Há 100 anos, cientistas descobriram a insulina e revolucionaram o tratamento da diabetes

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Mais que nunca a valorização da ciência está na pauta dos debates, desde que a pandemia da Covid-19 surgiu. E esse ano, a ciência têm mais um motivo para comemorar as conquistas. Há 100 anos, em 1921, cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá, descobriram a produção de insulina para o tratamento da diabetes.

No diabetes mellitus, tipo 1, o pâncreas não produz insulina; no tipo 2, o corpo não absorve a insulina de forma adequada. Os testes com insulina em 1921 foram feitos em cachorros e, em janeiro de 1922, o garoto Leonard Thompson, de 14 anos, foi o primeiro a receber uma injeção de insulina. 

O médico itaunense Ricardo Márcio de Oliveira Lima, endocrinologista, falou ao Jornal S’PASSO sobre a data comemorativa.  Ricardo é filho do ex-prefeito e ex-secretário de Saúde, Célio Soares de Oliveira e atua desde 1979 como endocrinologista e foi servidor da Prefeitura durante muitos anos, tratando exclusivamente pacientes de diabetes. 

“Essa descoberta veio para revolucionar o tratamento da diabetes, uma doença que, quando aparecia em pessoas jovens ou adultas, de maneira súbita, a sobrevida era curta. Era uma condenação àquela pessoa, uma questão de tempo”, conta. Depois da descoberta, em 1921, a insulina ajudou os pacientes a melhorar a qualidade de vida e a prolongar a existência. Temos muito que agradecer a esses dois pesquisadores”, observa o médico itaunense.

Estatísticas apontam que existem em torno de 12% de diabéticos no mundo

O endocrinologista conta que existem vários tipos de diabetes, os mais comuns são o tipo 1 (Mellitus) e tipo 2. O tipo 1 é aquele que aparece em crianças e adolescentes. Esse é decorrente de algum processo autoimune. O próprio organismo ataca a célula do pâncreas, a beta, e a destrói.

Com isso, o pâncreas não consegue produzir insulina. Isso quer dizer que quem tem diabetes tipo 1, necessita tomar insulina. Já o tipo 2, em que são acometidas pessoas adultas, decorre muitas vezes de excesso e qualidade de alimentação, falta de atividade física, a vida sedentária tão comum nas pessoas atualmente.

Tudo isso desencadeia a doença. Ricardo Márcio explica que o diabetes tipo 2 pode ser tratado com comprimidos até um certo período, mas que, posteriormente o paciente pode necessitar do uso de insulina injetável também. 

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes estima que existem no país cerca de 12 milhões de pessoas, portadores da doença. Desses 12 milhões, 90% seriam de diabetes tipo 2 e 10% do tipo 1. “Vale ressaltar que mais ou menos a metade disso aí não sabe que tem diabetes, ou seja não tem nenhum sintoma e por isso não vai ao médico, não faz uma propedêutica, não faz exames. Provavelmente tem a doença e não sabe que tem”, pontua.

Em Itaúna pacientes recebem medicamentos

 Em Itaúna, considerando que o município tenha 100 mil habitantes, os números alcançam 10 ou 12%. Isso quer dizer, 10 ou 12 mil pessoas com diabetes. Dos números apontados, 90% são pacientes do tipo 2 que não necessitam tomar insulina, os demais fazem uso do hormônio.

As estimativas, então, indicam que cerca de 1.000 pessoas estejam tomando insulina em Itaúna. O médico relata que em conversa com um profissional da Farmácia da Prefeitura, soube que os números referentes a pessoas que fazem uso do medicamento, oferecido pelo serviço público, estão bem próximos da realidade. Além disso, existem aqueles que compram a insulina nas farmácias particulares ou naquelas em convênio com o serviço público.

“Essa ajuda do município é muito importante porque as pessoas têm outros gastos com o tratamento, como exames, glicemia capilar, que é o glicosímetro, de coleta de sangue, feito com aparelhinho no dedo”, considerou. 

“Com a Covid nós vimos a rapidez com que foram feitas as vacinas. Tempos atrás não havia tanta tecnologia, como na época em que foi descoberta a insulina. Foi um processo muito difícil até que eles chegassem à purificação e às insulinas atuais. É uma comparação com o que estamos vivendo atualmente.

Se tivéssemos demorado nas pesquisas com a vacina contra o coronavírus, como outras no passado, teríamos muito mais dificuldades”, argumenta. “Isso é motivo de muita alegria e muita fé no futuro. Quem sabe daqui um tempo possamos dar uma entrevista falando da cura do diabetes. Nada é impossível. Temos que ter esperança”, pontuou.  

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