Itaunenses começam o ano pagando mais por produtos e serviços

Inflação come o salário das pessoas diariamente, penalizando os mais pobres e impactando o comércio como um todo

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Os brasileiros começaram 2022 com tudo novo, a começar pelos preços dos principais produtos básicos, como alimentos e remédios, além de serviços essenciais: energia elétrica, água, telefone, gás etc. Os agravantes econômicos de quase dois anos de pandemia da Covid-19 se juntam às dívidas comuns da maioria dos brasileiros e o aumento das taxas de juros para trazerem todo dia as incertezas diante do orçamento familiar. E como sempre são penalizados quem tem menor poder aquisitivo.  A inflação de 10,06% em 12 meses corroeu o poder de compra e para contê-la, o Banco Central aumentou de 2% a 9,25% a taxa básica de juros, a Selic, entre março e dezembro de 2021, arrastando as outras taxas do mercado.

Ouvido pelo Jornal S’PASSO, o presidente do Sindicato do Comércio, Sindicomércio Itaúna, Alexandre Maromba, afirmou que no caso de Itaúna não há um estudo específico ou dados disponíveis no IBGE que tragam informações sobre a inflação na região. No entanto, os impactos gerados pela inflação seguem pulverizados em todo território nacional, fruto de um choque de oferta de produtos decorrente da pandemia, o que permite fazer uma análise da situação local.  Alexandre Maromba traz dados divulgados pela  economista Gabriela Martins, da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais, Fecomércio-MG, e explica que no Brasil a variação acumulada da inflação em 12 meses atingiu o patamar de 10,06%, muito acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional. O grupo de transportes acumulou uma alta de 21,03%, seguido por habitação (13,05%), artigos de residência (12,07%), vestuário (10,31%) e alimentação (7,94%).

“É importante destacar que os grupos de transporte, habitação e alimentação chegam a comprometer, em conjunto, cerca de 70% do orçamento familiar e por isso, a pressão sobre o nível de preços desses segmentos representa um ‘peso’ maior para as famílias, principalmente as com menor renda”, explica.

No entendimento de Alexandre, os maiores pesos inflacionários correspondem justamente aos setores essenciais e é certo que a inflação está pesando no bolso das famílias principalmente para a aquisição de bens essenciais como gás de cozinha, combustíveis, na carne, frutas e legumes, derivados do leite, entre outros. Ele afirma ainda que esses são bens considerados de primeira necessidade e, por isso, mesmo em momentos de crise, o consumidor não tem a alternativa para renunciar ao consumo.

“Nesse sentido, a escalada nos preços afeta o orçamento familiar, comprometendo-o ainda mais, restando uma parcela cada vez menor para o consumo não essencial. As famílias, frente ao achatamento da renda ocasionado pelo aumento dos preços, passam a priorizar o que irão consumir, dando preferência para itens básicos e de subsistência em detrimento de outros produtos, considerados supérfluos. Esse comportamento afeta, ainda que de forma indireta, todo o comércio, que enfrenta uma redução nas vendas e, consequentemente, nas receitas. E o processo inflacionário também exerce um impacto direto nas empresas, principalmente com aumento do preço dos insumos para o processo produtivo e à matriz de custos dos negócios”, esclareceu.

Os alimentos não são os únicos vilões

Para o dirigente do Sindicomércio Itaúna, os empresários do comércio varejista da cidadwe, apesar da inflação, sempre lutam para terem preços justos e competitivos, fazendo promoções e ofertas que destacam o município como um excelente centro de compras na região.  “Somos reconhecidos pelo bom atendimento e excelentes ofertas”, considerou.  

Alexandre Maromba destaca que os alimentos contribuíram para a alta inflacionária e possuem um impacto mais relevante, principalmente porque são essenciais. Porém, pondera que esse segmento não é o único componente responsável pelo indicador geral. “Como destacamos, o setor de transportes, além de apresentar um peso expressivo no orçamento familiar, computou, em 2021, um aumento de 21,03%. E o segmento de habitação, sob influência do encarecimento da energia elétrica, apresentou um aumento de 13,05%. Resta lembrar que o IPCA é a inflação oficial brasileira, representando os diversos aumentos ocorridos em todos os segmentos. Porém, existem outros indicadores de inflação, cujos dados nos mostram que o peso do aumento do nível de preços pode ser sentido em toda a cadeia produtiva: o Índice de Preços ao Produtor apresenta um crescimento de quase 30%, ao passo que o IGPM da Fundação Getúlio Vargas, indicador adotado para reajustes de aluguéis, subiu próximo a 17%. Portanto, percebemos que o comportamento do aumento dos preços está acontecendo de forma disseminada, impactando todas as famílias e empresas”, pontuou.

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