Talvez no momento em que essa matéria estiver circulando o velho prédio da Praça da Estação estará no chão – e não restará pedra sobre pedra – como tem acontecido com muitos outros imóveis em Itaúna nesses tempos em que a especulação imobiliária também afeta a vida das pequenas cidades. Membros dos conselhos municipais de Cultura e do Patrimônio, o Codempace, estão tentando reverter uma decisão, tanto polêmica quanto confusa, de alguns colegas sob a liderança do secretário municipal de Cultura e Turismo, Ilimane Lopes, o Joe, que querem demolir o casarão. Construído em estilo de arquitetura eclética que mistura do art nouveau com o neoclássico, característica das três primeiras décadas do século XX, muito comum na paisagem itaunense, o prédio abriga, nos dias de hoje, o singelo Alvorada Hotel, por muitos chamado de “motel” por atender casais enamorados em furtivos encontros, a preços módicos. As informações que chegaram à redação são de que o prédio pertence aos herdeiros de Maria Fausta e Ari Antunes, que querem mesmo vendê-lo e, antes disso, demolir a estrutura, já que o imóvel é inventariado pelo Codempace e está em processo de tombamento como patrimônio histórico do município.
Nos últimos dias inúmeros artistas, professores e gestores culturais, entre os quais Levy Vargas, Bel Abreu, Léo Souza e Geraldo Fonteboa, compareceram às redes sociais para se posicionarem contrários à investida dos proprietários do casarão e os posicionamentos favoráveis à destruição do imóvel por alguns membros dos conselhos ligados à Secretaria de Cultura e Turismo. Para os contestadores dessa ideia, as duas votações acerca do pedido de demolição do casarão foram conduzidas de forma confusa, com pessoas estranhas aos conselhos tendo direito à opinião e voto. Alguns membros dos colegiados queixam-se de que o titular da pasta, Joe, recusa atender às solicitações para ampliar os debates e o acusam de bloquear grupos de WhatsApp, criados pela Secretaria de Cultura e Turismo, em que o assunto estava sendo tratado.
Secretário diz que derrubada do prédio foi deliberada pelo Codempace em duas reuniões
O secretário de Cultura e Turismo, Ilimane Lopes, o Joe, respondeu ao Jornal S’PASSO sobre as questões tratadas pelos conselheiros. Primeiramente disse que o imóvel, que é inventariado e não tombado, é de particular e partiu dos proprietários a demolição. A Secretaria de Cultura, solicitada a deliberar, colocou a decisão para o Codempace e em duas oportunidades este foi favorável à iniciativa dos proprietários. Ou seja, maioria apoiou a demolição. Acerca das acusações de que houve cerceamento de debate por parte do secretário nos grupos de WhatsApp, Joe esclareceu que as tratativas nas reuniões dos conselhos precisam ser mantidas em ressalva. “Não podemos expor à sociedade, depois dos assuntos esclarecidos, as opiniões do colegiado como forma de coagir. O que houve foi isso. Para nós é um assunto esclarecido, resolvido”, disse.