Janeiro Branco destaca importância da saúde mental

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Ação é da iniciativa privada e por isto o município não vai aderir; porém, Itaúna realiza  promoção do bem-estar psíquico durante todo o ano, através da rede pública

Idealizado pelo psicólogo Leonardo Abrahão há exatos cinco anos, o “Janeiro Branco” convida as pessoas a refletirem sobre suas vidas, a qualidade dos relacionamentos que mantém e incentiva o debate sobre o tema. O mês coloca em foco a saúde mental e a escolha do período é estratégica, pois o começo do ano comumente é vivido com ansiedade pelo desejo de cumprir as metas estabelecidas para os meses subsequentes. Sem contar que a maioria das pessoas não supera o fim do ano anterior, deixando que as frustações por não ter conseguido alcançar as metas estipuladas, tenham lugar de destaque no seu dia a dia.

A campanha faz um alerta para que todos comecem um novo ciclo de vida, de maneira sadia, tanto emocional quanto espiritualmente e que, para proceder a restauração mental procurem acompanhamento psicológico ou, em casos mais leves, compartilhem seus sentimentos com outras pessoas, amigos ou nos ambientes de trabalho.

Itaúna não vai aderir

Em entrevista ao Jornal S’PASSO, a coordenadora da saúde mental em Itaúna, Cristiane Nogueira, destaca que não é possível aderir à campanha, já que a mesma é uma iniciativa privada. “A nossa rede de saúde mental nunca aderiu à campanha do Janeiro Branco, pois essa não é uma campanha do Ministério da Saúde, assim como outras campanhas de prevenção e conscientização, a exemplo do Outubro Rosa e o Novembro Azul. As pessoas acham que se trata de uma data do calendário da OMS ou do Ministério da Saúde, mas não é”, enfatiza a coordenadora.

Ainda de acordo com Cristiane, há três datas no ano voltadas para o tema, que é o mês de maio, quando se discute a reforma psiquiátrica e a luta antimanicomial; o dia 10 de outubro, quando se comemora o “Dia Mundial da Saúde Mental” e o “Setembro Amarelo”, que enfatiza a prevenção e conscientização contra o suicídio.

“Mas pensando na tônica do Janeiro Branco, que é discutir a promoção da saúde mental, nós consideramos a necessidade de construir ações preventivas e permanentes durante todo o ano. E considerar que as condições de saúde e de doença, inclusive de saúde mental, não são somente individuais ou intrapsíquicas. O que faz com que as pessoas tenham sofrimento mental, precisa ser analisado de uma forma contextualizada, pensando nas condições de moradia, emprego, relacionamento saudáveis, preconceito, violência e sobre as próprias condições ambientais, pois tudo isso interfere nas condições da saúde mental”, explica.

A coordenadora ainda lamenta que a data seja usada como propaganda privada e sirva para angariar clientes em clínicas particulares. “O Janeiro Branco tem sido utilizado de forma muito equivocada, lamentavelmente, por profissionais que vêm nesta data ou nesta campanha uma possibilidade de autopromoção, visando trazer clientes, enchendo seus consultórios e fazendo até promoções. Isso vai na contramão do atendimento que a gente constrói com política pública, cuja premissa básica é atender a todos”, finalizou.

Atendimentos durante o ano

O atendimento em saúde mental tem proposta de ser multidisciplinar e ofertar vários tipos de atividades, não se restringindo somente às consultas individuais. Atualmente, Itaúna oferece quatro serviços: o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II), que é para pessoas com transtornos mentais graves, mantém cinco mil prontuários ativos, sendo realizados 2.500 procedimentos por mês. Outro serviço é o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), com atendimentos a pessoas com abuso de álcool e outras drogas. No CAPS AD, há 2.500 prontuários ativos e são realizados 3.700 procedimentos, mensalmente. O ambulatório de saúde mental, localizado na policlínica Dr. Ovídio, realiza, em média, 500 consultas com psicólogos e psiquiatras por mês.

Dentre os 54 municípios da região, somente Itaúna, oferece o quarto serviço, que é o Centro de Convivência de Saúde Mental com a manutenção de cerca de 100 oficinas, além de ações contínuas de atividades físicas, musicais e atividades coletivas que promovem a convivência, além de passeios para alavancar a interação e convívio social durante todo ano.

Dados preocupantes

Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo o mundo, um transtorno mental frequente que afeta todas as faixas etárias, de qualquer raça, etnia ou classe social. A doença é a principal causa de incapacidade, além de ser pauta de destaque quando se fala em saúde da mente.

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