças-feiras, das 18h às 20h. Para aquele aluno que não tem condições de comprar o próprio instrumento, a banda empresta para que o aluno possa aprender e fazer parte da mesma.

A banda sobrevive graças aos músicos e à parceria de pessoas e empresários

A instituição sobrevive através dos músicos que sempre estão presentes nos ensaios e apresentações para manter a tradição das bandas mineiras. Além dos músicos, contamos com doações das igrejas das quais participamos, doações de amigos que sempre acompanham o trabalho da banda e também de projetos municipais. Nesse ano de 2023 conseguimos uma verba excelente vinda do nosso amigo, o vereador Da Lua. Com esse recurso, vamos conseguir comprar novos instrumentos para os alunos participarem da banda.

Encontros de bandas

Num passado já distante os encontros eram mais comuns em Itaúna e também nas cidades mineiras. A banda participou de vários encontros. Eram eventos grandiosos, várias bandas tocando os dobrados, boleros, sambas e demais estilos musicais. Havia bandas pequenas, bandas enormes, de perto e de longe, uma festa maravilhosa. Em Itaúna, participamos de poucos encontros de bandas e acredito que deve ter mais de 15 anos que não acontece um encontro de bandas. Tentamos realizar um evento no ano passado, em parceria com a Prefeitura, mas devido a compromissos das outras bandas na data sugerida não conseguimos fazer o evento. Temos projeto para realizar os encontros de bandas novamente, falta acertar detalhes com a Secretaria de Cultura para que o evento aconteça.

As bandas de música estão passando?

Pelo que tenho conversado com outros maestros de Minas, infelizmente as bandas não estão sendo mais tão relevantes para as cidades. As dificuldades dessas agremiações em Minas Gerais são as mesmas, várias, mas os maestros, músicos, familiares dos músicos e amigos sempre apoiam e nunca deixaram as bandas se acabarem, enfrentam essas dificuldades juntos. Estão sempre ensaiando e apresentando com a Banda.

A Banda é para o ano todo, feriado religioso tem a banda tocando, faça sol, faça chuva, terá a banda tocando. É importante toda a sociedade reconhecer esse patrimônio que tem, porque a cada dia que passa a banda está menor, mas nunca sem qualidade.