Creches estão fechadas há mais de um ano e cerca de 700 crianças e 200 profissionais sentem o impacto da pandemia

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O retorno às aulas presenciais em Itaúna ainda é uma incógnita, uma vez que depende de uma série de situações, como a vacinação de todos os profissionais da educação, bem como dos alunos, além da adaptação das escolas e definição de um protocolo seguro para todos os envolvidos. Não é diferente a situação das creches, que atendem bebês e crianças da educação infantil.

As imposições de distanciamento e de maiores cuidados na pandemia da Covid-19 há mais de um ano, afetam de maneira significativa pais que necessitam trabalhar fora de casa e não têm com quem deixar os filhos. As creches são essenciais para as famílias, especialmente aquelas que não dispõem dos serviços das babás e de outros profissionais domésticos. Aqui entra uma questão delicada, inclusive que tem sido motivo de denúncias de órgãos assistenciais e de políticos, que é a condição de vulnerabilidade que muitas crianças vivenciam estando fora dos espaços escolares e, muitas vezes, ficando somente sob o cuidado de irmãos mais velhos ou mesmo de vizinhos.

Em julho do ano passado, em entrevista ao Jornal S’PASSO, a presidente do Conselho Tutelar de Itaúna, Marcela Luiza da Silva, abordou o assunto, contando as demandas do órgão para o atendimento de denúncias de maus tratos, violência sexual contra crianças e adolescentes.

Atendimento remoto

Itaúna conta com oito creches, quatro do município e quatro conveniadas. Segundo o secretário municipal de Educação, professor Weslei Lopes, hoje essas instituições estão atendendo os bebês e as crianças de modo remoto, através de interações virtuais, por telefone ou vídeo-chamadas. Nas creches municipais, 433 crianças são atendidas, 132 no Núcleo de Educação Infantil – NEI Custódio Emídio da Cruz; 116, no NEI Santo Agostinho; 132, no Centro Municipal de Educação Infantil – CMEI Lúcia de Lima Carvalho; e 53, na Creche Recanto Feliz. Nas creches em convênio com a Prefeitura, são 313 crianças acolhidas: 53, na Creche Branca de Neve, 136, na Creche Casa Betânia, 30, na Creche Madalena Penitente e 94, na Creche Pequeno Polegar.

Para atender o público infantil, 127 profissionais prestam serviços nas creches municipais e 66 nas instituições conveniadas. Desses números, 112 são professores.

Atividades pedagógicas on-line e entrega de alimentos para as famílias 

Segundo o secretário Weslei Lopes, as atividades desenvolvidas pelas creches na modalidade remota, são práticas pedagógicas, que partem das interações e brincadeiras, o que possibilita a aprendizagem e socialização. As interações dos professores com as crianças acontecem três vezes na semana com contação de histórias, brincadeiras diversas e conversas. Essas interações são por WhatsApp, videochamadas e ligações telefônicas. Weslei acrescenta que no site da Prefeitura, a SEMED disponibiliza oito e-books dentro da plataforma “Faça em casa”, com experiências que envolvem vivências em família e as novas aprendizagens por meio de práticas culturais.

Alimentação

Grande parte dos alunos da escola pública, sejam crianças ou adolescentes, tinha nas escolas um lugar que lhes fornecia alimentação de qualidade, que muitos não tinham em casa. O secretário Weslei pontuou que todos os estudantes regularmente matriculados na rede municipal recebem kits de alimentos. “Nesta semana, por exemplo, os estudantes de creches e das escolas de zona rural estão recebendo um novo kit, com os seguintes produtos: tomate, feijão, bebida láctea, cará, banana, cebola, goiaba, moranga, biscoito, ovos, batata, laranja, maçã, chuchu, beterraba e arroz”, salientou.

Imposição da Onda Vermelha

Fechados os prédios no período da pandemia e com a suspensão de todas as atividades, as creches passam apenas por serviços de manutenção e limpeza e, de acordo com o secretário de Educação, a situação de suspensão de atividades continuará até que haja condições sanitárias que permitam a retomada das aulas presenciais. “Nesse sentido, aguardamos que o município esteja enquadrado na Onda Amarela do Minas Consciente para a futura retomada das atividades presenciais”, reforçou.

Casa Betânia, sem atividades para as crianças e sem meios de arrecadar recursos financeiros

A coordenadora da Creche Casa Betânia, no bairro Piedade, Rosângela Viana, contou que a situação das Obras Sociais da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, que mantém a creche e o Retiro Santa Helena, tem se agravado depois das restrições impostas pela pandemia. Felizmente, os repasses dos órgãos governamentais não sofreram atrasos, porém, não são suficientes para manutenção das instalações. Rosângela destaca que para complementar o orçamento, as Obras Sociais realizavam eventos para arrecadação de fundos, mas que estes não estão sendo feitos devido à pandemia. Para tentar suprir a demanda, os funcionários e voluntários das estão realizando “ações entre amigos”, mas nem sempre essas ações trazem o mesmo retorno que os eventos que eram organizados anteriormente.

Famílias com grandes dificuldades

Rosângela Viana explica que atendimento das crianças está sendo feito com atividades interativas na modalidade remota e que, durante a pandemia, a instituição está mantendo sua infraestrutura fazendo reformas necessárias para receber as crianças. “Muitas famílias estão passando dificuldades com a paralisação das creches. O impacto financeiro gerou nas famílias outro desafio: pagar alguém para “tomar conta” de sua criança, enquanto trabalham. O impacto também é sentido em relação à aquisição de alimentos básicos que tiveram uma alta considerável nesse tempo de pandemia”. Segundo Rosângela, outro grave problema encontrado pelas famílias é o desemprego gerado pela situação socioeconômica em que o país se encontra.

Mais duas creches 

A Prefeitura está concluindo obras de duas creches, uma no bairro Cidade Nova, já em fase final, e outra no Santa Edwiges. A expectativa é de que as duas escolas maternais ofereçam 240 novas vagas.

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