Os moradores das imediações da indústria Minas Gusa, nos bairros Santa Mônica e Jadir Marinho, principalmente das ruas João Herculano Pereira e Pedro Calambau, estão reclamando da quantidade de poeira e fuligem provenientes dos depósitos na antiga siderúrgica. O pó entra pelas portas, janelas invadindo as casas, estabelecimentos comerciais, causando incômodo, sujeira e provocando problemas respiratórios nas pessoas. Até mesmo em lugares distantes, como no bairro Centenário, há notícias de moradores incomodados com a poeira da empresa. O tempo seco e agora os ventos próprios da época contribuem para que a poluição seja ainda mais um problema na vida dos moradores. Muitos deles falaram com a reportagem do Jornal S’PASSO, pessoalmente ou por meio de mensagens, embora não quiseram ter seus nomes revelados, temerosos por alguma retaliação e por entenderem que a manutenção da empresa – e dos empregos – é necessária na vida da cidade.
Os reclamantes afirmam que já não sabem mais o que fazer para impedir que a fuligem de carvão invada as casas e comércios. A funcionária de uma loja de roupas nas proximidades afirma que precisa limpar os balcões e vitrines do estabelecimento já que a poeira de carvão se assenta nos móveis com risco inclusive de sujar e manchar roupas claras que ficam em exposição.
Frestas de janelas vedadas com fita adesiva
Uma dona de casa, moradora também das proximidades, relata que não tem mais sossego e que as janelas obrigatoriamente têm que ficar fechadas impedindo a circulação de ar dentro do imóvel, caso contrário, tudo fica preto de fuligem.
Alguns moradores, na tentativa de impedir que as casas fiquem sujas, estão vedando as frestas das janelas com fita adesiva.
Outra reclamação dos moradores é a de que já existem casos de efeitos da poluição com apresentação de quadros de doenças respiratórias e agravamento de alergias, principalmente em crianças e idosos.
Gerência de Meio Ambiente diz que empresa será notificada
A Associação Comunitária do bairro Jadir Marinho respondeu à reportagem, por meio de mensagem de WhatsApp, que ainda não se posicionou acerca dos problemas. Já a Gerência Superior de Proteção ao Meio Ambiente da Prefeitura de Itaúna revelou que estão cientes dos fatos e que a empresa será notificada.
Sem respostas da Minas Gusa
A reportagem buscou uma resposta da empresa Minas Gusa, mas até o fechamento dessa edição não houve retorno. Na página na internet, as informações são de que a empresa foi fundada em 2002 em Itaúna com o nome de Minas Gusa Siderurgia, com foco voltado para o segmento siderúrgico, com fabricação de ferro gusa especial e beneficiamento de matéria-prima. Em 2006 expandiu a atuação e iniciou as atividades de fundição. No decorrer dos anos e enxergando a carência no mercado por outros tipos de matéria-prima a Minas Gusa especializou-se no segmento de combustíveis sólidos, materiais siderúrgicos e metalúrgicos, minérios e co-produtos. Segundo moradores e vizinhos, a empresa se dedica hoje à estocagem de carvão e resíduo de minério e é preciso que os empresários e o poder público busquem uma solução para os problemas da poluição.
Barreira natural na indústria não existe mais
Antes, o local que acondiciona o material industrial na empresa era cercado por grandes árvores de eucalipto, que serviam como barreira e contenção natural dos detritos da indústria. Entretanto, muitas dessas árvores foram retiradas nos últimos anos pois estavam tombando sobre o muro da empresa e os galhos atingindo rede elétrica e até residências.