FEITO EM ITAÚNA: Cerâmica itaunense rompe as fronteiras de Minas e conquista clientes que buscam arte e beleza

No atelier ‘Feito à Mão’, a artista Rebecca Corradi produz pratos, bandejas, canecas e xícaras, além de outras peças exclusivas

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A produção em cerâmica, que utiliza a argila como matéria-prima, é uma das atividades mais antigas do mundo e, de acordo com estudos arqueológicos, nasceu com os homens pré-históricos. Eles modelavam a argila de forma rudimentar para fabricarem peças de que necessitavam, como recipientes para se alimentarem, potes para armazenar água e comida, entre outros.

Há indícios de que após a descoberta do fogo, o homem das cavernas verificou “por acaso” que ao usar a água para apagar as chamas, esta continha pedaços de argila que endureciam como pedra junto às labaredas. A partir de então, teria começado a usar aquele barro para fabricar utensílios. Modelava-os, colocava para secar e os cozinhava nas brasas.

Mais tarde os gregos aperfeiçoaram os objetos de argila e produziam peças artísticas, de cerâmica, por eles conhecida como “kéramos”, que se traduz como “terra queimada”. Eram ânforas, jarros, potes, vasos, além de esculturas e monumentos. A antiguidade descobriu a cerâmica e deu ao mundo a beleza de sua arte. No Brasil, os índios da Ilha de Marajó, no Pará, revolucionaram o uso da argila e fizeram inúmeras peças de cerâmica artística, sofisticadas e muito detalhadas, que influenciaram outros povos a partir de então. 

Arte feita à mão. É assim que trabalham os artesãos da argila, da pedra, da madeira, do bronze, do ouro etc. É assim que Itaúna produz as peças maravilhosas de cerâmica de Rebecca Corradi, da sua empresa denominada “Feito à Mão”. A produção artística é responsável pela fabricação de objetos coloridos, exclusivos, como pratos, talheres, canecas, xícaras, pires, bandejas, copos etc.

Ela conta que o sonho de ter um lugar onde pudesse mostrar sua produção em cerâmica é bastante antigo. Após duas mudanças de atelier, decidiu construir o espaço de trabalho numa chácara na zona rural, em Itaúna, em sua cidade natal. Antes, Rebecca Corradi, trabalhava em Belo Horizonte, onde viveu dos 18 aos 48 anos.

No Córrego do Soldado, junto à natureza e com espaço suficiente para várias experimentações, está instalada a empresa ‘Feito à Mão’. A artista conta que começou a ter maior demanda e necessitou contratar auxiliares, da própria região. Hoje, sua filha Isadora Corradi é assistente e aprendiz. A fábrica funciona na zona rural, e no bairro Cerqueira Lima, está instalada a loja, à rua Hermínio Corradi. 

“As pessoas começaram a me visitar e encomendar peças. Então, para melhor atender os clientes, abri a loja. Ela é uma extensão do meu atelier, onde mostro uma grande variedade de peças, com vários tipos de técnicas, algumas até mesmo milenares. Mantive minha produção para lojas e às vezes para galerias de arte em Belo Horizonte, São Paulo e também no sul do Brasil”, conta. Ela admite que no começo bateu uma insegurança de abrir um espaço e mostrar a cara. 

Porém, acreditou que uma técnica milenar sempre estará presente na vida das pessoas. “Temos cerâmica ao redor de nós o tempo todo.  A aceitação foi muito positiva. Arquitetos e buffets foram os primeiros a me visitar. Aos poucos, as pessoas foram conhecendo a loja e entendendo como a cerâmica nasce. As pessoas sabem que a produção sendo toda feita à mão é mais demorada, porém elas sabem que estão comprando de quem faz.

Hoje, já tenho empresas que procuram brindes para um público mais exigente que aprecia esse trabalho”, observa. No ‘Feito à Mão’ você pode adquirir uma peça, que é um presente exclusivo.  O atelier também atende a proprietários de buffets, restaurantes ou cafés, que fazem encomendas de produtos para seu tipo de comércio.

As brincadeiras com argila, a academia e as atividades profissionais

Antes de se envolver de corpo e alma com a arte e a produção de artesanato, Rebecca Corradi conta que trabalhava com argila processada, comprada em lojas do ramo em São Paulo. O alto custo de frete e taxas, além da qualidade nem sempre satisfatória, fez procurar outras alternativas. Encontrou uma empresa no interior de Minas onde começou a comprar os insumos, fazendo suas misturas e fabricando a própria argila. Hoje é considerada parceira de outras empresas na produção de massas cerâmicas, que são vendidas para todo o país.

A descoberta dessa arte surgiu na infância, com o gosto delicado das brincadeiras com barro, argila, em modelar xícaras e pratinhos para tomar chá com as amigas. Atriz do teatro amador e membro de uma família de artistas que percorrem por vários segmentos da arte, Rebecca Corradi fez bacharelado em Artes Plásticas na Escola Guignard, em Belo Horizonte, em 1999. “Quando pus as mãos na argila novamente, tive a certeza de estar tocando numa velha conhecida. Fui me envolvendo com todo o processo, construindo fornos a gás, a lenha, rústicos e conclui meu bacharelado em 2001, com especialização em Cerâmica”, pontua. 

Do forno para a sua casa e a sua empresa

Na fábrica todas as peças passam pelas mãos de Rebecca, diversas vezes. O processo de fabricação dos objetos é o seguinte: a argila úmida é trabalhada e tem que secar naturalmente. Daí, realiza-se a primeira queima, a mil graus célsius, para que a argila se torne cerâmica. Após esta queima, vem a escolha das cores, que é toda feita pela artista e também confere identidade ao trabalho. A segunda queima é realizada com uma temperatura próxima a 1.300 graus, com a vitrificação da cerâmica. 

“Sou muito grata a todos que me prestigiam. Fazer cerâmica é uma escolha de vida, de muitas etapas. Às vezes ocorrem perdas, mas para mim, o grande aprendizado da cerâmica é o recomeço. Recomeçar e seguir, cada vez mais. Quando alguém posta um café numa xícara, um cappuccino numa caneca, um prato com uma comida bem feita, é uma realização, uma alegria que me completa e me faz seguir”, finaliza.

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