Maioria favorável não garantiu alteração na Lei Orgânica para reajuste dos servidores

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Vereadores votaram num placar de 9 a 5; na rua manifestantes da direita comemoraram derrota do projeto do executivo

O primeiro projeto polêmico encaminhado à Câmara Municipal pelo chefe do executivo, para o qual convocou-se uma sessão extraordinária na tarde de quarta-feira (21), foi a proposta de alteração à Lei Orgânica de Itaúna a fim de se permitir reajustes salariais para agentes políticos e servidores municipais. A mudança da Lei possibilitaria que o prefeito, vice-prefeita, secretários municipais e até vereadores tivessem aumento de salário e que os servidores municipais tivessem reajuste de 5 %. A proposta foi rejeitada mesmo tendo votos nove favoráveis contra cinco contrários (houve duas ausências). Em matérias como essas, de alteração da Lei Orgânica e do Regimento Interno, são necessários dois terços dos votos dos presentes.

 

A cidade acordou na manhã de quarta-feira com uma avalanche de postagens nas redes sociais falando de aumentos de salários para o prefeito, vereadores e secretários municiais. Acusavam o chefe do executivo de, no meio de uma pandemia e de uma crise econômica sem precedentes, articular uma manobra política para elevar os seus salários – do prefeito, por exemplo, que é mais de R$ 25 mil para mais de R$ 30 mil mensais. Se aprovassem a alteração na Lei Orgânica, os parlamentares abririam uma brecha para que houvesse a possibilidade de reajustes dos salários dos políticos e os servidores também ganhariam o reajuste.  As críticas dominaram as páginas do Facebook, Instagram, Twiter, Whatsapp, de pessoas de várias correntes políticas, especialmente os ressentidos da derrota eleitoral de novembro passado. Em meio a essas críticas, os vereadores foram cobrados (e ameaçados) para não pisarem na bola logo na estreia de sua vida política.  À porta da Câmara um grupo de pessoas, maioria absoluta de representantes do movimento “Conservadores Cristãos de Itaúna”, se manifestava para pressionar os vereadores a votar contra.   

 

Os novatos Edênia Alcântara (PDT), Kaio Guimarães (PSC) e Gustavo Barbosa (Patriotas), mais o veterano Antônio Miranda Silva (PSC) anunciaram em plenário que seriam contra os reajustes salariais destinados ao prefeito, secretários e também aos vereadores. Edênia, no entanto, votou favorável à modificação da Lei Orgânica e não adiantou dizer que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Ela chegou a pedir que a proposição de reajuste salarial fosse desmembrada a fim de não penalizar “os que realmente necessitam do aumento”, os trabalhadores assalariados da prefeitura e do SAAE. Os internautas não entenderam a explicação e a acusaram de querer passar uma imagem de comprometida com as causas dos pobres e quando confrontada, compactuar com os poderosos. Os demais edis votaram contra as mexidas na lei. O pequeno grupo de manifestantes aplaudiu ou vaiou (de acordo com seu entendimento) os vereadores que por ali passaram. Um deles, Kaio Guimarães, saiu enrolado numa bandeira do Brasil e ao falar aos seus iguais, por pouco não foi carregado nos braços. Já Edênia Alcântara, uma das nove que votaram em favor da alteração da Lei Orgânica, não conseguiu explicar sua postura. Recebeu vaias e acusações nada animadoras dos conservadores cristãos, entre os quais o candidato derrotado à Prefeitura na última eleição, Emanuel Ribeiro (Solidariedade).

 

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