A sessão da Câmara, do dia 29 de abril, ganhou repercussão após o cidadão Hélio Pinheiro, conhecido como Hélio Perereca, utilizar o espaço da participação popular para cobrar mais transparência do Legislativo. O ponto central de sua fala foi a denúncia de uso indevido de veículos oficiais durante uma carreata eleitoral, em 2018, supostamente em apoio à candidatura de Jair Bolsonaro.
O que era para ser um momento democrático de fiscalização cidadã terminou em um confronto constrangedor. Após sua manifestação, Hélio foi atacado verbalmente pelo vereador Kaio Guimarães (PMN), que, exaltado, o acusou de mentiroso, levantou-se de sua cadeira, bateu no peito e apontou o dedo para o cidadão. O episódio gerou revolta e comoção entre presentes e nas redes sociais.
Já nesta semana, Hélio retornou à tribuna para repudiar o tratamento recebido. Em discurso emocionado, pediu respeito e criticou a hostilidade por parte dos vereadores. “Essa é a casa do povo. Quando o cidadão vem aqui cobrar ou criticar, é porque algo está errado. Não venho aqui para ser achincalhado, xingado ou ofendido. Tenho uma filha de 10 anos que acompanha essas sessões e ficou muito triste ao me ver sendo tratado daquela forma”, declarou.
Hélio também cobrou maturidade e equilíbrio emocional dos parlamentares: “Se um cidadão usa esse espaço para questionar, é porque há algo errado. Não é para ironizar ou debochar. A crítica faz parte da democracia”.

Vereadores reagem com ironias e apelidos
Em resposta, o vereador Kaio Guimarães voltou a chamar Hélio de mentiroso, justificando sua postura agressiva como uma reação à suposta falta de respeito do cidadão. Kaio chegou a dizer: “Venham mais. Aqui tem caixa para aguentar, confrontar e chamar de mentiroso quem faltar com a verdade”.
Já o vereador Alexandre Campos (MDB), também citado por Hélio, usou um tom debochado e até ofensivo, afirmando que o cidadão estaria “dodói” e sugerindo trocar seu apelido para “Hélio Dodói”, minimizando suas críticas como “despreparo sentimental”.
“Você ataca a cidade, os vereadores e não quer ser atacado? Então saia da política. Nós somos vidraça”, disse Alexandre, apesar de Hélio não ocupar cargo político.
Assédio e condecorações polêmicas
A sessão também teve críticas da cidadã Ana Paula Silva ao vereador Guilherme Rocha (NOVO). Ela acusou o parlamentar de ter se omitido diante de denúncias de assédio e agressão cometidas por Francisleno, figura conhecida em Itaúna. Segundo Ana Paula, o vereador chegou a informar sobre a intenção de homenagear publicamente o acusado com um título de Cidadão Honorário, apesar de seu histórico de agressões e episódios de crise de saúde mental.
Ana Paula questionou a ética na concessão de títulos e homenagens custeadas com dinheiro público: “Esse prêmio de cidadão honorário custa caro e poderia ser feito de maneira mais simples e respeitosa. As mulheres que denunciaram Francisleno precisam de proteção, não de deboche institucionalizado”.
O vereador se defendeu, afirmando que Francisleno é seu amigo de longa data, está em acompanhamento médico e que ele mesmo está fazendo o possível para ajudá-lo em sua recuperação. Contudo, reafirmou que cabe às vítimas procurarem a Justiça e que iria seguir o conselho dado pela cidadã sobre a exposição nas redes sociais.
Repercussão
O tom agressivo, irônico e, em alguns momentos, desrespeitoso adotado por alguns parlamentares gerou indignação nas redes sociais. A população demonstrou apoio aos cidadãos que se manifestaram na tribuna e cobrou uma postura mais madura dos vereadores.
Os vídeos viralizaram, a pressão popular cresceu e muitos internautas destacaram a necessidade de os vereadores repensarem a conduta em plenário, incentivando não o discurso de ódio, mas o tom respeitoso e democrático.