A itaunense Luísa Nogueira, farmacêutica clínica, participou em Malakal, cidade localizada no Sudão do Sul e capital do estado do Alto Nilo, do programa “Médico Sem Fronteiras”. Neste município de menos de 200 mil habitantes, a itaunense vivenciou um grande projeto de saúde. Segundo ela, havia dois hospitais em lugares diferentes e uma equipe comprometida com as muitas necessidades da população, desde serviços de emergência, saúde mental, além de internação pediátrica, neonatal e adulta. Ela atuou ainda com pacientes com diagnóstico de infecção por HIV/TB e desnutrição.
“Diante disso dá para ter uma noção do grande desafio em manter o tratamento para todas essas especificidades, principalmente os medicamentos para o tratamento da infecção da HIV e das hepatites. O fato de administrarmos dois hospitais em localizações geográficas distintas, também foi um desafio, e não só para a farmácia. Ambos os hospitais têm perfis muito diferentes e foi necessário criar estratégias inovadoras e distintas para cada um deles. É claro que enfrentamos aqueles desafios inesperados, mas a boa notícia é que a equipe era ótima, sempre unida no trabalho e na superação das dificuldades”, afirma.
Grandes desafios em sua primeira missão do MSF
Como farmacêutica, Luísa participou de toda a gestão, seleção e do pedido de medicamentos e, a tarefa mais árdua foi realizar uma programação adequada para a equipe em dois meses, levando-se em conta as doenças sazonais como a malária.
“Minha ida para o Sudão do Sul não foi uma escolha minha, o projeto ‘Médicos Sem Fronteiras’ envia a proposta de acordo com a necessidade de profissionais naquela missão. Eu recebi a proposta de ir para Malakal uma vez que o farmacêutico que atuava lá já estava finalizando as atividades e a cidade tem uma missão que acopla serviços de urgência e emergência e pediatria, áreas em que fiz minha residência multiprofissional no Hospital Infantil Joao Paulo II. Além disso, essa foi minha primeira missão pelo MSF, então eles enviam missões com um contexto de segurança mais estável”, pontua.
A experiência na África moldou sua atuação profissional e pessoal
Luísa Nogueira atualmente está no Brasil finalizando o mestrado em Medicamentos e Assistência Farmacêutica pela Faculdade de Farmácia da UFMG. Também está se preparando para a próxima missão, que será no Iêmen, que deve acontecer em fevereiro.
“A experiência no Sudão do Sul foi incrível em termos de crescimento pessoal e profissional. Hoje acredito que consigo trabalhar com muito menos recursos e com mais eficiência. Além do trabalho, essa experiência nos faz trabalhar nossa resiliência. Tanto que já estou me preparando para a próxima”, ressalta.
Atuação em várias instituições
Luísa Nogueira, 31, é farmacêutica formada pela Universidade Federal de São João Del Rei, em 2017. Fez residência em Urgência e Emergência pediátrica na FHEMIG entre 2017 e 2019, no Hospital Infantil João Paulo II. Logo depois, assumiu a coordenação da farmácia clínica no Complexo Hospitalar São Francisco, em Belo Horizonte, onde também atuou no CTI Covid. A itaunense está cursando mestrado em Medicamentos e Assistência Farmacêutica na UFMG, com término para este primeiro semestre.