Crise financeira do Hospital Manoel Gonçalves volta a incomodar

Negociação entre a instituição e a Fundação São Francisco Xavier não avançou. Rumores na cidade sugerem que houve desistência da empresa, mas secretário de Saúde nega e afirma que as conversas serão retomadas em abril

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A crise financeira da Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira, com débitos milionários, volta a assombrar a direção da instituição depois de quase esgotados os recursos financeiros repassados pelo governo municipal em dezembro de 2022 e, também, no início desse ano. Em dezembro, foram adiantados pela Secretaria Municipal de Saúde R$ 3,3 milhões e em fevereiro passado, a Prefeitura sancionou a lei que permitiu repasse de incentivo financeiro para a Casa de Caridade até o valor de R$ 800 mil mensais. Ainda assim, os déficits do Hospital são grandes, com atrasos nos pagamentos de fornecedores, acúmulo de novas despesas com juros bancários, entre outros.

Para o equilíbrio das contas da Casa de Caridade é preciso que haja revisão e adequação da tabela de procedimentos pagos pela União a hospitais filantrópicos que atendem a população pelo sistema Único de Saúde, que não é reajustada desde 2008, com uma defasagem que chega a ser superior a 200%, em relação aos preços do mercado. Esta defasagem tem levado o Hospital a atuar no limite das condições orçamentárias e operacionais. Outro fator importante são os valores abusivos cobrados por laboratórios de insumos elementares como EPIs, soro, oxigênio e materiais médicos e medicamentos que tiveram grandes elevações.

A situação de crise financeira do Hospital Manoel Gonçalves, embora seja um problema administrativo tratado pela diretoria, tem afetado a população que, ciente da gravidade, teme pelo fechamento da instituição. Isso, sem contar que os déficits financeiros impactam negativamente o atendimento médico-hospitalar, atingindo especialmente as pessoas de menor poder aquisitivo.

A luz no fim do túnel

Ainda no ano passado, a luz no fim do túnel para o Hospital de Itaúna parecia real com a proposta de que a instituição pudesse ser administrada por uma empresa especializada em gestão hospitalar. Algumas foram acionadas pela Prefeitura e o conselho administrativo da Casa de Caridade e tudo se encaminhava para que a Fundação São Francisco Xavier, ligada à empresa Usiminas e especialista nesse ramo, com administração de outras instituições de saúde, aceitaria a incumbência de tirar o Hospital de Itaúna do vermelho. Entretanto, passados alguns meses sem que houvesse informações concretas do negócio, tivemos notícia de que “a parceria Fundação São Francisco Xavier e Casa de Caridade Manoel Gonçalves de Souza Moreira não foi para frente. E a situação financeira do hospital continua crítica”, palavras do gerente administrativo da instituição, Belmiro Filho.

Questões técnicas atrasaram a negociação

Em entrevista ao Jornal S’PASSO, o secretário municipal de Saúde, Fernando Meira de Faria salientou que não está descartada a negociação com a empresa ligada à Usiminas e que a demora da decisão decorre de mudanças que estão acontecendo na direção da mesma. “Não podemos dizer que as negociações foram frustradas. O fato é que houve uma mudança nas diretorias, tanto na Fundação São Francisco, como na Usiminas, também novos conselheiros tomaram posse recentemente. Então, existe uma dificuldade neste momento de transição que impede que haja a concretização desse compromisso. A Fundação está terminando agora o contrato de gestão com um hospital em Cubatão e, além, disso, tem o compromisso de terminar a construção do hospital Libertas, em Belo Horizonte, na Pampulha, com investimento muito alto. As conversas estavam realmente paralisadas, mas a expectativa é que sejam retomadas agora, em abril. Podemos afirmar que não existe o encerramento de conversa, longe disso, o interesse do grupo continua e foi feito mesmo antes de nós iniciarmos qualquer proposta. A Fundação São Francisco Xavier já vinha sondando o Hospital Manoel Gonçalves há algum tempo e se as conversas não conseguiram evoluir foi por alguma dificuldade técnica momentânea”, considerou.