As comemorações pelo Dia da Pátria, no 7 de setembro, serão realizadas por todo o país e em alguns lugares acontecerão de forma diferente com manifestações em favor do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) e de contestação a medidas tomadas por instituições democráticas. Há promessas de protestos contra o STF e o Senado.
Por outro lado, também haverá eventos de repúdio contra o presidente Bolsonaro e políticos profissionais, como o tradicional ‘Grito dos Excluídos’, em várias partes do país. Antes da pandemia, o 7 de setembro era realizado com desfile cívico-militar nas ruas das cidades, além da exibição de cavalos, bicicletas, motocicletas e de entidades artísticas e filantrópicas.
A Secretaria de Educação do Município informou que em vez do tradicional desfile de alunos e professores “serão promovidas ações de cunho pedagógico no contexto de cada escola, para evitar aglomerações e a consequente exposição de nossos estudantes e profissionais”.
Em Itaúna, o PT e o PSOL estão considerando promover o “Grito do Excluídos”, na avenida Jove Soares (Prainha), no 7 de setembro. O movimento é um conjunto de manifestações que acontecem no país desde 1995 na Semana da Pátria, especialmente no Dia da Independência e que se originou de ações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Esses eventos buscam abrir e propor caminhos aos excluídos sociais, denunciar mecanismos de exclusão e propor alternativas para uma sociedade inclusiva.
Pessoas ligadas aos partidos de direita, como vereadores e religiosos católicos e evangélicos, estão organizando uma manifestação, não para o dia 7, mas para 5 de setembro, domingo. Denominada “Caminhada Patriótica da Família”, o evento sairá do Boulevard Lago Sul, em frente à Prefeitura, às 8h30, e percorrerá as principais ruas do centro.
Pelo caráter do evento e o perfil dos seus organizadores há quem faça uma analogia dessa manifestação de domingo à histórica “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, que precedeu o golpe militar em março de 1964. Foi nessa linha que o Jornal S’PASSO ouviu pessoas ligadas ao evento e ao principal grupo de direita local, o Movimento dos Conservadores Cristãos.
Padres participam de evento da direita por decisão pessoal
Dois padres da Diocese de Divinópolis, Adriano Bolognani e Crysthian Shankar, gravaram vídeos convidando a população para o evento. O bispo diocesano Dom José Carlos de Souza Campos disse à reportagem que não foi informado acerca da participação dos religiosos na manifestação.
“Os padres não pediram e não receberam nosso consentimento para apoiar e participar nele. Estão agindo por iniciativa absolutamente pessoal. Isso trará divisões entre a comunidade e o clero local certamente! Não os apoio nem condeno, apenas lamento esta ação sem comunhão e comunicação”, pontuou. Dom José Carlos contou que no dia 7 de setembro estará participando do Grito dos Excluídos em Divinópolis. “Esta é uma ação da Igreja em comunhão. (In)felizmente temos todas as posturas político-ideológicas no clero. Eles devem responder pelas suas opções diante da sociedade”, finalizou.
Fortalecer valores cristão, da família, da pátria e da vida
O líder empresarial Cláudio Veras é integrante do Movimento Conservadores Cristãos de Itaúna. Veras foi um dos idealizadores do Prodescom – Programa de Desenvolvimento Sustentável do Centro-Oeste Mineiro, iniciado pelas entidades empresariais de Itaúna em 2000. O Prodescom foi acolhido por lideranças públicas, privadas e do terceiro setor de 77 municípios do centro-oeste mineiro, na busca comum do desenvolvimento socioeconômico da região. O movimento chegou a promover um encontro no município com o então presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB), quando foram traçadas uma visão de futuro para o ano de 2010 e um plano de desenvolvimento regional para implementá-la.
Acerca do Movimento Conservadores Cristãos, Cláudio Veras reforça que é uma iniciativa voluntária recente de cidadãos itaunenses com o propósito de fortalecer os valores cristãos, da família, da pátria e da vida na comunidade itaunense, com atitude política.
“Não identifico, na história recente de Itaúna, um movimento que tenha crescido tanto em tão pouco tempo e ocupado um espaço tão importante. A ocupação ativa de um espaço político não partidário resgata a essência da política àqueles que moram na cidade. Vejo isso positivamente. Os territórios desenvolvidos têm essencialmente o protagonismo de seus cidadãos como condição essencial para o desenvolvimento”, salientou.
O líder empresarial explicou que a “Caminhada Patriótica da Família” é uma oportunidade de celebração comunitária de valores importantes, como a família e a pátria. A manifestação também fará alusão ao 199º aniversário da Independência do Brasil.
Patriotas defendendo a democracia
O industrial Igor Dornas tem seu nome ligado aos conservadores cristãos de Itaúna por causa de sua família. Convidado a falar sobre a manifestação do dia 5 de setembro, ele não assumiu o protagonismo do evento, mas contou que familiares seus estão na linha de frente e que ele apoia integralmente.
“O objetivo é tentar reavivar o amor à pátria, que hoje em dia anda deixado de lado. Acho válido, principalmente num momento em que o país atravessa dias muito tensos, onde vejo patriotas defendendo a democracia segundo a constituição, e algumas autoridades usando de autoritarismo tentando calar aqueles que falam o que eles não querem ouvir. Admiro e apoio este grupo de conservadores cristãos de Itaúna”, pontuou.