Concreto

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Pedro Nilo

Ao olhar nos seus olhos

e nos seus olhos

e nos seus,

nos seus também,

vejo dor.

Tudo que existe tem história e

toda história tem dor:

é o corre incessante,

o dinheiro pouco,

a rotina estressante,

o mundo louco.

É a inflação que sobe,

a corrupção que aumenta

enquanto um militar em vestimenta

jura deixar a pátria livre ou morrer pelo Brasil.

Em tudo há guerra todo instante.

Cada célula sofre,

mente,

órgão.

E o pobre continua pobre.

E o rico continua rico.

E a vida, de concreto, dura, perene.

Entretanto, de certa forma indiferente,

um pequenino beija-flor se aproxima de uma rosa

fatalmente crescida num canto de cidade.

Em instantes, toca-a com seu bico fininho e vai embora.

De certa forma, indiferente.