Documentário registra os 26 anos “de existência e persistência” do Projeto Usina dos Sonhos

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Em 1998, um sonho começou a se concretizar no coração de Maria Isabel da Silva, a Professora Bel Abreu, com o nascimento do Projeto Usina dos Sonhos, uma iniciativa social que ao longo de 26 anos transformou a vida de milhares de pessoas, e tem deixado um legado de esperança, solidariedade e transformação, através da cultura.

Segundo Bel, a Associação Cultural e Assistencial do Projeto Usina de Sonhos surgiu a partir da necessidade de fomentar a arte e cultura na cidade, retomar a forte tradição cultural da região e contribuir para a melhoria da qualidade de vida do município. 

“A ideia era simples: promover e ensinar a arte, disseminando a cultura para crianças e adolescentes, excluídos dos bens culturais e oferecer apoio àqueles que mais precisavam, por meio de ações educacionais, culturais e de apoio à infância e juventude”.  

Bel de Abreu conta que tudo começou quando ela lecionava na Escola Estadual Dona Judith Gonçalves. O trabalho iniciou modesto, ali mesmo, dentro da escola, mas causou um grande impacto, incentivando a arte e levando oficinas para os alunos. O projeto foi possível com o aval da diretora da época, Jerusa Soares Gomide, uma pessoa sensível e que já visualizava a importância das artes nas escolas públicas.  

Bel explica que a primeira sede do projeto foi no Grêmio Santanense, iniciando com apenas quatro oficinas: desenho, dança, teatro e capoeira. Com o tempo, os trabalhos se expandiram e hoje são de 10 a 15 oficinas diferentes. 

Além das oficinas, o projeto Usina dos Sonhos oferece outras atividades, como a Biblioteca Comunitária, realização de eventos de dança, música, teatro e artes visuais. “Nosso objetivo é trabalhar na reintegração de crianças e adolescentes, usando a cultura como instrumento de desenvolvimento. “Isso permite de forma crítica e satisfatória a inserção e participação dos jovens na sociedade. É um trabalho que tem como parâmetro qualidade, compromisso educacional artístico, mas que atinge ao mesmo tempo, objetivos sociais”, pontua. 

Muitos anos de dedicação

Não tem sido fácil manter um projeto ativo e sempre pulsante durante esse tempo. Bel explica que isso foi possível inicialmente com o trabalho voluntário de vários professores e que, para manter as despesas básicas, como por exemplo material de consumo das oficinas e o vale transporte para professores, eram realizados bailes e barraquinhas beneficentes.  

Em 2005, o Projeto recebeu o título de “Ponto de Cultura”, um incentivo através do “Programa Cultura Viva” do Governo Federal e, em 2007, a Usina dos Sonhos recebeu o primeiro recurso considerável, que permitiu o crescimento da Associação e a mudança para uma sede maior. Hoje, o Projeto sobrevive trabalhando com leis de incentivo a nível Federal e Estadual e são captados recursos junto a empresas, através da renúncia fiscal de impostos, editais dos fundos Nacional e Estadual de Cultura e editais de empresas aprovadas. 

Parceria de 20 anos com a Fábrica

Desde 2004, a Associação Cultural e Assistencial do Projeto Usina de Sonhos mantém uma parceria com a Fábrica de Tecidos Santanense, que permitiu a ampliação do projeto, disponibilizando várias salas. Segundo Bel, a parceria se mantém firme na confiança e mesmo diante de qualquer situação que a empresa esteja vivendo, o projeto nunca foi importunado.  

“Neste período em que estivemos e estamos ocupando o espaço, a empresa já foi vendida ao Grupo Coteminas e não tivemos nenhum problema. O espaço não nos foi doado, não tememos também que o espaço nos seja pedido de volta caso a empresa precise, pois sempre mantivemos com nossos interlocutores dentro da empresa uma relação de confiança e da nossa parte, muita gratidão por estes 20 anos”. 

Sonho é ampliação 

Bel confirmou ao Jornal S’Passo, que já está passando da hora de ampliar o projeto. Segundo ela, o objetivo é aumentar o número de atividades, de professores e alunos. “Para isto precisamos de um local maior, com espaços adequados para as áreas que trabalhamos, como artes cênicas, artes visuais, artesanato, canto, instrumentos e outras”.  

O sonho, segundo a idealizadora do projeto, é a construção ou aquisição de uma sede própria. “Inclusive já pleiteamos junto ao poder público municipal a doação de um terreno, mas não obtivemos resposta. Com um terreno, poderemos através de captação de recursos através de leis Estaduais e Federais construir a sede”. 

“Gratidão” 

“Gratidão”, é a primeira palavra mencionada por Bel Abreu após ser questionada pela reportagem o que ela sente após esses 26 anos de existência do Projeto Usina dos Sonhos. 

“Não chegamos até aqui sozinhos, cada ajuda, cada apoio foi imprescindível e ajudou a construir tudo o que somos hoje. Sou imensamente grata à equipe administrativa e aos professores atuais e aos que já fizeram parte um dia desse sonho tão real. Também à Fábrica de Tecidos Santanense, ao Grupo Bignotto; aos alunos que um dia usufruíram das oficinas, atividades ou espetáculos realizados e às famílias dos alunos que confiaram e confiaram no nosso trabalho”. 

Documentário

Para celebrar os 26 anos de existência do projeto Usina dos Sonhos, foi produzido um documentário com depoimentos da fundadora, de alunos, professores e pessoas envolvidas no trabalho durante esses anos.  

 “Sonhos que fabricam realidades” foi produzido pela 96 Films, tem Direção Geral de Beto Eric, Direção de Fotografia de Júlia Bretas e Edição de Matheus Tarabal. O filme foi produzido através da Lei Paulo Gustavo e tem apoio do Governo Federal, Ministério da Cultura e da Prefeitura de Itaúna.