Itaunense protocola no Senado Federal proposição para acabar com a obrigatoriedade do alistamento militar

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Tiro de Guerra de Itaúna está funcionando normalmente na pandemia, com medidas de segurança e controle de saúde dos atiradores

O jornalista Sílvio Bernardes, atuante escrevinhador de histórias de Itaúna, nos conta que outro dia se pegou olhando os moços do Tiro de Guerra em animada instrução no pátio da sede do TG 04-009, ali no Bairro das Graças. Enquanto olhava aquelas cenas, lembrou-se que ele mesmo ali estivera, noutros tempos, servindo o exército brasileiro no seu Tiro de Guerra ou melhor, ‘tirdeguerra’, como eles falavam. Só então se deu conta de que essas suas reminiscências estavam completando 40 anos. Bernardes fora um dos atiradores do TG há quatro décadas, no primeiro semestre de 1981, sob o número 132. Eram esses moços chamados de periquitos, de soldadinhos de chumbo e, até, de ‘mucureba’ (gente preguiçosa, segundo o dialeto cearense). Perguntamos se foi bom e produtivo o ‘tirdeguerra’, ele responde que, em termos, sim. “Eu era quarenta anos mais jovem”, brinca. Completou dizendo que não viu grandes conquistas decorrentes desse tempo de ‘atirador’ do TG, mas valeu pelas novas amizades e a consolidação de outras, da época do grupo escolar. E que, apesar do medo da momentânea ‘carreira militar’ e dos instrutores enfezados, da insegurança e inquietações da juventude, a experiência foi boa.

O Tiro de Guerra 04-009 em Itaúna está funcionando plenamente, apesar da pandemia da Covid-19. Ao Jornal S’PASSO o chefe de instrução subtenente Ricardo Lúcero informou que as atividades estão sendo realizadas diariamente com todas as medidas de segurança, tanto para os atiradores, quanto para os instrutores e funcionários da sede do TG. Não acontece nenhum evento em ambiente fechado do quartel, como em salas e no auditório, somente no pátio, ao ar livre, com distanciamento entre os soldados – em número de 100. E que todos os dias é realizado anamnese com os rapazes a fim de verificar qualquer alteração de sintomas que possam denunciar contaminação do coronavírus (dor no corpo, perda de olfato, febre etc.). O militar contou que nesse tempo houve duas testagens positivas de Covid-19 entre os atiradores, contaminados no local de trabalho deles.

Os prós e os contras

Os jovens são naturalmente divididos, em todo o tempo da História, entre os que apoiam o serviço militar obrigatório, e até gostam, e os que contestam essa “perda de tempo” e a imposição injusta do alistamento. Ao associar o serviço militar obrigatório ao Exército Brasileiro, alvo de inúmeras críticas e denúncias por causa da atuação do governo federal, as pessoas tendem a se colocar nos dois extremos: ou se é a favor, ou se é contra. O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) destinou ao Exército Brasileiro e todas as Forças Armadas, um protagonismo inusitado, causando grande desconforto às instituições democráticas do país.

Em Itaúna um rapaz foi mais longe nessa ideia de contrariar o serviço militar imposto. Bernardo Rangel Alves Correa mobilizou diversas pessoas que como ele pensam, no Brasil inteiro, e protocolou no Senado Federal, na Comissão de Direitos Humanos, através do portal e-Cidadania, uma proposta para extinguir a obrigatoriedade do alistamento e do serviço militar. A proposição, denominada Ideia Legislativa, visa alterar o artigo 143 da Constituição Federal e tornar o alistamento ao serviço militar opcional. Protocolada no parlamento em Brasília no dia 20 de janeiro de 2021, a ideia já alcançou quase 35 mil assinaturas e será analisada pela Comissão de Direitos Humanos do Senado.

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