Alzheimer, lúpus e fibromialgia: Embora sejam doenças distintas, todas são crônicas e incuráveis. Em 2014, foi lançada a campanha Fevereiro Roxo, que destina suas ações ao objetivo de informar a população sobre as três enfermidades, abordando desde a importância de identificar as doenças em seus estágios iniciais para aumentar a eficácia do tratamento, até o controle de seus avanços.
De acordo com a reumatologista, docente e coordenadora médica da Clínica Integrada do UniBH, Joana Starling, o conhecimento das pessoas em geral sobre essas doenças, quando existente, ainda não é tão aprofundado: “O lúpus, o Alzheimer e a fibromialgia são doenças crônicas que, principalmente no imaginário popular, são regadas de muito preconceito devido a alguns estigmas. Esses estigmas confundem a afastam as pessoas do conhecimento necessário, seja para conviver com o próprio diagnóstico, ou com alguém que o tenha”, destaca.
Lúpus
O lúpus é uma doença autoimune em que os anticorpos produzidos pelo sistema imunológico passam a atacar os órgãos e tecidos saudáveis do próprio corpo. A condição é capaz de afetar estruturas importantes do organismo, como articulações, rins, pele, pulmões, cérebro e até mesmo o coração.
Embora suas causas ainda sejam desconhecidas, sabe-se que fatores genéticos, alguns medicamentos e até mesmo a exposição ao Sol podem desencadear em algumas pessoas o surgimento dessa doença. Ela é muito mais comum em mulheres em idade fértil do que em homens, uma vez que o estrogênio tem um papel importante na patogênese desse problema. Vale lembrar que se trata de uma doença é crônica, ou seja, não tem cura, mas é possível viver bem com ela se forem feitos os tratamentos adequados.
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Os sintomas variam em grau e em quantidade de órgãos acometidos, pois dependem do estágio em que se encontra a doença, em fase de atividade ou remissão. Em geral, os mais comuns entre os pacientes de lúpus são dores nas articulações, que acometem cerca de 90% dos pacientes e problemas de pele, abrangendo 80% dos casos. O controle, por sua vez, deve ser feito por meio do acompanhamento médico, do uso de medicamentos como os corticosteroides (anti-inflamatórios chamados hormonais), da utilização de proteção solar e da adoção de hábitos saudáveis, como diminuir o estresse e praticar exercícios físicos.
Fibromialgia
É uma doença reumatológica que afeta a musculatura causando dor. Por ser uma síndrome, essa dor está associada a outros sintomas, como fadiga, alterações do sono, distúrbios intestinais, depressão e ansiedade. Acomete 2% da população mundial e é mais frequente em mulheres.
É uma doença que, às vezes, é difícil de diagnosticar. Durante anos, ela foi associada exclusivamente a estresse, ansiedade, como se fosse um sintoma de depressão e ansiedade. Hoje sabemos que a fibromialgia é uma síndrome clínica que tem características próprias e que não adianta você tratar só a depressão e a ansiedade para a dor melhorar. Ela demanda tratamento individualizado e feito por um especialista.
Como muitas das doenças reumatológicas, ela também não tem suas causas e mecanismos totalmente esclarecidos. O que sabemos é que a pessoa diagnosticada possui maior sensibilidade à dor e isso tem relação com o centro de dor no sistema nervoso. Desta maneira, nervos, medula e cérebro fazem com que qualquer estímulo doloroso seja mais intenso.
Sobre os sintomas, há chance de rigidez no corpo e dor, que começam com frequência gradual, difusamente e com qualidade dolorosa. A dor é disseminada e pode piorar com fadiga, esforço muscular ou uso excessivo. A fadiga é comum, assim como os distúrbios cognitivos, como dificuldade de concentração e uma sensação geral de confusão mental. Há chance também de sintomas ligados a síndrome do intestino irritável, cistite intersticial, enxaqueca ou dores de cabeça de origem tensional. Sensação de formigamento ou dormência nas mãos também podem estar presente, geralmente bilateralmente.
O tratamento é dividido em duas estratégias distintas: a medicamentosa e a integrativa. No caso dos remédios utilizados, o foco é melhorar a dor do paciente e ajudá-lo a se sentir melhor. Já as terapias integrativas incluem estratégias que também ajudam a reduzir a dor e o estresse, como a fisioterapia, a terapia ocupacional e até mesmo a psicoterapia, que melhora a relação do paciente consigo e reduz as crises emocionais.
Alzheimer
A doença de Alzheimer (DA) é um transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais. A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles.
Como consequência dessa toxicidade, ocorre perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.
O primeiro sintoma, e o mais característico, do Mal de Alzheimer é a perda de memória recente. Com a progressão da doença, vão aparecendo sintomas mais graves como, a perda de memória remota (ou seja, dos fatos mais antigos), bem como irritabilidade, falhas na linguagem, prejuízo na capacidade de se orientar no espaço e no tempo. A Doença de Alzheimer ainda não possui uma forma de prevenção específica, no entanto os médicos acreditam que manter a cabeça ativa e uma boa vida social, regada a bons hábitos e estilos, pode retardar ou até mesmo inibir a manifestação da doença.