O novo presidente do Partido dos Trabalhadores – PT de Itaúna é o conhecido Geraldino de Souza Filho, o Mirinho. Ele foi eleito numa disputa com a atual presidente, professora Sônia Maria Fonseca. Mirinho foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos municipal de 1997 a 2000 e foi vereador, de 2001 a 2004. Ele continua atuante na luta política de esquerda, por uma sociedade socialista, e tem sido presença constante nos movimentos sociais do município. Mirinho conversou com a reportagem do Jornal S’PASSO.
Jornal S’PASSO – Como aglutinar forças e fazer novamente o PT crescer em Itaúna? Na sua avaliação há um esvaziamento da esquerda em todo o país, a despeito do governo Lula e da ascensão de outras lideranças nacionais?
Mirinho – O PT já é grande em Itaúna e está consolidado. Além de filiados tem muitos simpatizantes. Ocorre que a forma de participação e manifestação mudou com o avanço das redes sociais e nós, dirigentes do PT de Itaúna, não conseguimos acompanhar. Este é um grande desafio, mas estamos avançando e vamos conseguir fazer com que a grandeza do PT de Itaúna seja novamente notada. Não há esvaziamento das esquerdas. Nós e todas as pessoas que assumem que são “de esquerda”, temos um sentimento que nos levam nessa direção: o amor e o respeito ao próximo.
Nas nossas ações políticas e condutas diárias, estamos sempre preocupados com a coletividade e é esse sentimento que nos move e que nos leva à luta por uma sociedade fraterna. Nós aprendemos a “fazer política” com o coração e com relacionamento humano sempre sentindo o outro. Ocorre que os interesses pessoais e de grupos predominam nas ações das pessoas que influenciam na movimentação da engrenagem social e parte dessas lideranças que surgiram no último período, surgiram surfando na onda de um discurso de ódio, negacionista, individualista, rascista, homofóbico e fundamentalista disfarçado de humanista. Importante ressaltar que por trás desses discursos há uma ideologia de dominação intelectual, política e financeira motivada pela elite que se apropriou de todos os meios de produção.
Do outro lado, surgiram várias lideranças de esquerda, de centro esquerda e agnósticas que levantam bandeiras realmente humanistas, inclusive muitas mulheres que lutam incansavelmente contra esse discurso de ódio e negacionista, levantam diversa bandeiras em prol do ser humano em sua plenitude. É nesse contexto que vemos o presidente Lula se empenhando e, até, fazendo malabarismo para implementar os projetos sociais importantes para o povo brasileiro.
Penso que as esquerdas estão cumprindo o seu papel, porém as dificuldades hoje são maiores por causa das mudanças ocorridas nos últimos anos que enfraqueceram as organizações de resistência da classe trabalhadora.
Jornal S’PASSO – O PT tem condições de articular uma boa chapa para vereador e entrar na disputa pela Prefeitura em 2024? Como vocês pretendem trabalhar para isso?
Mirinho – O PT está em uma Federação de partidos junto com o PV e PCdoB e juntos vamos formar uma boa chapa de candidatos a vereador. Quanto à disputa pela prefeitura, não esgotamos ainda esse debate para tomarmos uma decisão. Dizem que no Brasil política é igual nuvem que a cada momento que você a olha, ela está diferente, mas já estamos aprofundando o debate entre nós.
Jornal S’PASSO – O transporte coletivo tem sido uma bandeira importante da esquerda local. O PT vai continuar lutando pela implantação da “tarifa zero”? De que maneira este projeto pode viabilizado numa cidade como Itaúna?
Mirinho – Com certeza! Tenho a convicção de que essa modalidade de custeio do transporte coletivo municipal não se sustenta mais. A cada dia diminui a quantidade de pessoas que utilizam o transporte coletivo por vários motivos: a população está envelhecendo, muitos usuários vão comprar um carro, ou uma moto ou bicicleta ou um ciclomotor elétrico. Temos ainda o fato de que, a cada dia aparecem mais ofertas de transporte através dos aplicativos, inclusive há várias pessoas usando transporte clandestinos (carros e motos). Outro fato a considerar: o comércio de Itaúna, antes concentrado no “miolo” da cidade, está sendo descentralizado o que faz com que a necessidade das pessoas de irem ao centro da cidade diminui.
Se os custos do sistema de transporte coletivo sobem e o número de pagantes cai, o que acontece? Se diminui a cada dia o número de usuários que pagam transporte coletivo e o valor da “passagem” sendo aferido pelo custo de todo o sistema funcionando (combustível, salário dos funcionários, peças de reposição, depreciação, remuneração dos diretores da empresa e manutenção em geral e etc.) dividido pelo número médio de passageiros, a tendência é o preço da “passagem” sempre aumentar. Isso, sem considerar que, além da remuneração dos diretores já incluída no valor da passagem, a empresa visa lucros. Conclusão: sem subsídio o valor da “passagem” só tende a aumentar.
No momento, vários pequenos, médios e microempresários pagam vale transporte para seus funcionários e são também atingidos com o aumento das “passagens”. Se esses valores gastos com vales transportes forem conduzidos para um fundo municipal de transporte coletivo e com outras formas de angariar recursos para esse fundo, pensando sempre em tratar os desiguais desigualmente para fazer justiça social, poderemos ter tarifa zero.
Temos que enfrentar o debate e pensar grande com vontade política. Ou então o comércio no centro da cidade vai receber menos consumidores. Então, que seja todo o serviço de transporte municipalizado e subsidiado por quem paga vale transporte para seus funcionários, por quem tem altíssimo poder econômico e não paga imposto condizente com o que ganha e com o patrimônio que tem. Penso que o município não pode tirar recursos da saúde, educação, moradia e etc. para subsidiar o transporte coletivo.
Jornal S’PASSO – O PT pretende chamar para participar de debates municipais a deputada Lohanna, do PV, que é ligada a Itaúna?
Mirinho – Ela já está participando através de seu gabinete aqui em Itaúna.
Jornal S’PASSO – E a vereadora Edênia Alcântara, que está num partido que é hoje dominado pela direita local, seria um bom quadro para juntar-se ao PT?
Mirinho – Sim. A tendência natural é que ela não fique no partido atual (o PDT).