“Recebi esse mandato numa situação infinitamente melhor do que eu recebi em 2017. Iremos consolidar grandes obras para a população”.
O prefeito Neider Moreira de Faria (PSD) recebeu a reportagem do S’PASSO em seu gabinete na tarde de quarta-feira (6) para uma entrevista acerca do seu novo governo, das composições políticas, do cenário que se desenha para 2021 e, claro, a pandemia da Covid-19. Ei na íntegra o que falou o chefe do executivo:
Ano novo, governo novo
Estamos promovendo algumas mudanças no primeiro escalão. A princípio a vinda da Alessandra Nogueira (ex-secretária de Educação nos três primeiros anos desse governo) para a chefia de gabinete. A ida do Valter (Valter Gonçalves do Amaral, ex-chefe de gabinete) para a secretaria de Finanças. Acabei de postar uma mensagem agradecendo ao Warley (Warley Eustáquio de Souza) pelo belíssimo trabalho na secretaria. Ele teve que se desdobrar intensamente em função dos negócios dele. Ao mesmo tempo, tínhamos que reacomodar a situação do Valter que exercia o cargo de chefe de gabinete, que é agente público e não de agente político, com a eleição do irmão dele na Câmara (Aristides Gonçalves Ribeiro Filho, PSC) ficava inviável a sua permanência no governo nessa condição. Então, nós fizemos a mudança, mas mantivemos o Valter no governo porque o PDT, partido dele, tem contribuído muito com o governo. No segundo escalão, estamos fazendo algumas alterações, mudanças de gerentes, outros cargos. E isso faz parte do processo político.
Dança das cadeiras
Neste segundo mandato fizemos uma nova composição com o objetivo de dar oportunidade do primeiro suplente do nosso partido, o PSD, Nesval Júnior (assessor de gabinete), de assumir o mandato de vereador. O edil Lucinho (Lucimar Nunes Nogueira, PSD) assumirá a Secretaria de Governo juntamente com o João José (atual secretário). Eles farão uma interlocução com a Câmara de Vereadores juntamente com a vice-prefeita Gláucia Santiago.
Um olhar técnico para o SAAE
A direção do Serviço Autônomo de Água e Esgoto – SAAE permanece sob o comando do Arley (Arley Cristiano Silva). Estaremos reestruturando a Gerência de Resíduos Sólidos e implantando a Gerência de Esgotos, fazendo na autarquia uma gerência de qualidade com uma pessoa da iniciativa privada que será contratada. Nesse primeiro mandato, nós fizemos a reestruturação financeira do SAAE, agora faremos a reestruturação operacional. Principalmente, no que diz respeito à política de qualidade.
Mudança para a nova sede da Prefeitura
Já está pronto o Centro Administrativo, a nova Prefeitura. Agora está na parte da montagem dos móveis. A empresa que venceu a licitação prometeu entregar tudo até o dia 15 de janeiro. A minha expectativa é que até o final desse mês nós estejamos lá, pelo menos o meu gabinete. A mudança será gradativa, não serão todos os setores ao mesmo tempo. E quando estiverem todas as secretarias funcionando na nova Prefeitura iremos fazer uma cerimônia de inauguração.
Cenário itaunense e a ausência de líderes políticos
A formação de quadros na política nunca foi fácil. É preciso vocação, preparo e uma formação acadêmica boa. Se deparar com a administração pública de uma maneira geral, não é tarefa para qualquer um. Então, a formação de quadros é uma coisa que acontece assim, de tempos em tempos, isso tem sido natural. O próprio Brasil tem uma escassez de lideranças que tenham condição de assumir, por exemplo, a presidência da República. Uma escassez de estadista, creio que desde JK. Uma pessoa que tenha o pensamento amplo sobre nação, política e forma de governar. E isso acontece com os municípios também, uma liderança política aparece, de tempos em tempos. A nossa reeleição, por exemplo, desde que começou o processo, posso dizer que foi a mais fácil que Itaúna teve. Em 2000, o Osmando (Osmando Pereira da Silva, PSDB) ganhou por 220 votos, em 2008 o Eugênio (Eugênio Pinto, Avante) ganhou com 570 votos de frente; e em 2016, o Osmando perdeu feio. Agora, essa última eleição, nós vencemos com tranquilidade, fazendo uma campanha dosada em função da pandemia. Então, essa eleição reafirma a liderança política no município hoje. Naturalmente que isso nos leva a uma responsabilidade de consolidar a liderança política, fortalecendo o grupo e esse processo de transformação que estamos desenvolvendo.
O segundo mandato
Repito que foi um mandato extremamente difícil, mas conseguimos fazer o saneamento financeiro na Prefeitura. Recebi esse mandato numa situação infinitamente melhor do que eu recebi em 2017. Iremos consolidar grandes obras para a população. Nós já temos de recursos garantidos, contratos assinados, já licitados, em torno de R$ 12 milhões, de obras para iniciar. E temos ainda alguns outros milhões para execução de outras obras. Temos uma expectativa muito interessante pela frente e temos condição de fazer captação de recursos muito melhor. Como nós melhoramos as finanças do município, o Banco Central ampliou a confiabilidade de Itaúna com a análise de risco de crédito, saímos da letra B para a letra C. Isso torna os financiamentos mais baratos, tanto que os bancos estão vindo aqui oferecer recursos para o município. A dívida do município em 2012 equivalia a quase 13,66% da receita líquida. De 2016 para 2017, essa dívida correspondia a 7,66% da receita corrente líquida do município. Na virada de 2020 para 2021, a dívida equivalia a 2,94% da receita líquida do município. Isso quer dizer que o nível de solvência melhorou significativamente nos últimos quatro. Temos hoje um município mais forte financeiramente, muito mais confiável. Não devemos nada de previdência, não devemos salários, nada de fornecedores, nada aos prestadores de serviços.
Pandemia da coronavirus
Vamos completar dez meses de pandemia. Você imagina se estivéssemos com essas coisas todas fechadas durante dez meses? Como estaria a situação econômica do município? O gestor público tem que ter a capacidade de balancear as coisas, de fazer uma leitura mais ampla da situação, diferente do cidadão que vê só aquilo que interessa a ele. O gestor tem que olhar aquilo que interessa à coletividade. Creio que nós temos tido a capacidade de leitura do momento, que tem permitido balancear a questão sanitária com a situação econômica. Tanto é verdade que em 2020, de janeiro a novembro, Itaúna gerou 907 vagas formais de emprego, enquanto isso outras cidades próximas perderam centenas de vagas. Itaúna é a cidade do centro-oeste que mais gerou empregos nesse período. Isso mostra que estamos tendo a oportunidade de fazer um balanço correto para conduzir a coisa. E temos uma capacidade médico-hospitalar muito boa. Ninguém ficou sem atendimento médico por causa da Covid. Hoje mesmo, dos 30 leitos de Covid, estamos com 19 ocupados. Dos 19, se não me engano, 13 são de Itaúna os outros seis são de fora. Agora, o ideal é que a vacina chegue o mais rapidamente possível. O governo federal tem sido muito moroso com essas definições. Não definiu sequer qual vacina será utilizada no plano nacional de imunização.
Vacinação contra a Covid-19
A compra do material tem que ser feita pelo governo federal, distribuída pelos estados e esses repassam aos municípios. O município é quem irá executar a vacinação. Itaúna está absolutamente preparada, principalmente se a escolha for pela vacina produzida pela AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, porque ela pode ser armazenada numa temperatura entre 2 e 8 graus centígrados. A da Pfizer, por exemplo, precisa ser armazenada a menos de 70°. Nós não temos super refrigeradores e o Brasil, continental que é, dificilmente atenderá. A de Oxford nos atende e todas as unidades de saúde do município possuem refrigerador para ela. Então, estamos absolutamente preparados para executar a vacinação. Agora, estamos aguardando a classificação da nossa macrorregião para tomarmos medidas necessárias a partir de sábado com relação a novas medidas sanitárias.
Câmara de Vereadores
Nossa relação com a Câmara será absolutamente republicana. Cada um no seu quadrado. A Câmara legislando e fiscalizando, o executivo executando. Não existe interferência de um poder sobre o outro. Quando o Fares (Vereador Fares José Neto, PV), com quem eu tenho uma relação fraterna, esteve aqui falando de seu interesse em montar uma chapa para a Mesa Diretora, eu sugeri que ele fizesse essa composição com a base aliada, mas que eu não iria interferir. Ele convidou o Toenzinho (Vereador Antônio de Miranda Silva, PSC) para compor. Logo em seguida, eu fui surpreendido com a vinda de nove vereadores que vieram me falar que não aceitariam aquela chapa com o Toenzinho como integrante. Eu manifestei que sentiria confortável com qualquer uma das chapas, a do Alexandre ou do Fares.