A Cooperativa de Reciclagem e Trabalho coletou 200 toneladas de recicláveis toneladas de materiais recicláveis, incluindo latas e garrafas plásticas, durante os oito dias de Carnaval em Itaúna. A ação continua ativa mesmo após o encerramento da festa, já que o trabalho é realizado durante o ano todo, mas intensificado durante a festa momesca, reforçando o compromisso com a sustentabilidade e o reconhecimento do trabalho dos catadores.
Foi montada pela Cooperativa uma operação especial na região central e nos bairros que receberam o maior fluxo de pessoas, como Santanense, Padre Eustáquio, Piedade e Itaunense. Além disso, diversos estabelecimentos comerciais, o SAAE e a Prefeitura colaboraram, separando os recicláveis gerados e reduzindo significativamente a quantidade de lixo descartado de maneira inadequada.

Embora a operação tenha mobilizado o setor público, catadores, foliões e comerciantes para minimizar o impacto ambiental do Carnaval, a fundadora da Coopert, Madalena Duarte, chama a atenção para o descarte irregular de resíduos que vem ocorrendo ao longo do ano.
“Temos notado que uma parte da população não tem seguido os princípios da coleta seletiva na cidade, colocando o lixo molhado junto com o seco, o que tem dificultado bastante a separação. Outro ponto observado é que os proprietários de imóveis têm colocado os resíduos em dias diferentes e aos finais de semana, após as 12h, quando o caminhão já passou. Muitas vezes isso ocorre por falta de responsabilidade ou por não querer guardar o resíduo dentro de casa”, conta.
Madalena cobra parceria efetiva do poder público para a elaboração de campanhas educativas na cidade, como as realizadas no lançamento oficial da coleta seletiva, em 2012.

“Nessa época, tínhamos educação ambiental nas escolas de segunda a sexta-feira. Em parceria com a Prefeitura, realizamos campanhas nas escolas municipais e estaduais da cidade, com apresentações de teatro e palestras. O trabalho também era realizado dentro de empresas privadas e até no Hospital Manoel Gonçalves e no Centro de Especialidades Médicas Dr. Ovídio”, relembra.
Há 10 anos, as campanhas educacionais da Coopert ainda ocorriam e só deixaram de ser realizadas a partir de 2019, o que foi esquecido com o tempo. “Essas campanhas educativas são extremamente necessárias, já que a cidade recebeu novos moradores nos últimos anos, que não conhecem o trabalho realizado aqui. Além disso, temos nossas crianças, que podem aprender desde cedo a educação ambiental e sustentável.”
Retomada
Madalena Duarte confirmou à reportagem que a Coopert já propôs a retomada da parceria com o prefeito Gustavo Mitre (Republicanos), e que tanto a administração quanto a cooperativa estão se organizando para a retomada do Programa de Reeducação Ambiental na cidade, com o intuito de promover a coleta seletiva e práticas sustentáveis.
A coleta seletiva
A coleta seletiva de lixo em Itaúna é um exemplo de sucesso na gestão de resíduos sólidos. Implantada em 2002, e com assinatura do contrato de prestação de serviço pela Coopert em 2012, a iniciativa transformou a forma como a população lida com o lixo, promovendo a separação dos resíduos e a destinação adequada.

Em Itaúna, o sistema de coleta seletiva é organizado em dois tipos principais de resíduos: o lixo molhado, que é recolhido nas segundas, quartas e sextas-feiras, e o lixo seco, que é coletado nas terças, quintas e sábados. O lixo molhado é destinado ao aterro sanitário, enquanto o lixo seco é encaminhado para a Cooperativa de Reciclagem (Coopert), que se encarrega da triagem, seleção e comercialização desses materiais.
A cobertura da coleta seletiva abrange 100% do município, garantindo que todos os moradores participem do processo. O sucesso dessa iniciativa reflete-se na participação da comunidade, especialmente após um período de ajustes no início do programa.
Inicialmente, a coleta estava dividida em 80% de lixo molhado e 20% de lixo seco, mas, após a adesão da população, a proporção foi ajustada para 70% de lixo seco e 30% de lixo molhado, o que demonstra a eficácia do programa e a conscientização crescente dos itaunenses.
Os números são expressivos: o município coleta aproximadamente 400 toneladas de lixo seco por mês, das quais 70% (cerca de 280 toneladas) são reaproveitadas e comercializadas pela Coopert. Apenas 30% do lixo seco é destinado ao aterro sanitário. Já o lixo molhado, com 1.300 toneladas mensais, é encaminhado diretamente ao aterro sanitário para a destinação adequada.

O resultado positivo da coleta seletiva em Itaúna é atribuído a uma série de fatores. A simplificação do processo, a decisão de adotar um sistema de coleta nos moldes de lixo seco e molhado, e a comunicação eficiente com a população foram fundamentais para garantir a adesão e participação da comunidade. Além disso, o apoio da gestão municipal, com a implementação e acompanhamento do programa, foi essencial para o seu sucesso.
A campanha de conscientização teve um papel crucial na mudança de hábitos dos itaunenses, que entenderam a importância de separar corretamente os resíduos, contribuindo para a sustentabilidade do município. Com isso, a cidade conseguiu reduzir significativamente a quantidade de lixo destinado ao aterro sanitário, além de aumentar a reciclagem e o reaproveitamento de materiais.