Mar de Luzes

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Pedro Nilo


há tempo não passava

por aquela curva onde você me

mostrou pela primeira vez

um mar de luzes, mamãe.

Naquele belo Belo Horizonte.

Inocência a minha, achar que tudo

cintila na capital.

Que tudo estala brilho.

Não conhecia o fosco preto

que circundava a rodoviária

e as manhãs ébrias e sujas

dos mendigos que habitavam aquelas ruas escuras

e acordavam pela manhã fuçando o lixo.

Um deles uma vez ficou me olhando,

todo sujo, seu pé sangrando,

pensei que fosse me pedir algo,

mas só balbuciava baixinho

e me encarava.

Vai saber…talvez nem me visse.

Mas, como a primeira vez a gente nunca esquece,

a criança que se encantou com aquele montão de luz

naquela noite de provavelmente sábado

vai sempre brilhar,

como aquele mar,

naquela curva.