Saulo Campos, profissional das áreas de engenharia e arquitetura, diretor técnico da Ascomig – Associação de Construtores de Minas Gerais e presidente do núcleo itaunense do Instituto de Arquitetos do Brasil, aponta que o grande boom da construção civil se deu nos governos Lula e Dilma Roussef, principalmente por causa do programa de habitação popular “Minha Casa, Minha Vida”. Nesse tempo até mesmo novos profissionais da construção civil surgiram e se estabeleceram no mercado. Depois disso, analisa, os financiamentos para atender programas de habitação para os mais pobres deixaram de existir fazendo com que caísse o setor de construção civil. Hoje o setor sobrevive com edificações destinadas às pessoas de maior poder aquisitivo. “Então, no segundo governo Lula e no primeiro de Dilma houve um crescimento do setor.
Em Itaúna houve uma dinâmica dessa área porque, de uma forma muito democrática desses programas, as pessoas podiam construir sua casa diretamente, através da carta de crédito, da construção com aquisição de terreno, não precisavam adquirir a casa da construtora. Vieram outras situações que não cabe aqui analisar e, agora, com o governo Bolsonaro, o programa mudou de nome, para “Casa Verde e Amarela”. Até o momento, próximo das eleições as pessoas mais pobres continuam sendo prejudicadas”, esclarece.
A construção civil em Itaúna caiu. Andou para trás, na avaliação de Saulo Campos. O Plano Diretor da época do ex-prefeito Eugênio Pinto (2005-2008 e 2009-2012) inviabilizou o setor e várias construtoras migraram para outros municípios, como Pará de Minas, Divinópolis e Nova Serrana. O recente Plano Diretor, aprovado pela Câmara, não está em consonância com as leis 21/97 e 21/98, respectivamente, do Uso e Ocupação do Solo e do Código de Obras.
“São várias interpretações e divergências nessa nova legislação trazendo insegurança para o setor. Apenas os construtores que trabalham para os ricos estão no mercado, atuando; para as construções menores, de pessoas assalariadas, não está um bom momento. Itaúna andou para trás, piorou demais. Além de tudo isso, os insumos para construção civil estão muito mais caros dificultando o crescimento”, apontou.
Saulo Campos afirmou que muitos profissionais estão trabalhando em outras áreas porque não estão “pegando serviços de construção civil”.